Javier Milei, defensor das ideias libertárias, conquistou a presidência da Argentina no segundo turno das eleições presidenciais realizadas no domingo, 19 de novembro. Sergio Massa, esquerdista, reconheceu sua derrota e prontamente entrou em contato com o novo presidente eleito.
Com 94,09% das urnas apuradas, Milei obteve 55,80% dos votos, enquanto Sergio Massa ficou com 44,19%.
A plataforma radical de Milei destaca-se por sua ênfase na dolarização da economia argentina, propondo a abolição do peso e do Banco Central, além de cortes significativos nos gastos do Estado, historicamente inflados, mesmo em comparação com o Brasil.
Sua incursão na arena política começou liderando as primárias em agosto, pré-primeiro turno, onde conquistou cerca de 30% dos votos, equivalente a 7 milhões de votos. Essa performance estável se manteve no primeiro turno, em 22 de outubro, com um acréscimo de apenas 800.000 votos desde as primárias.
No segundo turno, Milei ajustou seu discurso para atrair votos do eleitorado mais moderado, mesmo entre seus apoiadores originais, dos quais apenas 60% respaldavam a proposta de dolarização, um número relativamente baixo.
Uma mudança crucial na campanha libertária foi a aliança com o ex-presidente Mauricio Macri e a terceira colocada do primeiro turno, Patricia Bullrich. Essa aliança, formada discretamente em menos de três dias após o primeiro turno, levou Milei a moderar seu discurso, negando intenções de privatizar os sistemas de educação e saúde, assim como cortar subsídios, o que contrasta com a fase inicial de sua campanha.
Vale destacar o uso frequente da palavra “esperança” no desfecho da campanha, contrastando com a abordagem de Sergio Massa, que promoveu uma campanha baseada no medo.
Milei enfatizou a esperança em seu discurso de encerramento de campanha na Grande Buenos Aires, em Ezeiza, no dia 15 de novembro, e também em conversas com jornalistas ao votar no domingo. Mauricio Macri também adotou o termo em uma de suas últimas entrevistas antes do segundo turno.
Apesar de ter ficado atrás de Massa no primeiro turno, analistas de opinião pública não acreditam que Milei tenha revertido completamente a disputa. Para eles, o voto de oposição sempre esteve estruturalmente à frente, e a virada teria sido responsabilidade de Massa.
Somando os votos de Milei e Bullrich no primeiro turno, ultrapassava-se a marca dos 50%. O monitoramento interno da Atlas Intel na última semana da eleição indicava um cenário estável, com Milei liderando por uma margem pequena, mas consistente, acima da margem de erro. O crescimento registrado no sábado, 18 de novembro, dentro da margem de erro, sugeriu um fortalecimento relativo de Milei entre os eleitores que decidiram seu voto no último momento.