A Associação Nacional de Juristas Evangélicos (ANAJURE) emitiu uma nota de repúdio contra a aplicação de procedimentos de transição de gênero em crianças e adolescentes, apontando uma série de razões.
Segundo a entidade de juristas cristãos, recentemente foram descobertos riscos sobre os bloqueadores de puberdade que são hormônios que impendem o desenvolvimento do corpo dentro do sexo biológico da criança.
“Há controvérsias acerca dos efeitos da utilização desses medicamentos. Isso acontece porque a supressão de hormônios gera consequências sobre o desenvolvimento dos ossos, do cérebro e de outras partes do corpo”, citam os juristas que se basearam em pesquisas recentes realizadas na Holanda, no Canadá e na Inglaterra que foram analisadas pelo jornal The Times.
A questão do arrependimento de crianças e adolescentes que, na fase adulta desistem de tentar se parecer com o sexo oposto também foi citada na nota dos juristas que analisam também questões legais sobre o que diz a legislação brasileira sobre o desenvolvimento sadio desses públicos.
A ANJURE informou que enviaram a nota técnica para o Ministério da Saúde e também para o Conselho Federal de Medicina. Leia na íntegra aqui.
Arrependimento pós-cirurgia
Eugenia Rodrigues, porta-voz da campanha “No Corpo Certo” – criada para alertar sobre os riscos da chamada transição de gênero –, coleciona relatos preocupantes de pais de jovens transgênero e de pessoas que se arrependeram de fazer a transição. Para ela, a forma como o assunto tem sido tratado é irresponsável. “O modelo atual, denominado genericamente de ‘afirmação de gênero’, gerará muito mais arrependimento. As mudanças corporais, inclusive no Brasil, estão acontecendo muito cedo, ainda na infância e na adolescência, quando somos imaturos para compreender o impacto a longo prazo dessa decisão no corpo e na vida”, ela diz.
No Brasil, apesar da falta de consenso científico, algumas entidades na área da saúde parecem ter adotado a posição radical de que, se uma pessoa acredita ser transgênero, ela já o é – e que negar isso é colocar em risco a vida dela.
A Resolução 1º/2018 do Conselho Federal de Psicologia, por exemplo, estabelece que “as psicólogas e os psicólogos, na sua prática profissional, reconhecerão e legitimarão a autodeterminação das pessoas transexuais e travestis em relação às suas identidades de gênero.” O texto também veda que os psicólogos ofereçam quaisquer serviços que “que visem a terapias de conversão, reversão, readequação ou reorientação de identidade de gênero das pessoas transexuais e travestis.” Na prática, isso limita a atuação dos profissionais, que se sentem receosos de até mesmo investigar a hipótese de que algum paciente que acredite ser transgênero na verdade tenha uma desordem de outra natureza.
Esta é a situação de uma psicóloga carioca e que prefere não ter o nome divulgado por medo de punição do Conselho Federal de Psicologia. Ela diz não ter encontrado nem sequer um caso de paciente que de fato tenha “nascido no corpo errado”. A profissional também indaga os motivos pelos quais, nos casos diagnosticados como disforia de gênero, se modifica o corpo da pessoa em vez da mente.
“O problema não está no corpo, está no papel social. E ela pode lidar com isso tratando a mente. Não se muda o corpo da pessoa”, diz ela.
A psicóloga também se queixa da abordagem do CFP, que exige a “legitimação” da “identidade de gênero” dos pacientes. “Eu não estou lá para afirmar ou negar a identidade de ninguém. Estou lá para fazer perguntas e fazer a pessoa se enxergar e perceber os conflitos que ela vive. Terapia não é agradável, e nem é para validar ninguém”, ela afirma.
Para Eugenia Rodrigues, a pressão pela “mudança de sexo” como única solução atende a diversos interesses simultaneamente: as alas mais radicais do movimento transgênero veem sua utopia se materializar, ao passo que alguns médicos lucram com os (caros) procedimentos cirúrgicos. Além disso, lembra Akemi Shiba, a tese de que a cirurgia é o único caminho para evitar o suicídio tem efeitos significativos sobre o sistema de saúde. “Tem uma pressão grande para que os planos de saúde assumam os custos dessas cirurgias. Hoje, vários planos dizem que a cobertura não se aplica porque não se trata de um problema anatômico nem fisiológico”, ela diz. Se a academia aceitar que a cirurgia é a única solução para evitar o suicídio dessas pessoas, a intervenção passará a ser vista como um item essencial e, que, portanto, deve ser coberto pelos planos de saúde.
Diante da cacofonia na comunidade científica, as famílias são a barreira mais importante contra ideias que podem levar a mudanças radicais e irreversíveis. “Os pais devem ficar atentos a profissionais que os pressionam a autorizar intervenções precoces nos filhos, como mudança de nome e hormônios artificiais, alegando ‘risco de suicídio’ caso não o façam”, conclui Eugenia Rodrigues.
Com informações Gazeta do Povo e Leiliane Lopes