Conheça os desafios dos cristãos no Irã

O Irã é um dos países que participa da Copa do Mundo 2022 no Catar. E também um dos que mais persegue cristãos no mundo, ocupando a 9ª posição dos 50 países mais hostis ao cristianismo, segundo a Lista Mundial da Perseguição 2022.

O país é conhecido pelo cerceamento da liberdade religiosa e imposição das leis islâmicas, como uso do hijab (véu que cobre a cabeça) por mulheres. O número de cristãos presos no Irã por organizar igrejas domésticas cresceu em 2022.

Por outro lado, a crise gerada pelos protestos após a morte da jovem Mahsa parece acenar para um novo cenário político-social no país. Talvez a libertação de cristãos presos e o respeito à diversidade religiosa seja uma realidade mais próxima do que imaginávamos.

A tortura de Fariba por amor a Cristo 

A cristã iraniana Fariba é um exemplo da realidade que muitos cristãos vivem no Irã. Fariba tem 52 anos e nasceu em um lar muçulmano tradicional e rigoroso. Nem a família da cristã, nem as autoridades iranianas respeitaram a conversão ao cristianismo. Ela e o marido organizavam uma igreja doméstica quando 20 policiais entraram na casa usando balaclavas para prendê-los.

Em entrevista ao portal de notícias Article 18, Fariba conta que todo o processo foi violento. O governo acredita que os cristãos conspiram contra o país, por isso usam a tortura e violência para obrigá-los a informar sobre outros irmãos na fé e igrejas domésticas.

Fariba foi vítima de chutes e empurrões que deixaram hematomas por todo seu corpo. Em uma das sessões de tortura, colocaram Fariba vendada perto do filho e do esposo para que ela ouvisse os socos e chutes que eles levavam. Apesar da dor, Fariba encontrou forças em Cristo e, recentemente, com a crise na prisão de Evin em outubro, a cristã foi liberta.

Ajude a tirar a perseguição de campo 

Conheça os principais desafios enfrentados por cada seleção onde cristãos são perseguidos na nossa tabela da Copa. Baixe a tabela e fortaleça a Igreja Perseguida em oração enquanto assiste aos jogos.

Irã prende cristãos por pregarem o Evangelho

No dia 26 de junho, vítimas de tortura de todo o mundo são lembradas no Dia de Apoio às Vítimas de Tortura. Pensando nesse tema, a Missão Portas Abertas convida a igreja brasileira, livre da perseguição religiosa, a orar pelos cristãos iranianos que, muitas vezes ao serem presos, enfrentam tortura. Alguns deles tiveram a liberdade de religião violada recentemente. As sentenças foram motivadas pela participação em igrejas domésticas, pois as autoridades iranianas discriminam as atividades cristãs como “ameaça nacional” e executa prisões e sentenças severas por isso.

O pastor armênio-iraniano, Joseph Shabazian, foi sentenciado a 10 anos de prisão no dia 7 de junho. Além dele, duas cristãs, Mina Khajavi, de 59 anos e Maline Nazari, de 48 anos devem cumprir seis anos de prisão por liderar igrejas domésticas. A soma das sentenças do pastor e das cristãs é de 22 anos de prisão.

O pastor Joseph, de 58 anos, já está cumprindo uma pena de dois anos em exílio no Sul do Irã. Depois desses dois anos será encarcerado. Ele também deverá se apresentar anualmente às autoridades iranianas depois que for solto para “supervisão”.

Outros quatro cristãos – Salar Eshraghi, Farhad Khazaee, Sonya Sadegh e Masoumeh Ghasemi – foram sentenciados entre um e quatro anos de prisão por serem membros de igrejas domésticas no Irã.

 

Julgamento parcial 

O juíz Iman Afshari, chefe do 26º setor da Corte iraniana, se tornou conhecido pelas sentenças duras contra cristãos. Ele decretou recentemente 10 anos de prisão para outro cristão, Anooshavan Avedian, logo depois de sentenciar Fariba Dalir a dois anos de prisão.

O juiz sabia das ações sociais dos cristãos entregando alimentos durante o período mais intenso da pandemia de COVID-19, ajudando irmãos na fé e pessoas de outras religiões também. Ainda assim, ignorou tudo isso e os condenou por “perturbar a ordem nacional”.

O governo iraniano não reconhece a perseguição e prisões arbitrárias. Um representante do governo disse recentemente em entrevista que o Irã “respeita a liberdade de expressão e culto. Não processamos ninguém apenas por convicções e crenças ou por pertencer a um grupo em particular”, apesar do relatório da ONU e denúncias de violações de direitos humanos mostrarem o contrário.

A perseguição religiosa no Irã

O país ocupa a 9ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2022, que classifica os 50 países em que os cristãos são mais perseguidos.

Os cristãos ex-muçulmanos são os mais vulneráveis à perseguição, especialmente pelo governo e em um grau menor pela sociedade e pela própria família.

O governo vê o crescimento da igreja no Irã como uma tentativa dos países ocidentais de minar o domínio islâmico no país. Igrejas domésticas formadas de cristãos ex-muçulmanos são muitas vezes invadidas, e tanto líderes quanto membros são presos, acusados e recebem longas sentenças de prisão por “crimes contra a segurança nacional”.

Os cristãos armênios e assírios de comunidades de históricas são reconhecidos e protegidos pelo Estado, mas são tratados como cidadãos de segunda classe e não têm permissão de entrar em contato com cristãos ex-muçulmanos.

“Eu louvo a Deus por me considerar digno de suportar essa perseguição por causa dele”, relata Hamed Sahouri, cristão perseguido no Irã que foi sentenciado a dez meses de prisão por atividades cristãs

Apoie cristãos presos

Em vários países da Lista Mundial da Perseguição, cristãos são presos injustamente ou sem o direito a um julgamento adequado. Parte do trabalho da Portas Abertas é mobilizar recursos para que esses cristãos recebam a ajuda e defesa e possam viver a fé em liberdade. Acesse o link e saiba como participar da vida desses cristãos e ser um com eles.

Igrejas são forçadas a fecharem as portas em Camarões

No dia 1º de maio, cristãos no norte de Camarões pararam as atividades eclesiásticas de suas vilas. Eles vivem perto da fronteira com a Nigéria e se sentem inseguros por causa dos frequentes ataques dos militantes do Boko Haram.

Muitos foram para as montanhas no meio da noite, buscando proteção para dormir, pois temiam os ataques noturnos nas vilas. Alguns cristãos ficaram tão assustados que empacotaram seus pertences e partiram definitivamente.

“Nós paramos as atividades da igreja porque os terroristas do Boko Haram tornaram a vida impossível. Se eles vêm, eles matam as pessoas. Então, nós decidimos fazer as atividades da igreja em outro lugar. Por favor, ore por nós”, diz um ancião da igreja.

Militantes do Boko Haram mataram muitas pessoas e obrigaram outras a deixarem suas casas no nordeste da Nigeria.

Camarões e outros países também convivem com os ataques desse grupo . Em 2021, a Portas Abertas entregou ajuda emergencial para 449 famílias cristãs, como a cristão Fadi Zara, em Koza, no extremo Norte de Camarões. Recebê-la foi um dos poucos momentos felizes para Fadi nesses dias, afinal faz muito tempo desde que ela e outros deslocados receberam ajuda. “Quando não se está na sua própria vila, a vida pode ser muito difícil. Nós não temos onde plantar, então não temos o que comer. Estou surpresa por ter todas essas coisas em minha vida. Eu estou muito, muito feliz”.

Como tantos outros cristãos de Camarões, Fadi foi obrigada a se refugiar diversas vezes, fugindo dos ataques do Boko Haram. Em um deles, a irmão de apenas 14 anos foi sequestrada pelo grupo. .

Ajuda emergencial para o Oeste Africano

Os cristãos que vivem em países da região estão vulneráveis a diversos grupos radicais islâmicos. Muitos, como Fadi, são vítimas de ataques ou passam por situações traumáticas. Eles precisam de apoio para saber como lidar com isso. Clique nesta campanha e saiba como oferecer ajuda emergencial e cuidados pós-trauma para cristãos deslocados em Burkina Faso.

A Igreja sob ataque no Oeste Africano

No dia 12 de junho, o Oeste Africano será o foco do Domingo da Igreja Perseguida (DIP). É um dia em que cristãos de todo o Brasil clamam ao Senhor pelos cristãos perseguidos.

O Oeste Africano será o foco do DIP 2022 porque, sob ataque de grupos extremistas como Estado Islâmico e Boko Haram, os irmãos dessa região têm enfrentado grandes desafios para viver e permanecer em Cristo.

Falta apenas um mês para o DIP, então não perca tempo e inscreva sua igreja. Ao se cadastrar como organizador do DIP, você terá acesso aos materiais para realizar o evento. Prepare sua igreja para interceder pelos irmãos perseguidos do Oeste Africano no dia 12 de junho de 2022.

Cristãos levados ao tribunal por motivos religiosos são absolvidos no Irã

Oito cristãos iranianos que foram absolvidos por um tribunal em novembro foram informados de que precisam frequentar aulas de “reeducação”.

Os homens foram presos na cidade de Dezful, no oeste do Irã, em abril e acusados de “propaganda contra a República Islâmica do Irã”. Em novembro, no entanto, o promotor do Tribunal Civil e Revolucionário de Dezful disse que eles eram inocentes, pois “meramente se converteram a uma religião diferente” e “não realizaram nenhuma propaganda contra outros grupos”. O promotor também disse que, embora a “apostasia” [pregar outra religião que não seja o islamismo] possa ser punida sob a lei islâmica, não é uma ofensa criminal sob as leis do país.

Esta decisão não foi bem recebida pelo Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica, um ramo de segurança originalmente fundado em 1979 para proteger o regime islâmico do Irã e, desde então, ganhou influência significativa em outros setores da sociedade iraniana. Eles convocaram os cristãos no sábado passado e ordenaram que eles participassem de 10 sessões de reeducação com clérigos islâmicos.

A Portas Abertas, organização presente em mais de 60 países do mundo apoiando cristãos perseguidos, destacou em um relatório anual sobre a situação dos cristãos iranianos em 2021 o crescente envolvimento da Guarda Revolucionária na repressão à comunidade cristã.

Mais cristãos acusados  por ‘crenças desviantes’

Enquanto isso, os cristãos convertidos do islamismo continuam sendo levados ao tribunal por sua fé. Três homens da cidade de Rasht, no norte, Ayoob Poor-Rezazadeh, Ahmad Sarparast e Morteza Mashoodkari, enfrentam 10 anos de prisão por “envolver-se em propaganda e atividades educacionais relacionadas a crenças desviantes contrárias à sagrada Sharia” e “conexões com estrangeiros líderes”. O cristianismo é considerada uma religião ocidental e que fere às leis e práticas do islamismo vigente no país. A Sharia (significa lei) é um conjunto de leis e normas baseadas no Alcorão e na prática islâmica.

As acusações têm sua base legal em mudanças no código penal que entraram em vigor no ano passado, que incluem “as ‘atividades educacionais desviantes contrárias ao islã’ vagamente definidas, que já foram usadas contra vários outros cCorteristãos”.

No entanto, ao mesmo tempo, a Suprema  do Irã decidiu que revisará a sentença de 10 anos de prisão do cristão convertido Nasser Navard Gol-Tapeh. Nasser foi preso por ser membro de uma igreja doméstica e condenado por “agir contra a segurança nacional” em julho de 2017. Seus repetidos pedidos de novo julgamento foram rejeitados, até agora. Durante os últimos quatro anos de prisão, Nasser não ficou calado. Em sua última carta aberta da prisão de Evin, ele escreveu: “Eles querem acabar conosco [cristãos de língua persa] e fazer parecer que nunca existimos… não desistimos”.

A falta de uma posição oficial sobre a apostasia continua a levar a decisões inconsistentes nos tribunais, como neste último caso em Dezful, onde um promotor individual optou pela clemência. Porém os cristãos têm medo de que, até que uma linha oficial seja traçada, o próximo juiz possa ter uma opinião diferente.

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