Cristãos encurralados: Cresce a crise de deslocados internos na África

O Leste da República Democrática do Congo é palco de disputas entre mais de 100 grupos armados paramilitares há décadas. O cenário da violência permanece desgastando a nação e já gerou mais de 6,3 milhões de deslocados internos, a maior crise de deslocados internos em toda a África.  

Apenas em 2023, a onda de ataques forçou aproximadamente um milhão de pessoas a deixarem suas casas. Se comparado a outubro do ano passado, houve um aumento de 17% no número de deslocados este ano, segundo dados da OIM, Agência da ONU para as Migrações.

Insegurança alimentar 


Com pessoas tiradas de suas casas e terras de cultivo, a 
insegurança alimentar também aumentou. O Programa Mundial de Alimentação soou um alerta pelos mais de 25 milhões de pessoas que estão enfrentando a fome e precisam de ajuda este ano. É o maior número a nível internacional, que o porta-voz do programa chama de “exemplo clássico” da crise dos esquecidos. 
 

A comunidade cristã no Leste da República Democrática do Congo continua a resistir ao impacto da violência perpetuada pelos numerosos grupos armados, incluindo militantes islâmicos. A atmosfera de insegurança permite que esses grupos realizem ataques diretamente contra os cristãos com sequestros, abusos sexuais e assassinatos 

Violência persistente 


No começo de junho, o grupo Forças Aliadas Democráticas (ADF, da sigla em inglês), aliado ao 
Estado Islâmico, matou ao menos doze pessoas no vilarejo de Bukokama, no estado de Kivu do Norte. Em entrevista à imprensa, um oficial do governo disse: “Eles arrombaram as portas e decapitaram pessoas com machados e facões”.  

O mesmo grupo é suspeito pelo ataque que matou 37 estudantes em Uganda no dia 16 de junho. A maioria dos alunos mortos eram cristãos. Segundo o Conselho de Segurança da ONU, o grupo está expandindo os ataques em outros estados e além das fronteiras do país graças ao financiamento do Estado Islâmico e foi designado como uma Organização Terrorista Estrangeira pelo Departamento de Estado das Nações Unidas. 

“Até o momento, parece não haver uma resolução viável para essa crise, pois o ciclo de violência permanece e os agressores continuam impunes. Os cristãos que ousam levantar suas vozes na região contra a injustiça e as atrocidades cometidas se tornam alvos prioritários dos perseguidores. Isso demonstra a vulnerabilidade e as dificuldades enfrentadas pela população cristã”, diz o analista da Lista Mundial da Perseguição da Portas Abertas. 

Tiroteio durante treinamento da Portas Abertas no Congo assusta cristãos

Recentemente, o ataque de um homem armado na vizinhança interrompeu o treinamento da Portas Abertas em Kivu do Norte, estado da República Democrática do Congo (RDC). Um dos participantes do seminário, pastor Kambale, comentou: “O ensino que recebemos aqui fortaleceu nossa confiança em Deus, nosso criador, em todas as circunstâncias”.

Mais de 65 líderes de igrejas e membros participavam do curso que tinha foco no discipulado. Mas os mentores decidiram incluir alguns módulos de preparação para a perseguição chamado “Permanecendo Firmes Através da Tempestade”, considerando que a comunidade estava sob crescente ataque de radicais islâmicos.

As Forças Democráticas Aliadas é um dos grupos extremistas islâmicos da República Democrática do Congo. Eles são conhecidos pelos assassinatos cruéis e dominaram partes de Kivu do Norte e da província de Ituri, Leste do país.

Necessidades físicas e espirituais 

Cristãos são os mais impactados nos ataques. Muitos perdem propriedades e até mesmo a vida. A igreja está traumatizada com os recorrentes assassinatos que testemunhou. A insegurança é intensa nas áreas isoladas, ao redor da floresta, onde ficam as fazendas.

Famílias foram deslocadas e as igrejas têm mais viúvas e órfãos do que conseguem auxiliar; e sem poder cuidar das plantações, a fome tem aumentado. A criminalidade e a prostituição aumentaram, um ciclo difícil de ser quebrado.

Além das necessidades físicas, há uma grande necessidade espiritual. Pastores disseram que os cristãos não estavam preparados para enfrentar a perseguição e os traumas decorrentes. Por isso a Portas Abertas tem investido em discipulado e treinamentos para a perseguição e também em cuidados emergenciais.

Deus sempre presente 

“O ensino veio na hora certa, quando nossa região começou a viver o caos por causa dos ataques. Nós vemos o treinamento como uma provisão enviada por Deus para nos preparar. Essas situações certamente se repetirão, mas é essencial confiar no Senhor que promete que nunca nos abandonar ou esquecer de nós, mesmo nas aflições”, continuou o pastor Kambale.

“Mesmo nos momentos difíceis, nosso Deus, o Altíssimo, está conosco e nos alegramos nele. Nós também temos sido encorajados a passar mais tempo com o Senhor. Recebemos uma mensagem dos parceiros da Portas Abertas que nos deu consolo e esperança. Louvamos o Senhor pelo treinamento porque precisávamos disso. Obrigado por sua ajuda que sustenta esse projeto, nós confiamos no Senhor que vocês continuarão lembrando de nós”, concluiu.

Saiba como ajudar o Congo e Oeste Africano 

No próximo domingo, dia 12 de junho, mais de 13 mil igrejas estarão orando pela “Igreja sob Ataque”, tema do Domingo da Igreja Perseguida (DIP) 2022. Não deixe de participar desse clamor pelos irmãos perseguidos, nem que seja com 15 minutos do culto, e ajude cristãos do Oeste Africano, como Burkina Faso. Cadastre-se e tenha acesso a materiais para fazer o DIP!

Para saber mais sobre o que é o DIP, a Igreja no Oeste Africano e como participar deste dia, acesse este link e saiba mais. Participe com sua igreja!