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Dentre os brasileiros que vivem nos Estados Unidos, cerca de um terço habita a Flórida, segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil. O estado do sudeste americano concentra, tradicionalmente, um enorme contingente de latino-americanos.
O ex-presidente Jair Bolsonaro se juntou a esse número em dezembro, poucos dias antes de deixar o poder, e estava hospedado em Orlando até a sua chegada no Brasil no dia 30/03, cidade que abriga 30 mil brasileiros, segundo a Grove Residences. A estadia de Bolsonaro na Flórida chamou atenção para a grande presença de brasileiros na região.
De acordo com o Itamaraty, cerca de 60% dos brasileiros que moram na Flórida estão na região metropolitana costeira que inclui Miami, Palm Beach e Fort Lauderdale, no sudeste do estado. Outro contingente está em Orlando, cidade que fica no centro da Flórida e que conta com pontos turísticos importantes, como a Disneyworld. Ambas as partes do estado são muito turísticas e, por isso, é muito útil saber como ir de Miami para Orlando de forma prática.
Por que a Flórida atrai tantos brasileiros?
A Flórida se consolidou como um importante hub para os latinos nos EUA a partir da Revolução Cubana, na década de 1950, evento que levou os comunistas ao poder em Cuba e gerou uma onda de refugiados. Muitos deles foram para a Flórida, que fica geograficamente muito próxima à ilha caribenha.
O clima tropical da Flórida, assim como sua proximidade geográfica da América Latina, tornou o estado muito atrativo para quem almejava viver nos EUA. Os latinos que já estavam na Flórida atraíram outros latinos – afinal, para quem migra, é mais conveniente escolher um destino onde já exista uma comunidade de origem cultural e idioma semelhantes.
Assim, a comunidade brasileira começou a florescer na Flórida na década de 1960, ano em que o Brasil sofreu um golpe militar. Com o passar dos anos, os brasileiros no estado foram atraindo outros brasileiros. Hoje, muitos possuem cidadania americana – um setor tão numeroso que chega a ser disputado entre democratas e republicanos em cada eleição.
A comunidade brasileira na Flórida é muito associada aos ricos que compram residências de luxo no estado, uma situação que ganhou impulso a partir de 2014 – mas também é forte a presença daqueles brasileiros que ainda não alcançaram o sucesso financeiro e correm atrás do seu sonho. Ao circular pela International Drive, uma importante via de Orlando, é fácil encontrar diversos estabelecimentos brasileiros, como mercados, padarias e restaurantes, e também uma das três agências do Banco do Brasil em território americano.
Graças à tradição do acolhimento aos brasileiros, a Flórida também é um destino muito comum para turistas do Brasil. Antes da pandemia da covid-19, o estado recebia mais de um milhão de turistas brasileiros por ano. Depois de cair cerca de 90% durante a pandemia, o turismo de brasileiros no estado retomou força e atingiu 709 mil em 2022, segundo os dados do Visit Florida.
Antes, a presença brasileira na Flórida era muito ligada àqueles que não tinham opção além de ocupar empregos precários em setores como limpeza e construção civil. Muitos eram imigrantes ilegais, que desafiaram a autoridade do Estado americano para buscar o american dream.
Mais recentemente, a Flórida ganhou uma nova reputação que tem reforçado a ida para o estado de brasileiros identificados com a direita no espectro político. Até o início da década passada, o estado era considerado um dos estados mais competitivos em eleições presidenciais – mas, desde 2016, a Flórida possui uma clara maioria de eleitores que votam no Partido Republicano.
O atual governador da Flórida, Ron DeSantis, é hoje o principal adversário do ex-presidente Donald Trump na disputa pela vaga republicana nas eleições presidenciais do ano que vem. Além disso, o próprio Trump também mora na Flórida, no seu resort de Mar-a-Lago, em Palm Beach. Para o público brasileiro, a presença de Bolsonaro no estado tende a aprofundar ainda mais a visão da Flórida como um estado receptivo para aqueles que se identificam com as ideologias de líderes como Bolsonaro e Trump.