A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, pautou o julgamento sobre a descriminalização do aborto para esta sexta-feira (22) para poder dar seu voto antes de se aposentar. Ela alcançou o objetivo. Votou por descriminalizar a interrupção da gravidez até a 12ª semana. Mas despertou também uma onda de repúdio que não se restringe aos parlamentares do Congresso Nacional, onde a oposição tenta aprovar um plebiscito sobre o assunto.
O aborto se tornou busca de destaque no Google nesta sexta-feira também como consequência de uma série de moções contra a interrupção da gravidez e de apoio ao Congresso aprovadas por câmaras municipais nos últimos dias — era uma busca distinta da que tratava do julgamento no STF.
Os 11 vereadores do município de Pato Branco, no Paraná, aprovaram ontem uma moção de apoio ao Congresso Nacional e contra a tentativa de legalização do aborto via ADPF 442. A cidade tem menos de 100 mil habitantes, mas seus parlamentares estão longe de ser os únicos mobilizados pela questão.
Todos os vereadores da Câmara de Foz do Iguaçu, também no Paraná, assinaram uma moção de apelo ao Congresso contra a descriminalização do aborto pela via judicial. A mesma unanimidade se repetiu na Câmara de Joaçaba, em Santa Catarina.
Oa vereadores da Câmara de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, também se uniram em uníssono em moção de apoio ao Congresso Nacional, em nome dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), destacando a prerrogativa do Poder Legislativo para tratar da questão do aborto.
Na Câmara de Franca, em São Paulo, o vereador Ronaldo Carvalho (Cidadania) ilustrou assim outra moção de repúdio, desta vez dirigida diretamente contra a descriminalização do aborto: “Penso que não se negocia com a vida de ninguém! Não se negocia! Interromper uma gravidez no terceiro mês, na décima segunda semana, o feto está totalmente formado, coração já bate! É uma pessoa que está ali! Dizer ‘meu corpo, minha regra’, isso não dá para engolir!”.
A Câmara de Santa Vitória, em Minas Gerais, também aprovou sua moção (foto). Assim como a de Dois Vizinhos, no Paraná, a de São Miguel Arcanjo, em São Paulo, a de Aquidauana, no Mato Grosso do Sul, e as de Viamão e Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
Uma busca pelas palavras câmara, moção e aborto outras dezenas de protestos de vereadores desde a semana passada, quando Rosa Weber marcou a data do julgamento. Surgem cidades como Vitória (ES), Três Marias (MG), Paracatu (MG), Holambra (SP), Santo Amaro da Imperatriz (SC) e Caruaru (PE), entre outras.
A quantidade de pequenas cidades mobilizadas contra o julgamento do STF dá uma dimensão da distância entre a pretenção da presidente do tribunal e o mundo político no Brasil — e também uma clara perspectiva do resultado de um plebiscito sobre o aborto no país.
Com O Antagonista