“Ele não cometeu pecado algum, e nenhum engano foi encontrado em sua boca.” (1Pedro 2.22)
Os termos pecabilidade e impecabilidade significam alguma coisa para você? Talvez não. E tudo bem. Os teólogos usam esses dois termos para descrever a capacidade de Jesus de pecar ou não pecar. Aqueles que sustentam a visão da pecabilidade acreditam que Jesus poderia ter pecado, mas não o fez, enquanto aqueles que acreditam que Jesus era impecável também acreditam que ele não pecou, mas eles dão mais um passo adiante e dizem que ele não poderia ter pecado. Ele é impecável. E é aí que está o debate, deixando a questão – “Jesus poderia ter pecado?” – implorando por resolução.
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Novamente, perceba o ponto de concordância entre as duas visões. Jesus não pecou. Mas ele poderia ter pecado? Hebreus 4.15 diz: “Pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado”. Uma pessoa que acredita que Jesus poderia ter pecado pode argumentar: “Como Jesus poderia ter passado por todo tipo de tentação, como nós, se ele não tinha a capacidade de cometer pecado?”.
Boa pergunta. Embora não seja tão difícil de responder como alguns podem pensar.
“Um exército imbatível pode ser, ainda assim, atacado?”
Por exemplo, considere esta pergunta: “Um exército imbatível pode ser, ainda assim, atacado?”. É claro! Da mesma maneira, Jesus poderia ter sentido a força da tentação sem a capacidade de sucumbir a ela. Na realidade, acreditar na doutrina da pecabilidade apresenta um problema teológico mais profundo. E eis o porquê. Precisamos lembrar que Jesus tem duas naturezas: a natureza humana e a natureza divina.
Uma vez eu ouvi alguém descrever a doutrina da impecabilidade da seguinte maneira. Suponha que eu entreguei a você um cabide de metal. Você conseguiria dobrá-lo? Obviamente, não é necessário um Popeye para fazê-lo. Não precisa de espinafre. Mas suponha que eu entreguei a você um pé de cabra. Você conseguiria dobrá-lo? De jeito nenhum — mesmo se você tivesse devorado um prato inteiro de espinafre. O pé de cabra continuaria inflexível. Agora, se você pegou o cabide de metal e o enrolou em volta do pé de cabra, você ainda conseguiria dobrar o cabide? Não, porque agora ele está conectado ao pé de cabra.
O cabide de metal representa a natureza humana de Cristo, e o pé de cabra representa a natureza divina de Cristo. Uma vez que Jesus tinha uma natureza humana, ele pôde experimentar a força total de ser tentado, mas, porque tinha a natureza divina, ele estava protegido de cair em tentação, permanecendo, portanto, impecável. Sua natureza divina sobrepôs sua natureza humana. Você não é grato por isso? Eu sou.
Aqui está o verdadeiro problema da doutrina da pecabilidade: Deus não pode agir contrariamente à sua natureza. Isso é importante. É impossível para Deus pecar. Deus não pode fazer o que é logicamente impossível. Ele não pode desenhar um círculo quadrado. Ele não pode deixar de ser Deus. Ele não pode se transformar em mim. Nem em você. E ele não pode criar uma rocha tão grande que ele não possa levantar. Essas questões não apresentam problemas. Elas podem gerar um pouco de reflexão, mas não criar um problema. Um Deus santo não pode pecar. Impossível.
Interessantemente, por um lado a natureza divina de Jesus não poderia nem ser tentada. Como Tiago escreveu: “… Deus não pode ser tentado pelo mal…” (Tiago 1.13). Por outro, sua natureza humana podia e foi (Lucas 4.1-2). Como Jesus era Deus encarnado, ele não poderia ter pecado; mas, como Jesus estava encarnado, ele poderia ser tentado.
Isso é digno de reflexão.
FONTE: Chamada.com.br