Pastores, a profissão mais atingida pela pandemia de COVID-19, segundo o site do Ministério da Saúde.
Estão à frente até mesmo dos profissionais de saúde, como médicos, enfermeiras e socorristas. Em todas as denominações, vimos homens e mulheres que atuam à frente das igrejas, terem suas vidas ceifadas diretamente ou por complicações da doença.
Em uma breve observação no ranking das igrejas, colhemos alguns números de ministros do evangelho que se foram nos últimos 2 anos.
Centenas de pastores da igreja evangélica e alguns deles presidentes da denominação em cidades do Paraná, de Mato Grosso e do Ceará, e pelo menos 100 padres católicos morreram nos últimos meses por complicações da Covid-19.
A CGADB (Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil), maior organização de igrejas evangélicas, com mais de 100 mil pastores associados e cerca de 25 milhões de fiéis, não informou um número exato de mortes, mas disse que entre as dezenas de líderes mortos estão pessoas de idades variadas.
No campo católico, um relatório publicado pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) no fim de maio divulgou que 117 padres haviam sido infectados pelo novo coronavírus.
As mortes provocaram impacto nas comunidades religiosas, que adotam estratégias diferentes para a retomada de atividades presenciais. O Ministério da Saúde não definiu orientações específicas para serviços religiosos presenciais, embora eles aconteçam hoje em diversas partes do país.
Os templos são geralmente ambientes fechados, o que exige atenção maior às orientações sanitárias para minimizar os riscos de transmissão do novo coronavírus, que podem ser transmitidas pelo ar, em partículas muito pequenas de saliva (aerossóis) liberados quando as pessoas espirram, tossem, falam e respiram.
Segundo especialistas, cantar —uma prática comum nos encontros religiosos— também produz essas partículas.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) incluiu igrejas no rol de serviços essenciais em março, abrindo margem para a abertura dos templos — mas eles ainda precisam seguir regras de governos estaduais e prefeituras nesse quesito.
No início de junho, ao sancionar a lei do uso de máscaras em espaços públicos, Bolsonaro retirou a obrigação da proteção em igrejas.
A morte do pastor Sebastião Rodrigues de Souza aos 89 anos causou comoção entre os fiéis. Souza, que morreu no dia 8 de junho, era presidente das Assembleias de Deus em Mato Grosso e vice-presidente da CGADB desde 1995.
O filho de Souza, Rubens Siro, também pastor em Mato Grosso, morreu pela doença aos 68 anos cinco dias antes. Em Cuiabá, as igrejas têm permissão para abrir desde o fim de abril. Souza era conhecido por ter construído em Cuiabá um dos maiores templos evangélicos do país, com capacidade para mais de 20 mil pessoas.
Segundo nota da prefeitura de Cuiabá, o enterro do religioso atraiu milhares de pessoas ao cemitério Parque Bom Jesus. Uma equipe de fiscalização foi enviada ao local e usou sistema de som para que as pessoas mantivessem distanciamento entre si.
Bolsonaro publicou uma nota de pesar pela morte de Souza, mas sem citar a Covid-19. Foi uma das raras vezes em que o mandatário lamentou publicamente uma morte causada pela doença.
O Ministério da Saúde não tem orientações específicas para igrejas, apenas orientando para um reforço na higiene pessoal e de ambientes e na etiqueta respiratória.
“As ações devem ser tomadas de acordo com as necessidades de cada região, levando em conta parâmetros como quantidade de leitos ocupados, quantidade de casos e óbitos, quantidade de profissionais, insumos e equipamentos de proteção individual (EPIs), além de avaliar a dinâmica socioeconômica e cultura de cada localidade“, disse em nota.
Na prática, cada instituição religiosa pode, tendo as regras estabelecidas pela administração local como base, escolher ser mais ou menos cautelosa ou até permanecer fechada.
Em junho, a CNBB enviou aos bispos um documento com orientações para o retorno às atividades presenciais. O documento pede uso de máscaras e que os fiéis não se cumprimentem com apertos de mão, por exemplo. A água benta deve ser retirada da entrada das igrejas.
Entre os evangélicos as estratégias podem divergir bastante. O grupo religioso não conta com uma única liderança e está divido em centenas de convenções (agrupamentos de igrejas) independentes entre si.
Em nota, a CGADB diz que as igrejas afiliadas devem respeitar o distanciamento entre as pessoas e que o uso de máscara é obrigatório.
“A orientação é que todos cuidados necessários para evitar a propagação da doença sejam tomados por todos, ficando em casa, usando máscara e outros aparatos que evitem a circulação do vírus“, afirma a instituição.
Por: Bispo Robson Rodovalho