A denúncia do médico Volnei Aires Pimenta de que está faltando medicação para o tratamento da Covid-19 na UPA SUL, em Palmas, e o alerta de que pacientes vão morrer se nenhuma providência for tomada chegou à Câmara Municipal. O vereador Erivelton Santos (PV), coordenador da Comissão para o Enfrentamento da Covid-19, foi um dos primeiros a se manifestar e não escondeu a sua preocupação. “É inadmissível que isso esteja acontecendo”, protestou o parlamentar.
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Para o vereador, a situação se torna mais grave ainda quando a Prefeitura de Palmas se recusa a enfrentar o problema de frente, fugindo de suas responsabilidades. Erivelton Santos denunciou que o Paço Municipal orientou os vereadores da sua base para esvaziarem as sessões na Câmara, no sentido de impedir a votação de requerimentos e deliberações importantes para o enfrentamento do coronavírus. “Subscrevi um pedido do vereador Milton Néris para a realização de uma audiência pública com os poderes Executivo e Legislativo, governo do Estado e órgãos da justiça e que não pode ser votado”, lamentou o vereador.
Erivelton ressaltou que a comissão está atenta a tudo e que vem cobrando insistentemente ações da prefeitura para melhorar as condições de atendimento aos pacientes que procuram as unidades de saúde na Capital. Lembrou que desde o começo da pandemia sugeriu que a Secretaria de Saúde separasse um local exclusivo para receber os pacientes com os sintomas da Covid-19. “Infelizmente, nada foi feito”.
Disse ainda que várias denúncias foram encaminhadas ao Ministério Público. Agora com o apelo “desesperador” do médico Volnei Pimenta, Erivelton espera que a prefeitura tome as providências devidas para que evitar que um mal maior possa acontecer. “Estamos falando de vidas. Hora de agir com rapidez”, frisou.
Estado de calamidade
Nas redes sociais, um áudio do médico Volnei Aires Pimenta denuncia a falta de condições de trabalho e de medicamentos para tratamento da Covid-19 na Unidade de Pronto Atendimento da região Sul de Palmas. No áudio ele faz um desabafo e fala do estado de calamidade que se encontra aquela unidade. E advertiu: “Pacientes vão morrer aqui. Eu peço socorro. Se alguém puder ajudar, ajude”.
Volnei, que trabalha há mais de 20 anos na rede municipal de saúde, disse que nunca viu nada parecido. Segundo ele, os médicos estão trabalhando no limite de suas capacidades físicas e emocionais. “Os médicos estão adoecendo, entrando em parafuso. A situação está feia. Nos ajude”.
Ele lembrou que as UPSs têm que ser priorizadas. “Aqui é onde chega primeiro os pacientes graves. Eles chegam, vão para a sala e a família pensa que ele está sendo tratado e não está. Recebem apenas dipirona e oxigênio”, disse Volnei. O médico espera que a Secretaria Municipal de Saúde tome as devidas providências o mais rápido possível.
As mensagens do médico pelo whatsApp:
Secretaria se manifesta
A nova secretária municipal de Saúde, Valéria Paranaguá, em nota oficial encaminhada à imprensa, informou que uma das primeiras medidas à frente da Semus foi solicitar um relatório circunstanciado sobre o abastecimento de medicação nas unidades de saúde do Município, com prioridade nas UPAs, que estão recebendo um fluxo de pacientes além da sua capacidade neste momento.
NOTA OFICIAL
“Assumi a gestão da Secretaria Municipal da Saúde de Palmas (Semus) há cerca de 24 horas, e diante de todo cenário atual estou deliberando e encaminhando com todas as áreas da Secretaria as devidas tratativas bem como a cobrança de ações emergenciais, uma delas a oferta de medicamentos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
Todos os esforços foram realizados e na minha gestão continuarão sendo alvo de dedicação e compromisso com a qualidade da saúde, onde estou acompanhando de
perto todos os processos, inclusive com visitas às Unidades de Saúde. Uma das primeiras medidas à frente da Semus foi solicitar um relatório circunstanciado
sobre o abastecimento de medicação nas unidades de saúde do Município, com prioridade nas UPAs, que estão recebendo um fluxo de pacientes além da sua
capacidade neste momento.
A demanda por medicamentos aumentou vertiginosamente, bem como os preços dos mesmos devido a toda crise provocada pela pandemia, o que tem gerado uma
desistência de fornecedores da licitação em vigência, no entanto, todos os esforços já estão sendo realizados para a devida normalização.
Quanto aos testes do tipo RT-PCR, vale ressaltar que a redução das coletas de material para os exames se deve à diminuição da oferta desse tipo de teste por parte do
Laboratório Central do Estado (Lacen), que enfrenta problemas com a falta de insumos para processar os exames.
No entanto, a Semus ampliou a sua capacidade de testagem e de processamento no Laboratório Municipal de Palmas com a aquisição de cerca de 28 mil testes (rápidos e sorológicos). Além disso, a pasta está em fase de aquisição de mais 20 mil testes para ampliar ainda mais essa oferta.
Diante de todos os esforços realizados e que estamos realizando, estou convicta de que o Sistema Único de Saúde (SUS) da nossa Capital continuará em plena operação com as devidas condições de trabalho aos servidores, bem como o devido atendimento ao usuário”.
Palmas, 06 de agosto de 2020
Valéria Paranaguá
Secretária Municipal de Saúde
(Com EmtempoCN)