Após onda de assassinatos em Araguaína -TO, o prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas (PR), solicitou formalmente nesta terça-feira, 19, ao Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, a intervenção da Força Nacional de Segurança, pelo prazo de 90 dias no Município.
No pedido, o prefeito alega que os recursos técnicos e materiais de que dispõem os agentes de segurança são praticamente inexistentes e ressalta os números da violência na cidade, onde 54 homicídios e 3.519 ocorrências já foram registrados neste ano.
Destaca ainda o caso dos dois comerciantes e de um agente de trânsito mortos no exercício de suas atividades profissionais, as ações violentas realizadas por bandidos armados em diversos logradouros públicos como escolas, hospitais e unidades básicas de saúde e a recente fuga de nove presos da Casa de Prisão Provisória de Araguaína (CPPA).
O prefeito ressaltou ainda os esforços dos policiais militares mesmo diante da falta de equipamentos, como o número reduzido de viaturas, e a falta de uma ação efetiva do Estado. “Nenhuma ação firme é tomada pelo Governo do Estado que permanece inerte, como se nada sério estivesse acontecendo. O máximo que tem tomado de atitude é de enviar, raramente e por curtíssimo período, força tática especial”, afirmou.
Videomonitoramento
Na oportunidade, foi solicitada ainda a liberação de recursos na ordem de R$ 4,9 milhões com contrapartida de R$ 100,2 mil do município, para a implantação do Sistema de videomonitoramento na cidade, através do Programa de Fortalecimento das Instituições de Segurança Pública de Araguaína.
“Seja priorizada a aprovação, empenho e liberação dos valores do projeto apresentado no SICONV [Sistema de Convênios]”, traz o documento.
Sociedade de Araguaína faz ato de protesto por ações imediatas na segurança pública
A sociedade civil organizada de Araguaína mais uma vez manifestou sua indignação diante do crescente número de assaltos, furtos e homicídios nos últimos meses. Na tarde da última terça-feira (19), uma multidão reuniu-se em frente às Lojas Liliani, na Avenida Cônego João Lima, principal via comercial da cidade, em um ato de protesto pela morte do gerente da loja, Adriano Inácio da Silva Monteiro, de 29 anos.
A Associação Comercial e Industrial de Araguaína – ACIARA aderiu ao movimento e levou diretores e associados às ruas para reforçar as reivindicações por mais ações efetivas na segurança pública do Estado. “Cidadãos e empresários estão com medo de irem trabalhar. Chegamos ao limite, as pessoas não têm mais liberdade para fazer nada. E muito em breve sentiremos o impacto dessa situação na economia”, disse o presidente da ACIARA, Márcio Parente.
Homenagem
O cortejo que conduzia o corpo do gerente para o sepultamento passou pela Avenida Cônego João Lima e parou em frente às Lojas Liliani. O comércio fechou as portas e a rua foi tomada por populares, colaboradores e empresários para uma última homenagem ao gerente.
No carro de som, representantes da família da vítima manifestaram sua dor e indignação com o crime. “Araguaína está pedindo socorro, não aguentamos mais! Nossas autoridades estão de braços cruzados”, disse uma vizinha de Adriano.
A todo momento, os manifestantes clamavam por justiça e entoavam palavras de ordem. “A gente quer justiça para que isso não aconteça mais com ninguém”, pediu o irmão de Adriano.
Passeata
Após o cortejo seguir para o cemitério, os manifestantes fizeram uma caminhada pacífica pela avenida até a Praça das Bandeiras. Lá, cidadãos tomaram a palavra e relataram suas experiências como vítimas da violência e permaneceram exigindo uma tomada de atitude das autoridades.
“A manifestação é um reflexo da nossa realidade. Precisamos que todas as esferas de governo envolvidas na segurança pública tomem atitudes imediatas e olhem com mais atenção para Araguaína”, informou a diretora da ACIARA, Antônia Lopes.