Uma em cada cinco pessoas no mundo já sofreu violência ou assédio no ambiente profissional, segundo pesquisa global da Organização Internacional do Trabalho (OIT). O estudo, realizado em parceria com a Lloyd’s Register Foundation e a Gallup, revela que mulheres, jovens e trabalhadores migrantes são os mais afetados. Apesar dos números alarmantes, metade das vítimas prefere calar-se por medo de retaliação ou descrença na justiça.
Mulheres e jovens na linha de frente
O relatório aponta que 23% dos trabalhadores globais já enfrentaram algum tipo de violência ou assédio, seja físico, psicológico ou sexual. Entre as mulheres, os índices são ainda mais preocupantes: elas têm o dobro de chances de sofrer assédio sexual em comparação aos homens. No Brasil, a situação é ainda mais grave para as mulheres negras, que representam 52% das vítimas. “É como se o assédio fizesse parte do nosso cotidiano, mas falar sobre isso ainda é um tabu”, desabafa uma vítima que preferiu não se identificar.
O medo de denunciar
Apesar da gravidade, apenas metade das vítimas compartilha suas experiências. No Brasil, 92% dos casos de assédio não são denunciados, segundo dados locais. O medo de represálias, a falta de confiança nas investigações e a preocupação com a reputação são os principais motivos para o silêncio. “Muitas vezes, a vítima se vê sozinha, sem apoio da empresa ou dos colegas”, explica uma especialista em direitos trabalhistas.
Prevenção e combate: um caminho possível
A OIT reforça a necessidade de políticas claras e eficazes para prevenir e combater a violência no trabalho. Entre as medidas sugeridas estão a criação de canais seguros para denúncias, treinamentos regulares sobre o tema e a promoção de uma cultura organizacional que não tolere abusos. “As empresas precisam entender que isso não é só um problema individual, mas coletivo”, defende um representante da organização.
A luta contra a violência e o assédio no trabalho ainda é longa, mas iniciativas como essa mostram que mudar essa realidade é possível. Enquanto isso, milhares de trabalhadores seguem enfrentando o problema em silêncio, carregando um peso que vai muito além das horas no escritório.