Gutierres Fernandes Siqueira, teólogo pentecostal e membro da Igreja Evangélica Assembleia de Deus — Ministério do Belém, em São Paulo (SP), provocou uma reflexão em seus seguidores quanto aos principais desafios enfrentados pelo pentecostalismo no Brasil em uma publicação nas suas redes sociais.
Para o teólogo, também escritor e autor de Revestidos de Poder: Uma introdução à Teologia Pentecostal (CPAD); e Espírito e a Palavra: Fundamentos, características e contribuições da hermenêutica pentecostal (CPAD), os três maiores obstáculos que o pentecostalismo contemporâneo enfrenta são os “modismos”, a busca pelo poder político e o fenômeno do pós-pentecostalismo.
Ele pontuou que nos últimos 40 anos têm surgido muitos modismos dentro do pentecostalismo, incluindo doutrinas e práticas que, segundo ele, descaracterizam a essência da fé pentecostal devido ao excesso de subjetividade e descuido no estudo das Sagradas Escrituras.
Gutierres criticou veementemente a busca pelo poder político, tanto no âmbito partidário quanto eclesiástico, afirmando que essa busca tem levado muitos ao esquecimento dos verdadeiros valores espirituais em prol de interesses pessoais e corporativos.
O teólogo também alertou para o fenômeno do pós-pentecostalismo, que ele descreve como uma ameaça mais sutil e sofisticada, onde a fé pentecostal é reduzida a uma mera tradição, sem o verdadeiro desejo pelos dons espirituais e pelo Batismo no Espírito Santo.
Confira:
Os três maiores desafios do pentecostalismo contemporâneo são:
1. Os “modismos”. Nos últimos 40 anos, surgiram muitos modismos, incluindo doutrinas e práticas errôneas como a Teologia da Prosperidade, a Confissão Positiva, a Teologia da Batalha Espiritual supersticiosa, a Teologia do Domínio, a carismania (uso exagerado dos dons), entre outros. Essas práticas e ideias descaracterizam o pentecostalismo devido ao excesso de subjetividade, superstição e descuido no estudo das Sagradas Escrituras.
2. A busca do poder, não o poder de Deus, mas o poder dos homens, refere-se à política em sua forma mais baixa e caricata, caracterizada pela politicagem pura e simples, pela busca de privilégios e espaços de conforto. Esses são os profetas da corte, que sempre proclamam o que os reis corruptos querem ouvir, utilizando-se do carisma sem a preocupação com o caráter. E, ainda pior, existe a política eclesiástica – disputas dentro do Reino de Deus para saber quem é o maior, o mais importante, o mais influente, etc. A fome pelo poder político, seja partidário ou eclesiástico, já fez muitos morrerem espiritualmente – enquanto acreditam nos bajuladores que os chamam de “homens de Deus”. Vivem da pompa do passado – mas o passado simplesmente passou.
3. O pós-pentecostalismo, que representa uma ameaça mais sutil e sofisticada. Trata-se do pentecostalismo sem Pentecostes, reduzido a uma mera tradição, sem o desejo pelos dons e pelo Batismo no Espírito Santo, e que não reconhece uma teologia própria. Assumindo uma postura de inferioridade, acredita que o pentecostalismo não tem nada a ensinar, apenas a aprender, o que leva a um desconforto com qualquer proposta de teologia e hermenêutica pentecostal. O pós-pentecostal não difere de um mero continuísta teórico, mas com um agravante: extingue o Espírito, não como um crítico externo, mas a partir de dentro.