Não será nenhuma surpresa se o governador vencer no primeiro turno. A possibilidade existe e a cada dia se torna mais real. Não será por acaso, mas consequência de uma série de ações e decisões acertadas, no comando do governo e na articulação política. Há um ano era impensável para qualquer pessoa imaginar que o então vice-governador teria tamanha aceitação popular. Ao alcançar o governo, Wanderlei adotou uma estratégia valiosa na política: trabalhar em silêncio, sem arroubos nem paixões acaloradas que possam alimentar invejas e ressentimentos. E manteve uma agenda cheia de compromissos pelo interior do Estado.
É preciso reconhecer que Wanderlei conseguiu chegar onde chegou não apenas dizendo amém. Ele teve pulso para tomar decisões que muitos evitariam. Foi coerente e sensato ao evitar as investidas do deputado Eduardo Siqueira Campos (UB), que tentou “siqueirizar” seu governo. Também foi corajoso ao não terceirizar o comando da campanha para a senadora Kátia Abreu (pP), como fez o então governador Marcelo Miranda em 2014 – e deu no que deu: rompimento.
O Tocantins teria ganhado mais a senadora tivesse ajudado o governo em vez de trabalhar contra. Wanderlei também mostrou personalidade ao atender aos apelos dos prefeitos e lideranças municipais e buscar a Professora Dorinha (UB) para sua candidata ao Senado, sem ter de fazer injunções para impedir que Kátia tivesse o direito de concorrer.
A eleição no primeiro turno terá um forte impacto na estruturação do poder daqui para frente. Pode ser o início de um novo ciclo político no Estado, com o surgimento de um líder forte. Os próprios adversários já estão conscientes dessa possibilidade de decisão no primeiro turno. A ação de investigação judiciária eleitoral (AIJE) ajuizada pela coligação “O Futuro é Pra Já”, encabeçada pelo senador Irajá Abreu (PSD), contra o governador e seu vice, revela a percepção de que é preciso apresentar logo denúncias contra o governo, porque amanhã isso poderá ser apenas choro de derrotado.
Uma vitória eventual no primeiro turno é resultado do trabalho de campanha. É óbvio que a facilidade que Wanderlei encontrou para organizar uma campanha popular se deve ao fato de estar ocupando a cadeira de governador. No Tocantins, como em qualquer parte do Brasil, a grande maioria se identifica com o governo, qualquer que seja ele. A verdade é que Wanderlei é o único candidato que faz campanha de massa. Por onde passa, consegue mobilizar muita gente. Wanderlei tem cheiro de povo, tem uma linguagem simples e direta. Talvez pelo fato de ter sido vereador, Wanderlei faz um discurso para o cidadão comum, não para formadores de opinião, e consegue ser compreendido.
Dos oito candidatos ao governo do Tocantins – Ronaldo Dimas (PL), Luciano do Osvaldo Cruz (DC), Paulo Mourão (PT), Irajá Abreu (PSD), Wanderlei Barbosa (Republicanos), Ricardo Macedo (PMB), Karol Chaves (PSOL) e Carmen Hannud (PCO) – pelo menos três são tocantinenses: Wanderlei, Mourão e Macedo. Mas é Wanderlei quem melhor tira proveito desta condição. É chamado por populares de “curraleiro”, que significa “filho da terra”, tocantinense genuíno. Uma característica identitária que virou slogan da campanha e que veio das ruas.
Eleição consagradora
O que seria essa vitória consagradora em termos de Tocantins? Pelo nível de disputa destas eleições, uma votação acima dos 60% dos votos válidos pode ser considerada uma eleição consagradora. Na eleição mais importante das cinco que disputou e das quatro que venceu para o governo do Estado, o ex-governador Siqueira Campos foi reeleito, em 1998, no primeiro turno, com 61,6% dos votos válidos. As outras três venceu no primeiro turno, mas com índices bem abaixo da eleição de 1998.
A oito dias das eleições as pesquisas apontam que Wanderlei já supera os 62% dos votos válidos. Observando sua trajetória de crescimento que se mantém desde que se lançou candidato, se pode prevê que ele vá chegar ao dia da eleição com a possiblidade de alcançar até 63% dos votos válidos. Enquanto isso, seu principal concorrente, o ex-prefeito de Araguaína Ronaldo Dimas (PL), se mantém estacionado na faixa dos 20% dos votos válidos. Muito pouco para um candidato que se imaginava competitivo, com forte apoio do presidente da República e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) e o seu líder do governo no, Senado Eduardo Gomes (PL).
A vitória tranquila deve ser atribuída também aos concorrentes – Ronaldo Dimas, Paulo Mourão e Irajá Abreu – que fizeram uma campanha um tanto morna, com críticas indiretas ao governador. Na verdade, subestimaram o vice que ascendeu à condição de governador, não acompanharam seu governo e preferiram atacar os ex-governador que não concluíram seus mandatos. Uma estratégia que terminou poupando o governo Wanderlei de qualquer responsabilidade pela instabilidade institucional que vive o Tocantins. Só esta semana se viu alguma crítica mais contundente ao governador, o que o fez inclusive cancelar a participação em debates.
Nesta última semana ainda tem debate e certamente mais denúncias contra o ocupante do Palácio Araguaia. Mas dificilmente será capaz de interromper a tendência de decisão no primeiro turno. Quanto mais cedo for a decisão, melhor para o Estado que espera muito do próximo governo.
Com informações Jornal Opção