Da Redação JM Notícia
Na última sexta-feira (25) os irlandeses votaram um referendo sobre a legalização do aborto e 66% deles votaram favoravelmente a interrupção da gravidez. O resultado mostra que a Igreja Católica tem perdido a autoridade entre a população que já há três anos legalizou a união entre pessoas do mesmo sexo.
Os jornais irlandeses comentaram exatamente essa ruptura entre a população e os pensamentos conservadores.
O “Irish Times” resume a mudança com estas palavras: “a ilusão de uma Irlanda conservadora e dogmaticamente católica foi pelos ares”.
“O que aconteceu no referendo é um cataclismo, mas foi um cataclismo ainda maior a tomada de consciência de que o voto refletia, sobretudo, uma mudança, em vez de iniciá-la”, acrescentou o jornal ao dizer que autorizar o aborto é um passo ao futuro.
O jornal “Sunday Business Post” também celebrou a decisão considerando que os irlandeses lutaram contra seu passado e votaram para “redefinir seu futuro”.
Para o “Sunday Independent”, “a impressionante margem do ‘sim’ minimiza a política tal como a conhecemos e amplifica um ruído visceral, gutural, que traduz uma vontade de pôr fim a décadas de hipocrisia e de vergonha”.
No Reino Unido, “The Observer” diz acreditar que os resultados da consulta mostram não apenas um amplo apoio aos direitos das mulheres, mas também “uma ruptura com um dos últimos vestígios da influência da Igreja sobre o Estado”.
Já o “Sunday Telegraph” afirma que “essa decisão terá consequências na Irlanda do Norte”, onde, ao contrário do resto do Reino Unido, o aborto é permitido apenas quando a vida da mãe está em perigo. Em todos os demais casos, as mulheres que se submetem a uma interrupção voluntária da gravidez podem ser condenadas à prisão perpétua.
A pressão crescia neste domingo em torno da primeira-ministra conservadora Theresa May para que faça uma reforma nessa província britânica, que não tem governo local desde 2017.