A Polícia Federal (PF) apresentou um relatório sobre a atuação das forças de segurança do Distrito Federal (DF) durante os ataques aos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, apontando falhas “evidentes” no controle da situação. O documento foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e encaminhado pelo ministro relator Alexandre de Moraes à Procuradoria-Geral da República (PGR) no dia 28, para análise.
No relatório, a PF destacou a ausência do então secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, que assumiu o cargo após deixar o Ministério da Justiça no governo de Jair Bolsonaro (PL). Torres viajou de férias para Orlando, nos Estados Unidos, dois dias antes dos ataques.
Anderson Torres, acusado de omissão, foi preso ao retornar ao Brasil uma semana após os eventos. Em maio de 2023, o Supremo concedeu-lhe liberdade provisória, mas ele continua sob investigação pelo possível envolvimento na tentativa de golpe.
Outro investigado no caso é o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB). Ambos prestaram depoimentos à PF e negam as falhas mencionadas.
O documento da PF aponta a “falta de ações coordenadas” e a “restrição na difusão de informações cruciais” como motivos para a “ineficiência das forças de segurança”.
“Conclui-se que as falhas da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF) no enfrentamento das manifestações de 08/01/2023 são evidentes, especialmente pela ausência inesperada de seu principal líder, Anderson Gustavo Torres, em um momento de extrema relevância aliado a falta de ações coordenadas e a difusão restrita de informações cruciais contidas no Relatório de Inteligência no 06/2023 foram fatores decisivos que contribuíram diretamente para a ineficiência da resposta das forças de segurança”, registra o relatório.
A corporação reforça que, além da ausência de Torres, a falta de coordenação e a limitação na disseminação de informações importantes contribuíram para a incapacidade das forças de segurança do DF em impedir os ataques.