Por meio de um decreto publicado no dia 11 de julho pelo presidente do Iraque, Abdul Latif Rashid, o líder cristão de uma igreja tradicional local foi destituído. Por causa do decreto presidencial, Louis precisou deixar a casa pastoral onde vivia, em Bagdá, capital do país.
Em uma carta aberta, o líder destituído, Louis Raphael Sako, compartilhou sua preocupação com a atitude do governo. Foi um ato contra ele e contra a igreja sem explicação. O pedido que ele fez ao presidente de esclarecimento sobre os motivos da interferência continua sem resposta.
Possível retaliação
Algumas semanas antes da intervenção presidencial, o líder cristão discordou de modo pacífico de um aliado do presidente, Rayan al-Kaldani, conhecido como líder do movimento Babilônia, associado a um partido político que ignora as minorias religiosas perseguidas, como os cristãos. O privilégio político de Rayan pode ter sido a causa da postura do presidente.
Enquanto aguarda um esclarecimento, expulso do local onde vivia, o cristão está morando na região do Curdistão. Esse tipo de interferência do Estado na liderança religiosa é algo inédito no Iraque e preocupa a comunidade cristã local.
Mobilização da Portas Abertas
No dia 3 de agosto, a Portas Abertas Internacional fez uma declaração oficial solicitando a reconsideração da decisão do presidente. A intervenção viola a constituição do Iraque quanto à intervenção do Estado na organização das igrejas e se caracteriza como uma ação discriminatória contra minorias religiosas não muçulmanas.
“Estamos preocupados com a decisão do presidente, tanto pela falta de resposta aos pedidos de esclarecimento sobre os motivos para essa atitude quanto pelo silêncio do parlamento e do primeiro-ministro que pode resultar em sérios prejuízos para a igreja cristã no Iraque”, afirmam os representantes da Portas Abertas na declaração que pede o apoio da comunidade internacional contra as violações constitucionais e de liberdade religiosa.
O Iraque abriga uma das comunidades cristãs mais antigas, com diversas igrejas históricas e também faz parte dos 50 países onde há perseguição aos cristãos, a Lista Mundial da Perseguição 2023. A medida ameaça a existência dos cristãos no Iraque no contexto pós-invasão do Estado Islâmico.