Para a comunidade médica mundial, parece ser consenso que nenhuma orientação sexual é doença. Desde 1973, quando a Associação Americana de Psiquiatria retirou a homossexualidade da lista de transtornos mentais ou emocionais, sua decisão foi seguida por todas as entidades de psicologia e psiquiatria no mundo.
Isso deu um apoio sem precedentes para os ativistas, que passaram a ver fortalecida sua agenda, hoje quase uma normativa dentro das Nações Unidas e órgãos ligados a ela.
O próximo alvo é retirar os casos de pessoas transgênero da lista de doenças mentais. O primeiro passo concreto para isso foi dado pela Dinamarca, que fará isso em 2017, após decisão tomada pela Comissão de Saúde do Parlamento dinamarquês.
Tal iniciativa já influencia a decisão a ser tomada em breve pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que ainda inclui o transgênero na categoria de doenças. Subordinada à ONU, a OMS está sendo pressionada pela Anistia Internacional e associações de defesa dos direitos do LGBT.
A nova Classificação Internacional de Doenças (CID), publicado pela OMS, deve ser lançada em maio de 2018. Ela influencia o tratamento das pessoas em todo o mundo. A decisão de retirar a transgeneridade deverá causar impacto na aceitação por parte da sociedade e na luta por direitos dessas pessoas.
A próxima edição do CID deverá ter uma seção dedicada exclusivamente a condições que não são mais consideradas distúrbios, mas exigem algum tipo de intervenção médica. Com isso, a OMS espera garantir de que os transgêneros continuem recebendo tratamento de redes públicas e particulares.
Segundo o jornal The New York Times, um novo estudo pressiona a mudança da antiga designação.
Geoffrey Reed, psicólogo que coordenou o grupo que discute transtornos de saúde mental e de comportamento para a nova publicação da OMS, explica que um estudo conduzido por ele foi feito no México. A maioria dos entrevistados afirma que sentiu desconforto com a identidade de gênero durante a adolescência.
A maioria dos que se sentiram incomodados ou disfuncionais no trabalho, lar ou escola, atribuía isso ao modo como eram tratados – sendo rejeitados ou atacados– mais do que com a identidade de gênero em si. Agora, estudos similares estão sendo conduzidos no Brasil, na Índia, no Líbano, na África do Sul e na França.
A condição emocional resultante da insatisfação do indivíduo transgênero atualmente é chamada de “disforia de gênero”. Ela exige intervenção especializada para adaptar o corpo do paciente à imagem que ele tem dele mesmo.
Estudos contraditórios
Joshua Safer, médico endocrinologista que comandou uma pesquisa da Escola de Medicina da Universidade de Boston, defende que “a identidade de gênero é um fenômeno biológico”, que teria possíveis origens biológicas. Sendo assim, não poderia ser “suprimida” através de uma intervenção psicológica.
Ele cita outro estudo, da Universidade de Medicina de Viena, de 2008, que apontou como possível causa o gene CYP17, o qual está relacionado com níveis elevados dos hormônios sexuais estradiol, progesterona e testosterona.
Em 2011, uma equipe de pesquisadores da Suécia, ligados ao Instituto Karolinska e a Universidade de Gothenberg, publicou um estudo sobre 324 pessoas que passaram por esse tipo de cirurgia entre 1973 e 2003. Após acompanhá-los por 11,4 anos, em média, constatou que homens e mulheres que mudaram de sexo tinham taxas de mortalidade três vezes maiores que a média nacional. O suicídio era a principal causa. Com informações de Christian Headlines via Gospel Prime