O Mar Morto, símbolo de esterilidade, testemunha lagoas de água doce com peixes em suas margens — fenômeno que cientistas vinculam a mudanças geológicas e entusiastas das escrituras veem como cumprimento de profecias milenares.
Ambiente e Vida no Mar Morto: Um Paradoxo em Evolução
Quase dez vezes mais salgado que os oceanos, o Mar Morto desafiava até pouco tempo a própria possibilidade de vida. Em 2025, porém, testemunhamos um cenário transformador: crateras subterrâneas (“bolaines”) formadas pelo recuo das águas — que diminuem até um metro por ano — estão sendo preenchidas por nascentes de água doce. Observadores como Aline Szewkies e Samantha Siegel documentaram dezenas dessas lagoas, habitadas por espécies como a tilápia e revestidas por vegetação resiliente. “É como ver a natureza reescrevendo suas próprias regras”, descreve Szewkies.
Profecia de Ezequiel em Movimento
As descobertas ecoam as palavras de Ezequiel 47:9: “toda criatura vivente que passar por onde entrarem estes rios viverá“. Para comunidades religiosas, as nascentes que brotam do subsolo — muitas próximas a Jerusalém — simbolizam o “fluir das águas vivas” previsto. Curiosamente, análises hidrológicas de 2025 confirmaram que parte dessas fontes se origina de aquíferos sob as colinas de Judá, alinhando-se geograficamente com a descrição bíblica.
Ciência e Revelações Subterrâneas
Em 2011, mergulhadores da Universidade Ben Gurion descobriram crateras subaquáticas com microbios extremófilos. Hoje, sabe-se que essas estruturas são pontos de emissão de água doce, conectadas a fraturas tectônicas. Satélites da ESA revelaram em 2025 que o fluxo subterrâneo para o Mar Morto triplicou na última década, alimentando não só as bolaines, mas também nascentes termais na costa leste — agora monitoradas pelo projeto Águas de Renovação, uma cooperação Israel-Jordânia.
Um Futuro entre a Fé e a Geologia
Enquanto ambientalistas alertam para o risco de erosão acelerada pelas bolaines, teólogos debatem se as mudanças são um prelúdio para as “águas que curam” de Ezequiel. O governo israelense, por sua vez, investe em parques ecológicos nas novas zonas úmidas. “Isso não é só ecologia”, diz Siegel. “É a terra se regenerando, verso por verso.” Com o Projeto Canais de Vida prometendo reflorestar áreas desertas até 2030, a fronteira entre milagre e geohidrologia nunca foi tão tênue.