As luas de sangue são sinais? Ou são simplesmente obras das mãos de Deus?
Na próxima sexta-feira (27), o planeta Terra vai passar pelo mais longo eclipse lunar do século. Será 1h42 de fase total – quando o satélite ficará inteiro “escurinho” – acompanhado de um fenômeno chamado “Lua de sangue”. Esse fenômeno, que dá à Lua um tom avermelhado, é provocado pelos mesmos fatores que fazem o céu ser azul.
Alguns cristãos associam as tétrades (em número de quatro) de luas de sangue com eventos significativos na história judaica e afirmam que algo abalador acontecerá a Israel durante a atual tétrade, que ia de abril de 2014 até setembro de 2015
O que a ciência diz
No eclipse, Sol, Terra e Lua ficarão alinhados, e nosso planeta bloqueará a passagem dos raios solares até o satélite. A forma como as cores são “desviadas” ao passar pela atmosfera e a posição dos astros criarão o tom vermelho.
Para entender a “Lua de sangue” é importante saber como os raios solares se comportam na atmosfera. A luz solar é a soma de todas as cores. Quando essa luz chega na camada de ar da Terra, cada cor se espalha de uma forma. Vale lembrar da sequência de cores do arco-íris:
- violeta
- anil
- azul
- verde
- amarelo
- laranja
- vermelho
Nessa escala, quanto mais perto do violeta, mais se espalha na atmosfera. Quanto mais perto do vermelho, menos se espalha.
“As cores da luz do Sol são afetadas de maneira diferente. A luz mais azul é muito mais afetada, mais espalhada à medida que vai passando”, explica Thiago Signorini Gonçalves, da Sociedade Astronômica Brasileira.
Por isso, quando estamos na Terra e olhamos para cima o céu é azul. A cor azul se “espalhou” por toda a atmosfera. A percepção dos nossos olhos também influencia. Temos mais facilidade para perceber o azul e o verde. Por isso, o céu é azul para nós. Nesse caso, tem a ver com a nossa fisiologia também.
Nesta sexta-feira, durante o eclipse, a lua de sangue acontecerá assim:
- A Terra vai bloquear os raios do Sol
- Alguns deles passarão pela atmosfera
- A cor azul se espalhará na camada de ar da Terra
- E os raios vermelhos, que se espalham menos, passarão
- A Lua refletirá então esses raios e ficará “de sangue”
Na última sexta-feira (20), o G1 explicou que o eclipse lunar total vai ser o mais longo do século. O eclipse começa às 16h30, mas a Lua não terá nascido no Brasil ainda. A partir das 17h15 ela aparece no Recife, a capital brasileira com mais tempo para admirar a fase total, que termina às 18h13 minutos. A parcial, quando a Lua está só um pedaço coberta pela sombra, ocorre até 19h19 e poderá ser vista em todo o país.
O que os teólogos dizem?
A profecia bíblica certamente fala de uma lua de sangue. O profeta Joel teve uma visão sobre ela quando profetizou sobre “o grande e terrível Dia do Senhor”:
“Mostrarei prodígios no céu e na terra: sangue, fogo e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor” (Jl 2.30-31).
Mais tarde, Lucas citou Joel em Atos 2.20, e o apóstolo João usou a mesma profecia em Apocalipse: “O sol se tornou negro como saco de crina, a lua toda, como sangue” (Ap 6.12).
Cada vez que a lua de sangue é mencionada, é em conjunção com outros eventos cósmicos que ocorrem simultaneamente. Portanto, se uma lua de sangue ocorreu, também deveremos esperar um sol escurecido e somente uma lua de sangue, não tétrades. Além do mais, cada escritor [bíblico] apontava para o mesmo acontecimento futuro.
Defensores das profecias das luas de sangue afirmam que as tétrades apareceram durante importantes acontecimentos na história de Israel: a expulsão dos judeus da Espanha em 1492, a independência de Israel em 1948, e em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias.
Todavia, a primeira lua de sangue ocorreu em abril de 1949, depois que Israel já havia obtido sua independência, em maio de 1948. Semelhantemente, uma tétrade apareceu em 1493, um ano depois que o povo judeu foi expulso da Espanha. Se as luas de sangue fossem sinais, elas deveriam ter acontecido antes desses eventos. Mark Hitchcook, estudioso das profecias e da Bíblia, escreveu:
Considere, por exemplo, que você esteja dirigindo por uma auto-estrada e vê um sinal de saída depois que você tiver passado por ele. Aquele sinal não será de grande serventia. [Da mesma forma], a tétrade da lua de sangue de 1493-1494 não pode ser um sinal daquilo que aconteceu em 1492. Isto simplesmente não se encaixa na definição de sinal.[1]
Atribuir valor profético a essas luas de sangue é algo que atrai a nossa atenção, mas os eventos a que se referem são aleatórios.
Alguns envolveram um problema sério, mas terminaram em alegria, como é o caso da independência de Israel e da Guerra dos Seis Dias, enquanto que outros terminaram somente em pesar, como é o caso da expulsão dos judeus da Espanha.
Além disso, houve importantes eventos históricos envolvendo os judeus, tais como a destruição dos dois Templos e o Holocausto, que não foram acompanhados pelas luas de sangue.
Por que não?
Porque existe apenas uma “lua de sangue” bíblica, e ela brilhará em lugar de um Sol escurecido e de estrelas apagadas, quando o Senhor julgar este mundo. Até então, cada lua de sangue é um exemplo da majestosa obra das mãos de Deus.
Com informações Chamada e G1