Lideranças da Igreja Quadrangular se enfrentam em crise que já dividiu igreja do Pará

Um vídeo vazado de uma reunião tensa entre pastores da Igreja Quadrangular expôs uma crise interna que culminou na saída de superintendentes estaduais e no rompimento de uma comunidade de 10 mil membros em Belém (PA). O conflito, gravado em 17 de fevereiro de 2025, envolve acusações de desvio doutrinário e falta de confiança na liderança nacional, comandada pelo pastor Mário de Oliveira. A tensão se intensificou após a desvinculação do pastor Lourival Pereira, que criticou publicamente a direção da denominação.

Reunião tensa e demissões públicas

O vídeo que circulou nas redes sociais mostra o pastor Mário de Oliveira, presidente nacional da Igreja Quadrangular, confrontando dois superintendentes estaduais sobre uma foto ao lado de Lourival Pereira, ex-líder que deixou a instituição em meio a divergências. Após confirmarem a autenticidade da imagem, Oliveira ordenou a saída imediata dos pastores do cargo e da reunião, declarando: *“Vocês estão dispensados do cargo de superintendentes. Fique aqui só quem é de confiança”*. Um terceiro líder presente renunciou espontaneamente, enquanto outro pastor reagiu com duras palavras: *“Fique com a igreja, porque a presença de Deus você já perdeu”*.

Rompimento histórico na maior comunidade quadrangular

A Catedral da Família, no bairro do Guamá (Belém), liderada por Lourival Pereira, formalizou sua desvinculação da Quadrangular do Brasil em 22 de fevereiro, após anos de críticas à gestão de Oliveira. Em entrevista ao Portal Roma News, Pereira acusou o presidente nacional de pregar *“várias heresias”* disponíveis em vídeos no YouTube e lamentou a inação do Conselho Nacional da igreja. *“Ninguém o contraria, e essa é uma das razões [do rompimento]”*, afirmou. O evento de desligamento reuniu quase 10 mil fiéis, marcando uma das maiores cisões recentes no cenário religioso brasileiro.

Críticas à gestão e tensão doutrinária

A crise reflete disputas que vão além da administração, atingindo questões teológicas. Lourival Pereira destacou que as mensagens de Oliveira divergem dos fundamentos da denominação, fundada em 1951 com ênfase na cura divina e na pregação apostólica. Enquanto a Nacional mantém silêncio sobre as acusações, fiéis e pastores regionais questionam a centralização de poder e a falta de diálogo. A exclusão pública dos superintendentes no vídeo simboliza, para críticos, uma gestão autoritária que prioriza lealdade acima de debates institucionais.

O futuro de uma denominação em crise

O desfecho dessa divisão ainda é incerto. Enquanto a Catedral da Família inicia uma nova fase independente, a Quadrangular do Brasil enfrenta o desafio de preservar sua unidade nacional. Especialistas em religião avaliam que episódios como esse podem influenciar migrações de fiéis e reconfigurar o mapa das igrejas evangélicas no país, especialmente no Norte, onde a denominação tem forte base. A reconciliação, se possível, dependerá de transparência e revisão de práticas que restaurem a confiança nas lideranças.