O relacionamento de Jesus com as mulheres foi um aspecto fundamental de seu ministério. Durante o primeiro século, a sociedade judaica era profundamente patriarcal, e as mulheres eram frequentemente marginalizadas e subestimadas. No entanto, as Escrituras nos mostram que Jesus desafiou essas normas, oferecendo uma nova visão sobre o valor e o papel das mulheres no plano divino. Neste artigo, explorarei as atitudes e ações de Jesus em relação às mulheres, baseando-me nas Escrituras e nos significados que elas carregam, com uma análise sobre como esse comportamento revolucionário refletia a vontade de Deus.
A relação de Jesus com as mulheres não foi apenas uma questão de compaixão, mas também uma questão de respeito profundo e igualdade. Ao contrário das práticas religiosas de sua época, que viam as mulheres como cidadãs de segunda classe, Jesus as tratava com dignidade e respeito, muitas vezes desafiando as convenções culturais e religiosas de seu tempo.
Jesus teve um encontro significativo com a mulher samaritana junto ao poço de Jacó, conforme narrado em João 4. Esse diálogo revelou muito sobre o tratamento de Jesus em relação às mulheres e as barreiras culturais e religiosas que Ele desafiava. As mulheres samaritanas eram frequentemente desprezadas pelos judeus, e a mulher em questão estava em uma situação moral delicada, vivendo com um homem que não era seu marido. Contudo, Jesus não a julgou, mas ofereceu-lhe a “água viva”, uma metáfora para Sua mensagem de salvação (João 4:13-14). Ao revelar a Sua identidade como Messias à mulher samaritana (João 4:26), Jesus não apenas ofereceu redenção a ela, mas também abriu as portas para a missão de levar o Evangelho àqueles que eram excluídos pela sociedade religiosa judaica.
Outro exemplo significativo foi o caso da mulher adúltera, descrito em João 8:1-11. Quando os líderes religiosos trouxeram a mulher apanhada em adultério, esperando que Jesus a condenasse conforme a Lei de Moisés, Ele respondeu com uma lição profunda sobre misericórdia e perdão. Sua frase: “Aquele que de entre vós está sem pecado, seja o primeiro que lhe atire uma pedra” (João 8:7), desafiou a hipocrisia dos acusadores e ofereceu à mulher a chance de se arrepender e mudar sua vida. Ao não a condenar, mas ao invés disso oferecer perdão e encorajamento para não pecar mais, Jesus demonstrou Sua postura inclusiva e salvadora em relação às mulheres.
Em momentos cruciais de Sua vida, Jesus escolheu mulheres para serem testemunhas da Sua ressurreição. Nos quatro Evangelhos, as mulheres desempenham papéis fundamentais na descoberta do túmulo vazio e na proclamação da boa nova de Sua ressurreição (Mateus 28:1-10; Marcos 16:9-10; Lucas 24:1-10; João 20:11-18). Em uma cultura onde o testemunho feminino era frequentemente considerado inválido, Jesus escolheu mulheres para serem as primeiras a anunciar o evento mais importante da história, Sua vitória sobre a morte. A escolha de mulheres como portadoras da notícia da ressurreição é uma forte declaração do valor que Jesus atribui às mulheres, desafiando as normas culturais e elevando o papel delas como agentes ativos no Reino de Deus.
Embora o número de mulheres entre os discípulos de Jesus não tenha sido tão grande quanto o número de homens, elas desempenhavam papéis essenciais em Seu ministério. Em Lucas 8:1-3, somos informados de que várias mulheres, como Maria Madalena, Joana e Susana, acompanhavam Jesus e os doze discípulos, ajudando a financiar e apoiar o ministério de Jesus. O fato de Jesus permitir que as mulheres se associassem a Ele, não apenas como curadas e beneficiárias de Sua misericórdia, mas também como colaboradoras ativas em Seu ministério, é outro sinal claro de Seu respeito por elas e da importância que Ele lhes dava.
A relação de Jesus com as mulheres foi radicalmente inclusiva e revolucionária para o seu tempo. Ele desafiou as normas sociais e religiosas que marginalizavam as mulheres, tratando-as com respeito, dignidade e compaixão. Jesus não só tratou as mulheres como iguais, mas também as elevou a papéis importantes no Seu ministério e no anúncio do Reino de Deus. Esses exemplos mostram que, para Jesus, as mulheres não eram apenas espectadoras, mas participantes ativas no plano divino. Sua atitude para com as mulheres não só reflete o caráter amoroso de Deus, mas também serve como um modelo para a Igreja em todos os tempos.
Por: Rildo M Diniz
Escritor e Bacharel em Teologia (FAETEL/SP) Especialista em Antigo Testamento Bíblico (Unicesumar/PR)