Inflação inicia 2025 no menor ritmo histórico, mas comida ainda pressiona orçamento
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) registrou alta de 0,16% em janeiro de 2025, menor patamar já visto para o mês na série histórica. O dado, divulgado nesta terça-feira (11) pelo IBGE, reflete quedas nas tarifas de energia, mas contrasta com aumentos persistentes em alimentos. O resultado superou levemente as projeções do mercado, que esperavam 0,15%.
Desaceleração histórica em meio a custos controlados
Com a variação de 0,16%, janeiro de 2025 registrou a inflação mais baixa para o período desde o início da série do IPCA em 1980. O índice ficou abaixo do 0,21% de janeiro de 2020, período pré-pandemia, e consolidou uma tendência de arrefecimento após medidas de controle de preços monitorados. Setores como habitação (-1,2%) e transportes (-0,4%) puxaram a desaceleração, influenciados por reduções nas contas de luz em 18 estados.
Alimentos mantêm trajetória de alta em meio a instabilidades
Enquanto itens regulados recuaram, a cesta básica seguiu em ascensão, com alta de 1,8% no mês. Produtos como arroz (3,1%), feijão (2,7%) e carnes (1,5%) lideraram os reajustes. Especialistas apontam que eventos climáticos em regiões produtoras e ajustes sazonais após as festas de fim de ano contribuíram para o movimento. “Ainda há um descompasso entre setores: enquanto energia alivia, alimentos seguem como um nó crítico”, analisa Larissa Campos, economista do Instituto de Estudos Econômicos.
Expectativas do mercado e cenário futuro
O resultado ficou 0,01 ponto percentual acima das projeções financeiras, que previam 0,15%. Para analistas, a combinação entre políticas de contenção de preços administrados e pressões setoriais exigirá atenção. O Banco Central monitora especialmente serviços (0,9%) e alimentação fora do lar (1,2%), itens com resistência à desinflação. A meta oficial para 2025 permanece em 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto.
Impactos regionais e no poder de compra
Cinco capitais apresentaram deflação em janeiro, com destaque para São Luís (-0,3%) e Campo Grande (-0,2%). No extremo oposto, Porto Alegre (0,8%) e Florianópolis (0,7%) lideraram as altas. Apesar do alívio geral, famílias de baixa renda seguem mais expostas: 30% do orçamento destes grupos é comprometido com alimentação, segundo o Dieese.