Inflação em janeiro tem menor alta desde Plano Real após desaceleração

A inflação oficial do país desacelerou em janeiro, com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrando alta de 0,16%, a menor para o mês desde 1994. O resultado, divulgado pelo IBGE nesta terça-feira (XX), reflete quedas em setores como transporte e alimentação. A taxa consolida um cenário de controle de preços após medidas governamentais e melhora na oferta de produtos essenciais.

Transporte e alimentação puxam queda nos preços

O grupo de transportes apresentou deflação de 0,33% em janeiro, influenciado pela redução nos preços dos combustíveis (-1,04%), especialmente etanol e gasolina. Já alimentos e bebidas, que costumam pressionar o índice, tiveram alta de apenas 0,13%, a menor desde 2020. Itens como feijão (-8,18%) e tomate (-14,87%) contribuíram para o alívio nos custos, enquanto o arroz subiu 7,3%. Outros setores, como habitação (0,35%) e saúde (0,62%), mantiveram tendência moderada.

Menor taxa desde o início do Plano Real em 1994

O índice de janeiro é o mais baixo para o período desde a criação do Plano Real, há 30 anos. Em comparação, em 2023, o IPCA do primeiro mês do ano havia ficado em 0,53%. A queda acumulada nos últimos 12 meses chegou a 4,47%, dentro da meta do Banco Central (3% a 6%). Economistas destacam que o cenário atual contrasta com a inflação de dois dígitos registrada entre 2021 e 2022, quando a pandemia e crises globais impactaram a economia.

Causas da desaceleração incluem política econômica e oferta

Especialistas apontam que a redução de impostos sobre combustíveis e energia, aliada à política monetária restritiva do BC, ajudaram a frear os preços. O aumento da safra agrícola também melhorou a oferta de alimentos, enquanto a desaceleração global diminuiu pressões externas. Para Maria Souza, economista da Consultoria X, “a combinação de fatores internos e externos criou um ambiente mais estável, mas é preciso cautela com volatilidades climáticas e geopolíticas”.

Especialistas veem alívio, mas alertam para desafios

Apesar do cenário positivo, analistas reforçam que setores como educação (0,72%) e serviços pessoais (0,54%) ainda pressionam o bolso das famílias. O governo federal sinaliza que manterá medidas de incentivo à produção, mas o mercado monitora riscos como a alta do petróleo e eventuais quebras na safra agrícola. Para 2024, a expectativa é que o IPCA feche em 3,8%, segundo relatório Focus, abaixo do piso da meta em caso de novas quedas.