“Heresia ou modismo?”: AD em Cuiabá proíbe “janeiro profético”; teólogo comenta

Em comunicado oficial divulgado no dia 22 de dezembro de 2023, a Assembleia de Deus de Cuiabá e Região anunciou a proibição do uso do termo “Janeiro Profético” em eventos e cultos realizados pela igreja. O comunicado foi feito pelo Pr. Silas Paulo de Souza, presidente das Igrejas Assembleias de Deus em Cuiabá (MT).

O documento destaca que a decisão foi tomada considerando a crescente popularização do termo “Janeiro Profético” em alguns círculos religiosos no Brasil, principalmente no início de cada ano. A igreja argumenta a necessidade de uma abordagem cuidadosa no uso de termos e expressões no ambiente cristão, visando evitar mal-entendidos e distorções entre os membros da igreja e a comunidade em geral.

A falta de tradição estabelecida na Assembleia de Deus de Cuiabá e Região quanto ao uso da expressão, bem como de outros termos e jargões disseminados no ambiente eclesiástico, foi apontada como outro motivo para a proibição. A nota enfatiza que a denominação não recomenda a utilização da designação de eventos e cultos com o termo “Janeiro Profético” e expressões semelhantes.

“Considerando que o termo “Janeiro Profético” tem se popularizado em alguns círculos religiosos no Brasil, especialmente no início de cada ano.

Considerando a necessidade de utilização cuidadosa de termos e expressões no ambiente cristão, a fim de evitar mal-entendidos e distorções entre membros da igreja e comunidade em geral.

Considerando a falta de tradição estabelecida na Assembleia de Deus de Cuiabá e Região na utilização da expressão, bem como de outros termos e jargões disseminados no ambiente eclesiástico.

Diante disso, não se recomenda a utilização da designação de eventos e cultos com 0 termo “Janeiro Profético”, bem como de expressões semelhantes, no âmbito da Assembleia de Deus de Cuiabá e Região.” – Comunicado

Heresia ou modismo?

O pastor e teólogo José Gonçalves, escritor e comentaristas da lições bíblicas da CPAD, comentou brevemente sobre o assunto em suas redes sociais. Ele compartilhou um trecho de seu livro “Porção Dobrada: uma análise bíblica, teológica e devocional sobre os ministérios proféticos de Elias e Eliseu”, publicado em 2013. No texto, Gonçalves questiona a validade do jargão “Eu profetizo sobre a tua vida”, argumentando que verdadeiras profecias bíblicas têm sua origem em Deus e não na vontade humana.

“Hoje está na moda o famoso jargão: “Eu profetizo sobre a tua vida”. Esse jargão é muito bonito e vem vestido de roupagens espirituais, mas não passa de uma presunção humana. Isso por uma razão bem simples: nenhuma profecia, que se ajuste ao modelo bíblico, tem seu ponto de partida na vonta de humana (2 Pe 1.20,21). Esse fato é demonstrado pela expressão: “Assim diz o Senhor” (2 Rs 2.21; 3.16). As palavras de Eliseu: “Flecha da vitória do Senhor” (2 Rs 13.17), possui sentido semelhante. A profecia tem sua origem em Deus e não no homem. Eliseu não profetizou antes para depois se inspirar, mas foi primeiramente inspirado para depois profetizar (2 Rs 3.15)” – José Gonçalves

O comunicado da Assembleia de Deus de Cuiabá e Região e a posição teológica de José Gonçalves trazem a oportunidade de um debate das denominações históricas analisarem o assunto à luz da Bíblia.

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