Uma análise recente tem comparado as previsões da vidente búlgara Baba Vanga, falecida em 1996, com antigas profecias bíblicas. O debate ganhou força nas redes sociais após publicações destacarem similaridades entre os dois conjuntos de previsões. Especialistas alertam, porém, que as comparações misturam contextos históricos e crenças distintas.
A clarividente dos Bálcãs e seu legado controverso
Conhecida como a “Nostradamus dos Bálcãs”, Baba Vanga atraiu atenção mundial por supostamente prever eventos como a Segunda Guerra Mundial, a queda da União Soviética e até ataques terroristas do século XXI. Suas profecias, muitas vezes vagas, são reinterpretadas após os fatos por seguidores, que veem nelas um mapa do futuro. “Ela falava em metáforas, o que permite múltiplas leituras”, explica Ivan Petrov, pesquisador búlgaro que estuda seu trabalho. Apesar da fama, críticos questionam a falta de registros precisos e o caráter genérico de suas declarações.
Textos milenares e interpretações apocalípticas
Já as profecias bíblicas, como as do Livro do Apocalipse ou de Daniel, estão enraizadas em contextos religiosos e simbologias específicas. Enquanto Vanga focava em eventos terrestres e políticos, os textos sagrados mesclam espiritualidade, julgamento divino e renovação cósmica. “Não dá para igualar uma figura como Vanga a profetas bíblicos, que falavam de fé e redenção”, comenta a teóloga Maria Souza. Ela ressalta que as escrituras foram construídas ao longo de séculos, com propósitos teológicos claros, diferente das previsões modernas.
Especialistas pedem cautela nas comparações
Historiadores e religiosos concordam: misturar as duas tradições é um equívoco. Enquanto as profecias de Vanga são vistas como curiosidade cultural, as bíblicas carregam peso doutrinário para milhões de fiéis. “São universos separados. Um é folclore; o outro, base de fé”, define o professor de religião Carlos Mendonça. Além disso, eventos como guerras ou desastres naturais são recorrentes na história humana, o que facilita associações casuais entre previsões e realidades.
O fascínio humano pelo desconhecido
O interesse por profecias, seja de Vanga ou da Bíblia, reflete uma busca por respostas em tempos de incerteza. Psicólogos apontam que crises globais, como pandemias ou mudanças climáticas, reacendem o apelo por narrativas que deem sentido ao caos. “Previsões oferecem uma ilusão de controle”, analisa a psicóloga Fernanda Torres. Seja por misticismo ou fé, o que une esses discursos é a tentativa de decifrar o amanhã — mesmo que ele permaneça um enigma.