Conta de luz dispara e inflação em fevereiro tem maior alta para o mês em 9 anos

Brasileiros viram o orçamento apertar ainda mais em fevereiro de 2025, com a prévia da inflação subindo 1,23% – maior valor para o período desde 2016. O dado, divulgado pelo IBGE nesta terça-feira (25), reflete o fim de descontos na energia elétrica e pressões do setor habitacional. Em 12 meses, o índice acumula alta de 4,96%, ultrapassando a meta do governo e acendendo alertas sobre o custo de vida.

Choque nas tarifas puxa disparada

O fantasma da conta de luz voltou a assustar: o setor habitacional foi o maior vilão, com alta de 4,34% puxada por reajustes de 16,33% na energia elétrica. A explicação está no fim do Bônus Itaipu, desconto que aliviou as tarifas em janeiro. “Quando a bandeira vermelha some da fatura, o consumidor sente o baque no bolso”, explicou Lara Pontes, economista da XP Investimentos, lembrando que famílias de baixa renda gastam até 10% da renda com utilities.

Alimentos dão trégua, mas alívio é curto

Enquanto a luz pesou no bolso, a mesa do brasileiro teve respiro. A inflação dos alimentos desacelerou para 0,61% – menor patamar desde setembro de 2024. Itens como arroz (-1,2%) e feijão (-0,8%) recuaram, mas especialistas advertem: “É uma calmaria temporária. A safra recorde de grãos ajuda, mas os custos logísticos seguem pressionando”, ponderou o analista Marcos Rocha, do Itaú BBA.

Meta do ano já está em risco

Com o acumulado de 12 meses batendo em 4,96%, o IPCA-15 já supera o centro da meta do governo (4,5%). O cenário acende debates sobre possíveis ajustes na política econômica. Para Thiago Silva, dono de uma padaria em São Paulo, a teoria vira drama diário: “Meu freezer está mais vazio. Reduzi estoques porque não consigo repor produtos com preços subindo toda semana”. Enquanto isso, o BC monitora os números sob a sombra de decisões sobre taxa Selic.