O dólar é a moeda mais forte do mundo desde o término da Segunda Guerra Mundial, quando o Acordo de Bretton Wood vinculou o câmbio do dólar ao ouro. Desde então, a cotação dólar passou a ser referência para o comércio internacional e é utilizada por mais de 60 países.
Essa posição atrai muitos investidores que buscam proteger ou aumentar o seu patrimônio. Mas, para quem está começando, pode surgir uma dúvida muito comum. Afinal comprar dólares pode ser considerado um investimento?
A economista e professora de MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV), Carla Beni, explica que o dólar é uma opção de investimento seguro e não especulativo. Isso significa que ele é um investimento que oferece menor risco e maior estabilidade, além de não visar lucro com as variações de curto prazo da moeda.
Porém, Beni alerta que comprar dólar em espécie não é um investimento, uma vez que com o dinheiro parado, apenas a variação do câmbio geraria algum rendimento. “Comprar uma moeda só esperando o câmbio não é a melhor forma de investir. Quando se investe em outros ativos que estão dolarizados, há também a valorização do ativo. Existe uma compensação”, detalha em entrevista à imprensa.
Dolarização da carteira
Diferente de comprar o dinheiro em espécie, a dolarização da carteira significa ter uma parte do seu patrimônio financeiro em dólar ou em ativos que acompanham a variação cambial. Essa estratégia pode trazer benefícios para quem mora no Brasil, especialmente em momentos de instabilidade econômica e política.
De acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), a dolarização é vantajosa, pois é uma forma de diversificar os investimentos, além de reduzir os riscos de perder dinheiro com as oscilações do mercado nacional.
Porém, vale destacar que a Anbima recomenda estudar o universo financeiro antes de escolher em qual ativo investir. Entre as recomendações, a associação indica conhecer mais sobre rentabilidade, segurança e liquidez.
Para compreender como as operações no mercado financeiro se desenrolam e identificar a opção mais adequada para diversificar a carteira em dólares, o investidor pode buscar orientação junto a especialistas que atuam nesse campo.
Além disso, a professora de economia da PUC-SP, Renata Moura Sena, enfatiza que a entrada nesse mercado pode variar de acordo com o perfil. “Investidores mais conservadores, o ideal é que aloquem percentual menor em moeda estrangeira. E os mais arrojados, podem alocar um percentual maior”, afirma em entrevista à imprensa.
Como começar a investir em dólar?
Investir em dólar no Brasil é uma prática totalmente legal, mas é preciso respeitar as normas do Banco Central e da Receita Federal. Essas regras regulam o mercado de câmbio – segmento do mercado financeiro onde ocorrem as operações de compra e venda de moedas estrangeiras.
No Brasil, esse segmento é dividido em três tipos: comercial, turismo e paralelo. O primeiro é o mais relevante quando se fala em investimentos, pois é onde são negociadas as operações relacionadas ao comércio exterior, aos investimentos estrangeiros e aos derivativos cambiais.
Para investir em dólar no mercado de câmbio comercial, é necessário um agente autorizado pelo Banco Central, que pode ser um banco, corretora ou casa de câmbio. Mas, independente do agente escolhido, ele será o responsável por intermediar a operação e cobrar uma taxa de serviço.
É obrigatório declarar essa operação à Receita Federal e pagar os impostos devidos, que podem variar de acordo com a modalidade – podem ser à vista, a termo, futuro e swap.
Entre as principais formas de investir em dólar, os fundos cambiais se destacam. Na prática, são fundos de investimento que aplicam pelo menos 80% do patrimônio em ativos relacionados à variação cambial. Sua principal vantagem é a proteção do investidor contra a desvalorização do real.
Existem também os exchange-traded funds (ETFs), fundos negociados na bolsa de valores como se fossem ações. Eles têm maior liquidez e rentabilidade, porém possuem tributação fixa e taxas de corretagem.
Por fim, os brazilian depositary receipts (BDRs) são certificados de depósito que representam ações de empresas estrangeiras, como Apple, Google e Netflix. São emitidos e negociados no Brasil, mas refletem o desempenho das empresas listadas em bolsas de valores internacionais.