Recentemente, foram divulgados os dados do IBGE – Censo 2022, revelando uma estatística surpreendente: o Brasil possui mais templos religiosos do que instituições de ensino e unidades de saúde. Com um total de 580 mil espaços próprios ou alugados de diferentes tipos de religião, o país supera os 264,4 mil estabelecimentos de ensino e os 247,5 mil centros de saúde.
Mario Sergio, historiador evangélico, discutiu esses números em uma análise publicada em seu blog “Memórias das Assembleias de Deus”. Ele ressaltou que essa contagem inclui todos os locais de culto de diversas religiões e seitas espalhadas pelo país, mas também destacou o papel das Assembleias de Deus (ADs) nesse cenário.
Segundo Sergio, as ADs contribuíram significativamente para essa marca interessante da sociedade brasileira, especialmente devido à sua abrangência e presença em várias regiões do país. Ele mencionou um exemplo histórico durante a Convenção Geral de 1940, na Bahia, onde os convencionais propuseram uma maior dedicação à evangelização das cidades do interior, contrastando com o foco nas grandes cidades na época.
A resolução da CGADB incentivava os obreiros a obedecerem ao chamado de Deus sem buscar o conforto dos grandes centros urbanos, mas sim levar o evangelho aonde fossem enviados. Essa postura, de acordo com o historiador, foi um diferencial importante das ADs em comparação com outras denominações, que tendiam a concentrar seus esforços nas grandes cidades.
O pesquisador Willian Read, na década de 1960, observou que onde havia máquinas de costura Singer e guaraná, as ADs estavam presentes. Além disso, a influência das ADs não se limitava apenas à geografia, mas também se fazia presente na literatura nacional.
Mario Sergio enfatizou que a dinâmica ministerial das ADs, com a formação de ministérios concorrentes e a busca por novos campos, contribuiu significativamente para essa expansão e presença onipresente no país. Nomes como Belenzinho, Madureira, Ipiranga, Perus, Abreu e Lima, entre outros, transformaram as ADs em uma instituição proeminente em todo o Brasil.
Essa análise evidencia não apenas a dimensão da presença religiosa no país, mas também o papel histórico e social das Assembleias de Deus na sua expansão e alcance nacional.