Uma comitiva do Partido Comunista Chinês esteve em Brasília, nesta quarta-feira (20), para se encontrar com membros do Partido dos Trabalhadores (PT) e renovar a cooperação entre as duas legendas. No documento assinado pelas partes, os dois partidos se comprometem a “reforçar a coordenação diante das questões regionais e internacionais”.
O objetivo, de acordo com o documento, é que os dois partidos alinhem pensamentos e iniciativas em seus respectivos países. Em um dos artigos presentes no acordo, as legendas concordam em manter a “comunicação e consultas estreitas particularmente no tratamento de questões que implicam à soberania, à integridade territorial, à independência e à autodeterminação dos dois países, assim como prestar apoio mutuamente às iniciativas interpartidárias internacionais da outra parte”.
A comitiva chinesa chegou ao prédio do PT com cerca de 40 membros. Chefiada por Li Xi, secretário da Comissão Central de Inspeção Disciplinar do Partido Comunista da China, apenas 12 pessoas do PCCh se reuniram com os membros do PT para assinar o Acordo de Entendimento sobre o Intercâmbio e a Cooperação. Do lado brasileiro, sete membros do PT e Gleisi Hoffmann, presidente do PT, assinaram o documento.
A aproximação entre os dois países, contudo, tem gerado críticas devido ao regime autoritário imposto por Xi Jinping na China. Há mais de 10 anos no cargo de presidente chinês, Jinping é acusado de uma série de crimes contra os direitos humanos, de restringir o acesso da população à internet e manipular as notícias veiculadas na imprensa local.
No encontro, Gleisi reiterou que a relação entre os dois partidos que já dura 40 anos e disse que pretende estreitar os laços com a China nos próximos anos. No acordo assinado, as legendas assumiram o compromisso de “intensificar a troca de visitas de alto nível, de se atualizarem mutuamente sobre as agendas importantes da cada parte, e fortalecer a comunicação estratégica permanente em torno de questões regionais e internacionais de destaque”.
À Gazeta do Povo, Gleisi Hoffmann disse que o PT tem trabalhado junto à China para realizar um novo encontro entre os partidos. Uma comitiva do PT já foi a Pequim outras duas vezes esse ano, para a realização de “atividades de intercâmbio sociopolítico”.
Protestos contra o encontro em Brasília
Um grupo de manifestantes do movimento Democracia Sem Fronteiras Brasil (DSF Brasil) marcou presença na sede do PT nesta quarta-feira para protestar contra a presença do Partido Comunista da China em Brasília.
O ato ocorreu com a exibição de faixas com frases como “Lula e PT, o Brasil não é a China”. “Viva a liberdade e a democracia”, “Não ao domínio do governo chinês”, Brasil é uma democracia. China não!”
“É inaceitável que nosso governo esteja estabelecendo acordos de cooperação com um regime notoriamente autoritário, que oprime brutalmente sua própria população e desrespeita os direitos humanos de forma sistemática”, destaca Rhuan Fellipe Cardoso, presidente e porta-voz do movimento.