Entre os dias 24 e 31 de julho a Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) fará um Supremo Concílio em Cuiabá (MT), onde será votado um projeto que visa ensinar à sua membresia sobre os perigos do comunismo e da “nefasta influência do pensamento de esquerda”.
Na proposta do Supremo Concílio, os líderes da igreja sugerem a criação de uma comissão formada por altos dirigentes “que apresente a contradição entre Marxismo e suas variantes com o Cristianismo Bíblico” e “que essas pastorais orientem os declarados ‘cristãos de esquerda ou progressistas’ de suas inconsistências.”
Se aprovado, o documento norteará a posição oficial da denominação, uma das mais tradicionais do país.
Orientação não é inconstitucional, diz ANAJURE
A Assessoria Jurídica da Associação Nacional de Juristas Evangélicos (ANAJURE) emitiu uma nota pública para esclarecer que a entidade religiosa tem direito de se posicionar politicamente e que isso não fere a laicidade do Estado.
“É necessário ressaltar que a adoção de uma posição eclesiástica crítica a uma corrente política de pensamento não apresenta, por si só, qualquer incompatibilidade com o ordenamento jurídico brasileiro. Na realidade, trata-se de algo que decorre da adoção da laicidade estatal e da liberdade religiosa”, diz a nota.
“Dessa forma, se, por um lado, é possível tecer críticas à posição da IPB quanto ao comunismo e ao pensamento de esquerda em geral, não é possível, por outro, rechaçar a visão doutrinária da instituição, uma vez que todas organizações e indivíduos religiosos possuem a liberdade de professar suas crenças por meio do ensino”, completa a nota.
“Isso envolve a concepção da IPB de que o comunismo e o pensamento de esquerda são incompatíveis com sua própria cosmovisão, e lhes permite, como consequência, buscar orientar seus líderes e membros sobre a incongruência entre o respectivo pensamento político e a doutrina da instituição”, finaliza os juristas da ANAJURE.