Pacaraima se transformou em uma zona de conflito entre brasileiros e venezuelanos neste sábado (18), com pedradas, ataques com bombas de gás improvisadas, incineração de pertences de refugiados e vandalização de carros dos moradores locais, após um comerciante brasileiro ser espancado por quatro venezuelanos, segundo a polícia, e ter R$ 23 mil e celulares roubados. Raimundo Nonato está internado no hospital geral de Pacaraima com traumatismo craniano, com quadro estável.
Após a injusta agressão por parte dos venezuelanos, os brasileiros partiram para a perseguição aos refugiados venezuelanos que vivem na cidade de Roraima e queimaram os seus pertences. Agredidos com pedaços de pau, os refugiados foram expulsos das tendas que ocupavam na região na fronteira do Brasil com a Venezuela.
As autoridades brasileiras no local não intervieram. O Exército, que está em missão humanitária na cidade, informou que não iria agir, mas repudiou, em nota “atos de vandalismo e violência contra qualquer cidadão, independentemente de sua nacionalidade.
https://www.youtube.com/watch?v=d71hgRhRy8s
Mais tarde, o Ministério da Segurança Pública informou que enviará um efetivo extra da Força Nacional para Pacaraima com 60 homens, que devem se juntar às equipes que já desenvolvem operação de apoio à Polícia Federal na região na segunda-feira (20).
Até a noite de sábado não havia saldo oficial de feridos. No hospital local, médicos trataram cinco brasileiros que não precisaram de internação. Não havia informação de venezuelanos, muitos dos quais deixaram a cidade.
O prefeito de Pacaraima, Juliano Torquato (PRB), que estava fora do estado, disse à Folha por telefone que três pessoas foram feridas por balas de borracha disparadas pela polícia.
A onda de violência começou a partir de uma manifestação pacífica contra a imigração venezuelana na manhã deste sábado (18) convocada após um Venezuelanos e brasileiros se confrontam nas ruas de cidade de Roraima.
Quando o protesto se dispersou, moradores da cidade passaram a andar em bandos pelas ruas da cidade, cuja zona urbana é pequena, procurando pertences de venezuelanos e queimando. Uma tenda que abrigava venezuelanos foi destruída com um trator. Bombas improvisadas de gás e pedras foram usados como munição contra os refugiados.
Das ruas da cidade, o confronto avançou para a fronteira.
Com pedradas, um grupo fez venezuelanos recuarem para dentro de seu território até que
membros da guarda venezuelana no local disparassem tiros de advertência para evitar a deterioração da situação.
Mas os venezuelanos passaram a quebrar carros de brasileiros na divisa. “Quebraram meu carro todinho com paus e pedras, estava com a minha sogra e meus dois filhos passando na fronteira”, disse à Folha Cledson Vieira, que estava em um Toyota Corolla em Santa Elena de Uairén, onde foi buscar a sogra que passou por uma cirurgia.
“Se não fosse a guarda venezuelana, eles tinham matado a gente”, disse ele, que vive em Boa Vista. Há relatos de 30 brasileiros cercados por venezuelanos no local.
“A cidade está um caos”, afirmou o padre Jesus Lopez Fernandez de Bobadilla, da igreja de Pacaraima, que serve mais de 1.500 refeições por dia a refugiados venezuelanos.
O governo do estado de Roraima emitiu uma nota afirmando ter enviado reforços para o hospital de Pacaraima e para a polícia. “Mais uma vez, o Governo de Roraima assume, de forma isolada, a manutenção de todos os serviços públicos, sem o apoio do Governo Federal.”
Também voltou a solicitar o fechamento da fronteira: “A solução para a crise migratória só acontecerá quando o Governo Federal entender a necessidade de fechar temporariamente a fronteira, realizar a imediata transferência de 20/08/2018 Venezuelanos e brasileiros se confrontam nas ruas de cidade de Roraima imigrantes para outros estados e assumir sua responsabilidade de fazer o controle de segurança fronteiriça e sanitária”. Com informações Folha de São Paulo