A Unesco adotou formalmente nesta terça-feira (18) uma resolução polêmica sobre Jerusalém Oriental. O texto proposto por países árabes em nome da proteção do patrimônio cultural palestino, é muito criticado por Israel. O governo israelense alega que a resolução nega o vínculo milenar entre os judeus e a Cidade Santa.
A proposta de resolução foi apresentada pela Argélia, Egito, Líbano, Marrocos, Omã, Catar e Sudão. Ela foi examinada em sessão plenária pelos 58 membros do Conselho Executivo da organização para a paz e a cultura da ONU, sediada em Paris,
Na semana passada, durante a primeira votação, o texto havia sido adotado por 24 votos a favor, seis contra e 28 abstenções. Israel anunciou imediatamente a suspensão de sua cooperação com a Unesco. Mas na votação de hoje, nenhum dos países integrantes do Conselho Executivo pediu a reabertura do debate e a resolução foi adotada definitivamente sem votação, informou o porta-voz da Unesco.
O Brasil votou a favor. A delegação do Brasil justificou o voto que “embora inadequado, (o texto) representa um avanço em relação àquele aprovado no 199º Conselho Executivo da UNESCO. Ao reconhecer os vínculos históricos de cristãos, judeus e muçulmanos com a Cidade Velha de Jerusalém, com Belém e com Hebron, dá um primeiro passo rumo a uma abordagem isenta e construtiva sobre o tema.”
Palestinos comemoraram; Israel protesta
Já os israelenses criticaram a adoção. A embaixadora de Israel na Unesco, Carmel Shama-Cohen, ressalta que a instituição não “é o melhor lugar para se resolver problemas entre países ou povos”. Para ela, a agência para a paz e a cultura da ONU deveria servir para criar “pontes” entre israelenses e palestinos.
A resolução faz referência à “Palestina ocupada” e critica a gestão, por parte de Israel, dos locais sagrados disputados com os palestinos. A denonimação desses locais no texto é apontada pelo governo israelense como uma negação do vínculo milenar entre judeus e Jerusalém.
Em nenhum momento é citado o Monte do Templo, que é o lugar mais sagrado da religião judaica. O texto faz referência apenas à Esplanada das Mesquitas, terceiro local santo do Islã, que fica na mesma área e onde havia o segundo templo judeu destruído pelos romanos no ano 70. Israel também critica que o Muro das Lamentações seja designado no documento apenas por seu nome árabe, Al Buraq.
Jerusalém Oriental é a parte da cidade ocupada desde 1967 por Israel, e anexada posteriormente, que os palestinos querem que seja a capital de seu futuro Estado. Fonte: http://br.rfi.fr