Com a pandemia da Covid-19, muita gente precisou se adaptar ao trabalho em casa, diante da tela do computador. O deslocamento até o local de trabalho diminuiu e essa mudança trouxe um reflexo positivo: os acidentes de transporte relacionados ao trabalho no Brasil tiveram uma redução de 34,52% em 2020, o menor número desde 2012. Os dados são dos Sistemas de Informação de Agravo e Notificações (Sinan) e do de Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde.
Mesmo com a redução no número de casos, o Ministério da Saúde reforça a importâncias na prevenção deste tipo de acidente. No ano passado foram registrados 13.153 acidentes de trabalho por transporte, sendo que em 2019 foram 20.087. Os anos de 2017 (20.832) e 2019 (20.087) foram os que apresentaram os maiores números de notificações.
Os reflexos da pandemia aparecem ainda no perfil dos acidentes registrados: o levantamento apontou que os motoboys são os que mais sofrem acidentes de transporte relacionados ao trabalho. O número de mortes é maior entre os caminhoneiros.
Levantamento
No período entre 2011 a 2020, o número de acidentes de trabalho com motocicletas no transporte de documentos e pequenos volumes representaram 7,8% (13.262) dos 170.044 acidentes registrados. Quanto aos acidentes com óbitos, os motoristas de caminhão corresponderam a 18,5% das 12.503 mortes no mesmo período.
Para chegar a esta constatação, foram considerados os acidentes de transporte ocorridos quando o trabalhador tem uma função que envolve locomoção ou quando estava indo ou voltando do local de trabalho.
O Coeficiente de Mortalidade (CM), no Brasil, por acidentes de transporte relacionados ao trabalho foi de 1,5 óbito a cada 100 mil pessoas ocupadas. Entre os estados, destacam-se Mato Grosso (5,6), Rondônia (4,7), Tocantins e Santa Catarina (4,0).
Saúde do Trabalhador
A Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (Renast) foi criada em 2002, com objetivo de disseminar ações de saúde do trabalhador, articuladas às demais redes do Sistema Único de Saúde. Fazem parte desta Rede os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), para o desenvolvimento das ações de saúde do trabalhador em todos os níveis de atenção.
No Brasil, atualmente existem 214 centros habilitados pelo Ministério da Saúde, sendo 26 estaduais, 01 no Distrito Federal, 176 regionais e 11 municipais.
Em 2012, o Ministério da Saúde publicou a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT) com ênfase nas ações de proteção, vigilância e redução de acidentes. “O Ministério da Saúde, por meio da Coordenação Geral de Saúde do Trabalhador da Secretaria de Vigilância em Saúde, busca o aprimoramento da análise dos dados e informações das doenças e agravos relacionados ao trabalho para geração de conhecimento e diretrizes para saúde do trabalhador, visando a qualidade de vida da população trabalhadora no Brasil” diz a Diretora do Departamento de Saúde Ambiental, do Trabalhador e Vigilância das Emergências em Saúde Pública, Daniela Buosi.