A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou nesta terça-feira (9) que há 13 casos suspeitos de varíola dos macacos sendo investigados no Tocantins.
O único caso confirmado da doença era um homem de 32 anos, morador da região do Bico do Papagaio que viajou para São Paulo. Ele recebeu alta no final de julho.
Tire suas dúvidas sobre a doença
No último dia 23 de julho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o atual crescimento vertiginoso de casos de monkeypox, também conhecida como Varíola do Macaco, no mundo se enquadra como uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). Isso significa que a partir deste momento é necessário um empenho especial dos poderes públicos e dos órgãos de saúde em ações conjuntas para alertar a população e executar ações para evitar que o vírus se espalhe ainda mais.
Atualmente o Brasil está em oitavo lugar em número de casos confirmados, com um aumento de 50,5% em apenas uma semana, ultrapassando o número de duas mil pessoas com diagnóstico positivo na noite de domingo (7). Isso apenas nove semanas após a primeira confirmação da doença no país. A Varíola do Macaco é a doença causada um vírus da mesma família do vírus da antiga varíola humana, doença erradicada do mundo graças à vacinação em massa e que possui alguns sintomas semelhantes à varicela ou a catapora.
O número crescente de casos é uma preocupação de especialistas, sobretudo infectologistas, os quais são mais habilitados para o manejo dessa enfermidade. A Varíola do Macaco foi descoberta em 1958, no Zaire (atual República Democrática do Congo), mas ficou por décadas endêmica nesta região africana. No entanto, em 2022, começaram a surgir casos na Europa e o número de países confirmando diagnósticos positivos só aumenta.
A fim de contribuir com o combate a essa emergência global, nesta semana, a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) lançou, nas redes sociais, uma campanha para orientar as pessoas sobre a prevenção da doença. Como parte deste projeto, conversamos com o médico clínico e infectologista, diretor do Hospital Adventista de São Paulo, Dorival Duarte, que explica detalhes.
Segundo o especialista, os principais sintomas são:
- Febre,
- Dor de cabeça,
- Dores musculares,
- Crescimento dos gânglios linfáticos do pescoço, das regiões axilares ou inguinais.
“A estes estão associadas erupções cutâneas que pode ser de pouquíssimas a várias lesões que passam pelas fases de pápulas, vesículas, pústulas e alcançam a fase final, onde formam crostas que descamam”, afirma.
Segundo o médico, as lesões podem inclusive aparecer na região genital. “O diagnóstico é selado com a detecção do material genético no vírus no líquido das vesículas ou das crostas”, pontua.
Como posso evitar contrair a doença?
O médico detalha que a doença é contraída pelo contato direto com outras pessoas com esta enfermidade. A contaminação pode ser pela via inalatória, ou seja, por gotículas de um paciente infectado. No entanto, o maior risco é o contato direto com as lesões cutâneas ou por fômites em roupas de cama ou toalhas.
No estudo publicado há poucos dias pelo periódico médico The New England surpreendentemente verificou-se que em pouco mais de 500 pacientes com Monkeypox em diferentes países do mundo, 98% deles eram homens que fazem sexo com outros homens (HSM), sinalizando para a possibilidade de outras vias de transmissão. O vírus também pode ser detectado no líquido seminal da maioria dos pacientes nos quais foi investigado.
Estou com sintomas, o que devo fazer?
O diretor do Hospital Adventista de São Paulo orienta que se a pessoa apresenta febre, crescimento dos gânglios linfáticos e nota o aparecimento de lesões na pele que façam lembrar às da varicela, deve-se procurar um médico para que este faça o diagnóstico correto. “Há outras doenças que necessitam ser excluídas e só médico habilitado poderá conduzir ao diagnóstico correto”, argumenta.
Existe tratamento para a varíola dos macacos?
O tratamento é basicamente suportivo ou sintomático. Casos mais graves que envolvam infecções bacterianas secundárias das lesões da pele ou dificuldade para alimentar-se por lesões que apareçam na cavidade oral poderão ser hospitalizados. O quadro de infecção tende a ser mais complexo em pacientes com alteração da imunidade, como transplantados de órgãos ou infectados pelo HIV que não fazem tratamento, por exemplo.
“Há duas drogas antivirais desenvolvida para a varíola comum, que são o Brincidofovir e o Tecovirimat, que podem ser utilizadas nos casos mais graves. Mas, no momento, não temos estas drogas no Brasil. Mas em pouco tempo o Brasil deverá contar com o Tecovirimat”, salienta.
Consenso na medicina
O infeciologista afirma que as melhores formas de prevenção passam por evitar o contato com o vírus ou, se este ocorrer, que a pessoa tenha uma imunidade prévia, usualmente gerada pela vacina. Pessoas nascidas antes de 1980 e que tenham sido vacinadas para a varíola tem, para aproximadamente 80% por cento delas, proteção cruzada também para a varíola dos macacos.”
Por este motivo, a maioria dos casos estão apresentando-se em pessoas menores de 40 anos. Quanto a vacina, existem duas: a tradicional e antiga para a varíola humana e uma nova vacina aprovada em 2019, na Dinamarca. Esta deverá ser direcionada primeiramente para grupos de maior risco, como os homens que mantem relações sexuais com outros homens, trabalhadores de laboratórios e profissionais de saúde que tenham maior risco de contato com o vírus”, acrescenta.
Tive contato com uma pessoa positivada, o que fazer?
O médico orienta que se o contato foi direto, prolongado e a pessoa desenvolver algum sintoma da doença, como os mencionados anteriormente, deve se isolar e procurar atenção medica. Em seguida, especialmente neste caso, é necessário realizar o exame diagnóstico que é feito diretamente na lesão, vesícula, pústula ou mesmo já nas úlceras que estão evoluindo para crostas. “Nas pessoas que tiveram contato com alguém infectado e estão assintomáticas e sem lesões cutâneas, não há indicação para a realização do exame, que é sofisticado, de biologia molecular, e com poucos centros aptos a realizá-lo”, alega.
Se eu estiver positivado, qual é o período em que o vírus pode se espalhar e contaminar outras pessoas?
Duarte menciona que a pessoa infectada passa a transmitir o vírus desde o momento em que apresenta os primeiros sintomas. “O período de incubação, desde o momento em que há contato como vírus até o início dos sintomas, pode se estender por três semanas. Enquanto a pessoa estiver com lesões cutâneas ativas, ela estará transmitindo o vírus”, explana.
Dorival ainda enumera que o período de transmissibilidade maior parece ser quando as lesões passam para de máculas, como uma picada de mosquito, para o de vesículas, que são bolhas com líquidos que evoluem para pus. No entanto, até mesmo na fase de crostas ou casquinhas das feridas o vírus pode ser transmitido.
Quanto tempo de isolamento é necessário em caso de diagnostico positivo?
“O tempo de isolamento será até o desaparecimento completo das lesões cutâneas, pois elas, em todos os estágios servem como disseminação do vírus. Este período pode estender-se de três a quatro semanas. Assim, literalmente, o período de quarentena pode acercar-se aos 40 dias”, conclui Durival Duarte.
Entrevista concedida pelo doutor Dorival Duarte de Lima, diretor clínico do Hospital Adventista de São Paulo (HASP).
A vigilância sanitária está monitorando os casos e os médicos e diante de qualquer suspeita, é fundamental que todos procurem um serviço de saúde com o objetivo de dar o devido encaminhamento para o melhor prognóstico de uma doença que requer isolamento e de relativa facilidade de transmissão.
Texto: Assessoria ADRA