As aulas presenciais estão suspensas em 111 dos 139 municípios do Estado do Tocantins, mesmo o Governo Estadual decretar a retomada gradual das atividades escolares.
Em reunião recente com a Associação Tocantinense de Municípios (ATM), 30 prefeitos decidiram, de forma unânime, continuar com as aulas remotas.
O presidente da ATM e prefeito de Talismã, Diogo Borges, disse que após a expedição do decreto pelo Governo do Estado, dezenas de prefeitos começaram a manifestar preocupação com a medida adotada pelo Executivo Estadual, principalmente os gestores dos Municípios que observam uma escalada dos casos de contaminação por coronavírus em seus territórios.
“Está havendo oscilações de casos de contaminação na grande maioria dos Municípios, um sobe e desce de números que não traz nenhuma seguridade para o retorno de aulas presenciais neste término de ano letivo”, disse Borges.
O entendimento entre os prefeitos e as prefeitas presentes na reunião é que a medida adota pelo Estado acentua distorções ao Pacto Federativo, em que o Estado repassa o peso da decisão aos Municípios. “O Estado quer que o Município assuma suas responsabilidades em decisões que exigem planejamento e monitoramento”, disse a prefeita de Jaú do Tocantins, Luciene de Araújo.
“Tenho 12 servidores do Estado lotados em escola estadual contaminados pelo Coronavírus“ revelou o prefeito de Muricilândia, Alessandro Borges. “Nosso Município está com quase 200 casos ativos, o povo assombrado e o Estado falando em retorno presencial das aulas (?)”, indagou o prefeito de Dois Irmãos, Geciran, empossado nesta semana, após o prefeito titular, João Carlos, falecer na última quinta-feira, 13, em decorrência de complicações da COVID-19. Atualmente, o Tocantins tem cerca de 14 mil casos ativos.
Diogo Borges revelou que além dos 30 prefeitos presentes na reunião extraordinária, outros 40 prefeitos se manifestaram contra o retorno das aulas presenciais em mensagens no grupo de Whatsapp da ATM, que concentra cerca de 120 prefeitos.
“No fim das contas a gente acredita que cerca de 75% dos prefeitos e prefeitas do Tocantins são contra o retorno das aulas presenciais, sendo essa uma recomendação da ATM. Respeitamos integralmente os gestores que decidirem pelo retorno das aulas presenciais, mas o consenso coletivo e a união dos gestores são fundamentais para que os entes municipais reafirmem sua legitimidade nas decisões em âmbito local”, finaliza o presidente da ATM.