O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso se desculpou nesta quinta-feira por ter chamado o ex-ministro Joaquim Barbosa de “negro de primeira linha”. Barroso fez o comentário na noite de quarta, durante um discurso em homenagem a Barbosa, que teve seu retrato incluído na galeria de ex-presidentes da corte.
Barroso pediu a palavra logo no início da sessão do STF desta quinta, que tem na pauta o julgamento de uma ação sobre cotas para negros nas vagas na administração pública federal. O ministro afirmou que sua intenção era dizer que Barbosa se tornou “um acadêmico negro de primeira linha” para “celebrar uma pessoa que havia rompido o cerco da subalternidade chegando ao topo da vida acadêmica”, mas se manifestou de “modo infeliz”.
“Não há brancos ou negros de primeira linha, porque as pessoas são todas iguais em dignidade e direitos, sendo merecedoras do mesmo respeito e consideração. Eu, portanto, gostaria de pedir desculpas às pessoas a quem possa ter ofendido ou magoado com esta frase infeliz. Gostaria de pedir desculpas, sobretudo, se involuntária e inconscientemente tiver reforçado um estereótipo racista que passei a vida tentando combater e derrotar”, disse o ministro.
Ele afirmou ainda que foi aconselhado a não justificar a sua fala, pois desta forma daria mais visibilidade ao fato, mas considerou que a sua retratação seria uma “boa oportunidade para enfrentar o racismo à luz do dia, mesmo o que se esconde no nosso inconsciente”.
Barbosa
Na solenidade em que foi homenageado, Joaquim Barbosa admitiu a possibilidade de ser candidato a presidente. “A decisão de me candidatar ou não está na minha esfera de deliberação. Só que eu sou muito hesitante em relação a isso”, afirmou o ex-ministro do STF, que disse que chegou a conversar com partidos, como o PSB, e Marina Silva. Barbosa também defendeu eleições diretas em caso de queda do presidente Michel Temer.
(Com Estadão Conteúdo)