“Eu fiz seis campanhas e ganhei as seis. Pode ser que se não fizesse caixa 2, eu não tivesse ganhado nenhuma. Mas talvez eu tivesse sido uma pessoa melhor”. A frase é do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil nos governos do PT Antonio Palocci para o documentário Libelu – Abaixo a Ditadura, de Diógenes Muniz, que conta a história da organização trotskista Liberdade e Luta, a Libelu, e estreia nesta quarta-feira, 30, no festival É Tudo Verdade.
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Palocci é o único dos vários entrevistados que não foi gravado no câmpus da Universidade de São Paulo (USP), berço da Libelu. A gravação ocorreu no apartamento do ex-ministro nos Jardins. Palocci, que assinou acordo de delação premiada, cumpre prisão domiciliar depois de ter sido condenado por corrupção ativa e lavagem de dinheiro na Lava Jato.
No documentário, o ex-ministro demonstra arrependimento por ter participado de esquemas de caixa 2 em campanhas eleitorais, mas não admite ter desviado dinheiro público para enriquecimento pessoal.
“O que devemos rever é a parte ilegalidades, de incorreções. As opções políticas são válidas. Você pode me perguntar se o tempo voltar atrás eu faria caixa 2 de campanha. Eu acho que não faria. Me arrependo de ter feito isso. Minha fraqueza foi não ter insistido em ser minoria na política, aqueles que não aceitam caixa dois, que não pedem dinheiro fora das contas. Alguns poucos fizeram isso. Eu poderia ter feito parte desses poucos, mas resolvi dançar conforme a música”, disse o ex-ministro.
Embora tenha tido um papel lateral na história da Libelu (militou em Ribeirão Preto), Palocci tem protagonismo no documentário por ser o ex-integrante da organização a galgar postos mais altos na estrutura de poder. Ele aparece como uma espécie de exemplo de como o tempo pode corroer os sonhos e ideais da juventude.
FONTE: Portal Terra