Da Redação JM Notícia
O ex-prefeito de Palmas e candidato derrotado nas últimas eleições, Raul Filho (PR), recebeu a reportagem do JM Notícia em sua residência na Capital, nessa segunda-feira, 6, para uma entrevista exclusiva. O Ex-prefeito sinalizou que pode disputar uma das vagas ao Senado ou até mesmo o Governo do Estado em 2018, dependendo do cenário e da decisão da maioria de seu grupo político.
Raul também teceu duras críticas às administrações da Capital e do Estado. Ao governador Marcelo Miranda, Raul atribuiu “falta de vontade para governar e de atitude para tirar o Estado da crise”, e sobre a administração municipal, o ex-gestor opinou que “há uma ausência total de gestão, tudo se gasta de forma perdulária e todos os projetos e obras da prefeitura, eu considero que são superfaturadas”.
Sobre o cenário político para 2018, Raul Filho pontuou que existe uma nova forma de se fazer política e que agora quase tudo ocorre às vésperas do período eleitoral. “Em um passado recente, planejamos as ações políticas a longo prazo, os grupos existiam e as pessoas se entendiam e você tinha um grupo, as pessoas tinham mais identidade com seus partidos. De um certo de tempo pra cá, as coisas tomaram outro rumo, parece-me que as políticas são elaboradas às vésperas da eleição, os grupos se desagregam facilmente, se dispersam, migram para outros interesses, então nesse cenário é prudente que a gente trabalhe o nosso projeto, pois anunciar qualquer pretensão sobre cargo, requer uma certa prudência, precisamos analisar todos os cenários, pois temos muitas dúvidas sobre o cenário político nacional e regional”, avaliou.
Questionado sobre 2018, Raul disse: “minha pretensão hoje é estar trabalhando um grupo político não para discutir cargos, mas os rumos, o projeto, e que dentro dele, que os perfis possam se encaixar, cada um naquilo que pretende, seja para deputado estadual, federal, senador e até mesmo o governo, não dá para se ter uma vontade isolada. Eu quero ser candidato a senador ou a governador, isso não basta, mas a possibilidade de disputarmos existe e é grande, agora o que nós precisamos é dar fluxo a todos esses impasses que existem ai”, declarou, afirmando que “dentro do grupo existe muitas sugestões de companheiros e até cobranças, umas para que eu dispute o governo e outras para que eu dispute o Senado, mas existe um processo para consolidar esse grupo e discutir quais nomes nós temos para disputar o governo em 2018, é um caso a ser estudado”.
Sobre a possibilidade de disputar uma vaga para deputado, Raul afirma: “nunca esteve nos meus planos, mas isso também não quer dizer que venha disputar o governo ou o Senado, tudo vai depender do fortalecimento desse grupo. Vamos analisar o cenário, os perfis, quem é quem, pois hoje, você elabora um projeto e as vésperas de uma convenção tudo muda, tudo se encaixa. Então é preciso deixar evoluir, trabalhar sem rotular cargos, mas o fortalecimento do grupo e aquilo que o grupo almeja”.
Visitas
Ainda durante a entrevista, Raul Filho declarou que a partir de maio deste ano irá percorrer o Estado e trabalhar com a meta de agregar líderes políticos ao projeto.
Críticas a Miranda e Amastha
O político também aproveitou a oportunidade para criticar as gestões do governador Marcelo Miranda (PMDB) e do prefeito de Palmas, Carlos Amastha (PSB).
Sobre Miranda, Raul afirmou: “vejo com tristeza a inércia que o Estado se encontra. Eu tenho respeito pelo governador Marcelo Miranda, mas tem faltado a ele vontade de governar e atitude. Você não vê o governo se movimentar, não justifica uma crise para que ele se ausente de todos os problemas do Estado e o governo está ausente, falta gestão. Não se vê um secretário do Estado com um novo projeto movimentando o estado, temos um estado literalmente paralisado, faltam políticas atrativas para que empresas se instalem aqui, é um governo que não consegue firmar uma política tributária, tá sempre sofrendo alterações, e com isso, criou se uma instabilidade. Eu vejo o governo Marcelo Miranda muito, mas muito ausente mesmo, pois eu não avalio que não há crise para orçamento público, o que falta é gestão, vontade de acertar, o desejo de tomar as decisões que precisam ser tomadas”, criticou.
Já sobre a gestão do prefeito Carlos Amastha, Raul disse que “talvez não seja eu a pessoa mais indicada para analisar a gestão de Palmas, mas é muito fácil. Eu deixei a prefeitura com um orçamento inferior a R$ 700 milhões de reais, hoje nós temos um orçamento de um bilhão e trezentos milhões de reais e eu não vejo uma obra, uma construção com recursos próprios. Na minha época eu construí creches, escolas, obras de pavimentação e conjuntos habitacionais com contra partida de 30% dos recursos da prefeitura. Existia a obra social, nunca desassistimos a área social, as políticas públicas funcionavam, eu nunca tive que demitir funcionários por falta de planejamento, nós tínhamos um diferencial e nós não usamos os meios de comunicação para divulgar as nossas ações, e hoje, o prefeito divulga aquilo que nem sempre faz”, criticou.
Para Raul Filho, a sociedade é quem melhor faz esse juízo, “eu acho que há uma ausência total de competência, pois tudo se gasta de forma perdulária, todas as obras e projetos da prefeitura de Palmas eu considero que são feitas de forma superfaturada, o negócio é que a Justiça tem sido muito complacente com esse atual prefeito, o Ministério Público tem sido muito amigo da atual gestão, o Tribunal de Contas, se fosse levar mesmo ao pé da letra, como levavam comigo, certamente esse caboclo já estava fora do Paço há muito tempo. Eu acho que Palmas merece uma gestão mais transparente, o cara que falou tanto em transparência, e pra mim, é uma das gestões mais arcaicas, pois pra mim, governar não é só plantar arvores, gramas e limpar uma cidade, atrás disso tem toda uma sociedade que precisa de um projeto, de uma assistência, e eu não vejo nada disso, eu vejo uma saúde retrocedendo e uma educação da mesma forma”, alfinetou o ex-prefeito.
Já sobre a possibilidade de Amastha disputar o governo em 2018, o ex-prefeito disse que “de um ponto de vista de gestão, não, pois do ponto de vista da sociedade ele caiu a mascara. O único trunfo que ele tinha é que ele era um político diferenciado, ele era um cara honesto, transparente, o governo dele não tinha falcatrua, roubalheira, então esse discurso ele perdeu, porque hoje se percebe o Tribunal de Contas, o Ministério Público, que por mais lentos que sejam com ele, são uma série de ações que estão em curso, a Justiça Federal, secretário preso e ele não tem a autoridade de demitir.
Ele tem secretário que por três vezes teve a Polícia Federal na sua casa fazendo busca e apreensão e uma das vezes levou ele preso, e ele insiste em manter esse cidadão na gestão, o que está por traz disso? Será que esse cidadão é um arquivo? Os demais secretários tem recebido visitas periódicas da Polícia Federal, se ele tivesse autonomia e independência, ele faria uma demissão para mostrar à opinião pública que o governo dele não permite isso, ou será que a polícia está errada em ir tantas vezes na casa desse secretário? Ele [Amastha] é um dos caras que representa a política mais atrasada que esse país já viu, ele deve ter trazido ela lá da Colômbia, de algum lugar distante, onde as pessoas ainda não aprenderam a conviver com a modernidade. Então para chegar ao Governo do Estado ele vai ter que mudar o discurso dele”, finalizou.