A Secretaria Nacional de Apoio Pastoral da Igreja Presbiteriana do Brasil, IPB, foi criada por ocasião da Reunião Extraordinária do SC-E/IPB em 1999, na cidade de Recife, PE. Aquela decisão também contemplava a criação de secretarias prebiteriais de apoio pastoral que se encarregariam de “pastorear situações de crise com fundamentação bíblica, teológica e pastoral”.[1] Desde então, essas secretarias se empenham no cuidado com os obreiros da denominação a fim de que o ministério seja desempenhado “segundo Deus quer” (1Pe 5.2).
Todavia, a tarefa de “pastorear pastores” pertence a toda denominação e não apenas àquele que recebeu o cargo de secretário para essa função. Estudiosos têm demonstrado que os pastores são, dentre as ovelhas de Cristo, os menos pastoreados no rebanho. O problema é que as pressões pragmáticas em prol do crescimento da igreja, do aumento da arrecadação, da exigência por uma comunidade vibrante e as demandas por visitas e aconselhamentos constantes acabam resultando em desgastes físicos, emocionais, relacionais e até espirituais desses líderes. Além do mais, as famílias dos pastores geralmente sofrem os “efeitos colaterais” do ministério, pois o desgaste do pastor acaba sendo sentido primeiramente por seus familiares e a família do ministro ainda é alvo de expectativas e demandas que intensificam algumas situações de estresse. Infelizmente, ademais, os pastores e suas famílias nem sempre recebem o cuidado devido por parte da igreja.
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Conquanto extremamente necessário, o apoio a pastores geralmente encontra dificuldades, sendo uma das principais a própria conscientização sobre a necessidade em si, algo comum na forma de pensar tanto da denominação quanto de obreiros que carecem de ajuda. Por um lado, a denominação tem a tendência de sacralizar seus líderes, como se eles estivessem acima de quaisquer problemas, aflições ou vulnerabilidades. Por outro lado, a cultura pastoral facilmente ignora e sublima as evidências de problemas no ministério, evitando buscar ajuda com medo de expor suas fraquezas.[2] Em meio a tudo isso, talvez a primeira coisa a fazer seja esclarecer porque pastores necessitam de apoio pastoral.
Sem a intenção de ser exaustivo, esse artigo submete algumas considerações que podem ser esclarecedoras quanto à questão levantada acima. Certamente alguns casos precisam ser considerados particularmente, pois eles possuem nuances próprias de sua natureza. Dessa forma, os cinco tópicos relacionados abaixo têm o propósito de descrever a condição real e comum da cultura pastoral em relação à sua necessidade de pastoreio.
1. Porque homens de Deus continuam sendo homens
A expressão “homem de Deus” é, geralmente, usada na cultura evangélica para designar o pastor e obreiro cristão. Ela comunica o privilégio e a responsabilidade do ministro em relação à sua consagração ao serviço do Senhor. Biblicamente falando, ela se refere ao ministério daqueles que eram mensageiros da Palavra de Deus ao povo, tanto anjos como profetas (cf. Jz 13.6 e 8, 1Re 13.1-21, 17.18 e 24 e 2Re 1.6-13). Nos dias atuais, os pastores são denominados homens de Deus pelo fato de serem oficialmente consagrados para o ministério da Palava na igreja do Senhor.
No entanto, a ordenação ou consagração do pastor ao ministério da Palavra não altera sua natureza humana. Tanto o seu corpo quanto sua alma continuam mantendo as características comuns de ser humano que vive em um mundo sob a maldição do pecado, fazendo com que ele continue tendo carências emocionais e espirituais. Além do mais, seu corpo continua sujeito ao cansaço e às limitações impostas a todo indivíduo nesse contexto terreno. Nesse sentido, é importante lembrar que até mesmo o Senhor Jesus lidou com essas limitações e teve que repousar seu corpo após intenso trabalho (cf. Mc 6.31). De fato, o mais consagrado Servo de Deus nas Escrituras não desprezou nem ignorou sua natureza humana e nem o pastor nem a igreja contemporânea devem pensar nos “homens de Deus” da atualidade como se eles estivessem acima dessa condição.
Os cristãos contemporâneos deveriam reconhecer que as vulnerabilidades e fraquezas humanas dos seus pastores são semelhantes àquelas compartilhadas por outros crentes. Isso deveria colocar um ponto final nas expectativas irreais que tanto o rebanho quanto os pastores têm desse ministério. Dessa forma, pastores também lutam contra cansaço, desencorajamento, incertezas quanto à tomada de decisões, tentações e tantas outas coisas. Assim como qualquer crente, pastores e seus familiares também são abençoados por relacionamentos, amizades, momentos de comunhão com outras pessoas nos quais eles se encontram desobrigados de alguma função ministerial (aconselhar, orientar, repreender, confrontar etc.). Também, como todo ser humano, pastores carecem de descanso, férias, refrigério, restauração de projetos e entusiasmo em relação às atividades ministeriais. Somente pela consideração da humanidade do pastor, ele e sua congregação poderão deixar de alimentar expectativas que são irreais e, algumas vezes, até pecaminosas a respeito do ministério pastoral.
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De fato, homens de Deus continuam sendo homens! Nessa condição humana, certamente pastores precisam de cuidado, ainda que muitos deles não reconheçam isso!
2. Porque pastores também são ovelhas
As Escrituras afirmam que todos nós somos “ovelhas do Supremo Pastor” (cf. 1Pe 5.4). Na linguagem bíblica, “ovelha” diz respeito àquele que segue o Cordeiro de Deus e faz parte do rebanho que ele mesmo comprou com o seu próprio sangue (cf. At 20.28). A ovelha reconhece sua completa dependência do Pastor para provisão, proteção e propósito. Todavia, se a ovelha se desvia e se afasta do pastor, ela corre riscos de acidentes e se torna presa fácil de lobos vorazes. Semelhantemente, se pastores esquecem que eles também são ovelhas do Supremo Pastor, poderão cair em abismos teológicos, ter comportamentos grosseiros e se tornar presas dos propósitos do maligno.
O ethos do relacionamento entre pastores com o Supremo Pastor é claramente expresso nas Escrituras. Se os próprios apóstolos, que lançaram o fundamento da igreja, se apresentaram como ovelhas do Supremo Pastor, os pastores atuais devem se lembrar que o ministério pastoral só pode ser devidamente exercido quando alicerçado nesse princípio. Dessa maneira, como ovelhas, pastores compreenderão a necessidade de pedirem ajuda e se colocarem debaixo do pastoreio de outros.
Um bom exemplo dessa dinâmica pastor-ovelha-pastor pode ser visto no relacionamento entre Paulo e Timóteo. Quando o apóstolo escreve ao seu “filho na fé”, Timóteo não se encontrava mais como aprendiz aos pés do mestre, mas ele já pastoreava uma congregação. Na primeira carta que recebeu, Timóteo foi incumbido de guardar o Evangelho (1Tm 1.3-7), orar continuamente pelo rebanho (1Tm 2.1), conduzir a congregação à prática correta do culto público (1Tm 2.8-10), instituir presbíteros e diáconos segundo o padrão bíblico (1Tm 3.1-13) e zelar por manter o caráter de um ministro do Evangelho (1Tm 6.11s). Em outras palavras, Timóteo era um pastor que também era ovelha e, como tal, estava sob a supervisão de outro pastor. O apóstolo Paulo era igualmente um pastor e uma ovelha que se submetia ao pastoreio do colegiado apostólico e, em última instância, ao Supremo Pastor.
Sendo ovelhas, pastores também carecem de cuidados, orientações e correções. Eles se encontram no mesmo processo de santificação que outros crentes e não são autossuficientes. Todavia, primeiro eles precisam se conscientizar dessa realidade e depois, ajudar a igreja a compreender essa verdade. Como ovelhas, tanto os pastores como seus familiares também carecem de pastoreio.
3. Porque homens santos vivem num mundo caído e maculado
Embora servos do Deus Santo e chamados para viver vida santa, os crentes em Cristo exercem fé e obediência em um mundo caído e corrompido pelo pecado. Nessa condição, o mundo é um sistema de princípio e práticas contrários a Deus e aos seus propósitos. Por isso os apóstolos exortam os crentes a não amarem o mundo e nem a buscarem amizade com ele (cf. 1Jo 2.15 e Tg 4.4). As dificuldades da vida nesse mundo caído são acentuadas por João, que afirma: “o mundo jaz no maligno” (1Jo 5.19), ou seja, Satanás usa os recursos desse mundo como instrumentos contra os servos de Deus.
O mundo caído se tornou um campo de aflições e distrações. Jesus lembrou os apóstolos que o mundo é um habitat onde se experimenta aflições (cf. Jo 16.33). Essas aflições podem ter causas gerais (epidemias, desastres, mortes etc.), pessoais (dilemas familiares, perdas, etc.) e até espirituais (o ódio do inimigo contra os filhos de Deus, cf. Jo 8.44). Além do mais, por ser a fonte da qual o ser humano extrai sua subsistência material, o mundo pode, frequentemente, alimentar ansiedade no coração do crente, especialmente no que diz respeito às necessidades básicas da vida (cf. Mt 6.19s). De fato, não há nesse mundo caído nenhum “paraíso” que livre o crente de angústias e sofrimentos.
Também, as Escrituras apresentam o mundo atual como centro de distrações. Ninguém contesta que existem encantos e prazeres nesse mundo. Na verdade, por ser o berço do nascimento e desenvolvimento humano, o mundo acaba fascinando seus habitantes com as atrações, a ponto de levá-los ao esquecimento com o mundo vindouro. No entando, ainda que nos ofereça uma “visão encantadora”, a aparência do mundo passa (cf. 1Co 7.31). Outrossim, o fato de estar sob a maldição do pecado faz com que a apresentação dos encantos do mundo sirvam à agenda distorcida resultante da queda e que atende às inclinações da carne e ao propóstos do maligno. Portanto, os amigos do mundo se tornam inimigos de Deus (cf. 1Jo 2.15) e os prazeres pecaminosos do mundo podem ter consequências eternas (cf. Mc 10.23). Por essas razões, como embaixadores de Deus, os interesses dos crentes devem estar acima das distrações do mundo (cf. 2Co 5.17).
Como cidadão do céu e também do mundo terreno, pastores são sujeitos às aflições e distrações comuns ao mesmo. Dessa maneira, eles necessitam de pastoreio tanto para serem confortados, quando aflitos, como para serem confrontados, quando se portarem como amigos do mundo. O processo de santificação do pastor não será completo nesse mundo e os efeitos da queda afetam o contexto em que o ministro vive e a maneira como ele responde a esse habitat.
4. Porque servos de Deus são, muitas vezes, tratados como empregados de homens
Pastores são servos. Aliás, o significado da palavra grega traduzida para o português como “ministro” é servo ou assistente. Ademais, o termo “servo” é um dos mais importantes e proeminentes nas Escrituras em referência àqueles que desempenham a liderança sobre o povo de Deus (cf. 1Co 3.5). O próprio Senhor Jesus se apresentou como aquele que veio para servir e não para ser servido (cf. Mc 10.45). Portanto, a liderança servidora de Jesus se torna o padrão para todos aqueles que servem como ministros sobre o rebanho de Cristo.
O exemplo e o ensino de Cristo indicam quais são as características cruciais de servo que o pastor deve expressar para representar corretamente o Mestre em meio ao rebanho. Na cerimônia do lava-pés, em João 13, o Senhor deixa claro que a eficácia do ministro não deve ser avaliada pelo número de pessoas que ele controla, mas pelas pessoas a quem ele serve. O líder servo é aquele que está disposto a se humilhar para ensinar outros o caminho bíblico da expressão do amor fraternal. Além do mais, o próprio Jesus ensina que o servo está disposto a oferecer sua pronta ajuda aos outros perguntando: “que queres que eu te faça”? (cf. Mc 10.51). Em outras palavras, um servo deseja sempre ser um instrumento de bênção para outros. Por último, Jesus ensina que o servo é aquele que diz de si mesmo: “sou servo inútil, porque apenas fiz o que devia fazer” (cf. Lc 17.10). Dessa maneira, o Senhor ensinou que o segredo da eficiência do servo é mortificar e crucificar seu próprio ego! Conquanto difícil, o ministério do pastor como servo exige que ele siga o exemplo e os ensinamentos do Supremo Pastor.
Todavia, um dos grandes problemas da missão do pastor como servo é o fato de que ele serve a Deus servindo a igreja. É importante lembrar que a igreja não consiste de pessoas plenamente santificadas, mas de pecadores redimidos em processo de trasformação. Nesse contexto, não é raro que muitos membros dessa igreja, bem como outros líderes do rebanho (co-presbíteros e diáconos), olhem para o ministro não como um “servo”, mas como um “empregado”. Isso se torna mais fácil ainda pelo fato de que, como líder docente, o pastor geralmente recebe honorários da igreja. Como geralmente aqueles que pagam pela realização do trabalho se acham no direito de agirem como patrões dos que recebem para executá-lo, a prática empresarial mundana acaba substituindo o preceito bíblico e alguns pastores sofrem por isso. Há pastores que são vigiados, mal remunerados e humilhados. Isso afeta não apenas o ministro; sua família também é atingida.
Devido a alguns tratamentos injustos da igreja aos seus pastores, bem como de conflitos de liderança envolvendo os mesmos, os ministros precisam de ajuda. Conforme o sábio bíblico, “o coração alegre é bom remédio, mas o espírito abatido faz secar os ossos” (Pv 17.22). O ânimo de alguns pastores se encontra quase totalmente seco e por isso eles necessitam de conselhos e orientações (cf. Pv 15.22). Ademais, eles também necessitam ser exortados quando falham à fim de que caiam em arrependimento.
5. Porque aqueles que pregam o Evangelho também precisam ouvi-lo
Pastores são pregadores do Evangelho e isso é uma enorme bênção. O apóstolo Paulo considerou esse ministério uma graça divinamente concedida a ele (cf. Ef 3.8). Esse privilégio era considerado pelo apóstolo também como uma responsabilidade, pois ele dizia: “ai de mim se não pregar o evangelho” (cf. 1Co 9.16). A alegria e a seriedade de Paulo com respeito à pregação do Evangelho são explicadas pelo fato de que o “evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (cf. Rm 1.16). Dessa maneira, é apropriado afirmar que o pregador do Evangelho trabalha para a eternidade!
Todavia, no ministério pastoral é comum encontrar aqueles que pregam o Evangelho, mas, por diversas razões, não o escutam regularmente sendo pregado. As demandas do ministério são muitas e os ministros devem pregar várias vezes por semana, o que faz com que muitos pastores reduzam a leitura da a Bíblia para encontrarem textos que serão usados para a elaboração de sermões e não como alimento pessoal da divina Palavra. Além do mais, alguns não possuem oportunidades de se sentarem para ouvir a pregação de outro, pois se encontram sozinhos e em contextos nos quais têm que “fazer tudo e mais um pouco”. No entanto, a exposição à pregação da Palavra por meio de outra pessoa é um meio de graça que nenhum crente deveria menosprezar. A Palavra é um espelho divino e por meio dele percebemos nossas falhas e carências, bem como as áreas nas quais devemos crescer. Enfim, aqueles que pregam o Evangelho necessitam que o mesmo seja pregado a eles.
Uma maneira muito factível do pregador receber diariamente as boas-novas sobre Jesus é pregando-as para si mesmo. A frase “pregar o evangelho para si mesmo” pode ser recente,[3] mas sua dinâmica é tão antiga quanto o Salmo 42. Nesse salmo, o escritor exorta a sua alma a não se deixar dominar pelo abatimento, mas esperar em Deus (cf. Sl 42.5 e 11). De certa forma, ao pregar para si mesmo esperança e dependência no Altíssimo, o salmista pregava para si a mensagem do Evangelho.
Contudo, pregar o Evangelho para si mesmo é mais do que um jargão. Isso implica em encarar diariamente seus próprios pecados e, concomitantemente, correr para Jesus em fé, buscando purificação no seu precioso sangue e viver em dependência daquele sem o qual nada se pode fazer. São boas-novas de aceitação e transformação para o pecador. Também, a mensagem do Evangelho conclama o pecador a zelar por viver vida santa diante de Deus e dos homens, trazendo a promessa da recompensa eterna. Nenhum crente suporta viver sem essa mensagem bendita, nem mesmo o pastor. Portanto, é necessário que o ministro do Evangelho pregue para si mesmo diariamente.
Alguns pastores, por se esquecerem da mensagem do Evangelho e deixar de aplicá-las a si mesmos, acabam desenvolvendo estilos arrogantes e soberbos de vida ministerial. De alguma maneira eles pensam que o crescimento da igreja ou o sucesso do ministério depende deles! Por outro lado, alguns, por se esquecerem das exigências do Evangelho, acabam cultivando o pecado em suas vidas, tornando-se mais amigos do mundo do que do Deus a quem eles foram vocacionados para servir. O resultado de ambas as atitudes é trágico para o obreiro, sua família e a igreja de Cristo. Por isso, pastores precisam que o Evangelho seja pregado a eles! De maneira particular, essa “pregação” ocorre especialmente quando eles são aconselhados, pois nessas ocasiões, o ministério da palavra é direcionado ao problema específico que está sendo enfrentado pelos mesmos.
Até o momento foram analisados cinco tópicos que explicam a razão pela qual pastores necessitam de ajuda. Nenhum ministro pode se dizer acima dessas condições ou imune a essa carência. Portanto, a melhor pergunta talvez não seja em relação à importância de pastores serem ajudados, mas qual o melhor modus operandi para se prestar essa ajuda. Como já foi mencionado acima, nesse processo, toda a igreja e especialmente os secretários de apoio pastoral devem estar envolvidos.
Valdeci Santos
[1] ATA da REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DO SUPREMO CONCÍLIO 1999, p. 12. Disponível em: http://www.executivaipb.com.br/a-ipb/atas-ce-e-sc/. Acesso em: 31.10.2014.
[2] TRIPP, D. Paul. Vocação perigosa: Os tremendos desafios do ministério pastoral. São Paulo: Cultura Cristã, 2014. p. 27-29.
[3] Supostamente atribuída a Jerry Bridges, ela provém dos conselhos sábios de Jack Miller ao escritor que lhe disse: “Pregue o evangelho a si mesmo cada dia”. BRIDGES, Jerry. The discipline of grace. Carol Stream, IL: NavPress, 2006. p. 8
https://jmnoticia.com.br/2018/11/12/pastores-comentam-sobre-cristaos-que-falam-palavroes/