Perseguição a cristãos na Coreia do Norte

Por Wagner Hertzog

As torturas que os cristãos sofrem aplicadas pelas tirânicas autoridades da ditadura norte-coreana vão de impensáveis à excruciantes

Apesar de todas as tentativas da propaganda estatal em provar o contrário, é notório que o tirânico regime norte-coreano governado pelo ditador Kim Jong-un — o terceiro da dinastia Kim —, não tolera liberdade religiosa. E a perseguição contra cristãos tem sido virulenta no pequeno país asiático, tanto quanto as campanhas realizadas para acobertá-la e negar sua existência.

+ EUA vão pressionar Coreia do Norte a respeitar cristãos e outras minorias

+ Coréia do Norte tem mais medo de cristãos do que armas nucleares, diz ex-pastor preso

É impossível
verificar a extensão da incidência da crueldade cometida contra cristãos pelo
regime, em função da total restrição que o jornalismo independente sofre pelo
governo da ditadura; no entanto, sabe-se não apenas que ela existe, como também
que é implacável contra todos aqueles que professam a fé cristã. O fato da
comunidade internacional não estar fazendo absolutamente nada a respeito mostra
muito bem que os governos do mundo inteiro foram cooptados pelas perversas
forças globalistas, que empurram o mundo em direção a uma sórdida e fatalista
autocracia global.

Como toda ditadura totalitária, o governo de Kim Jong-un exige total devoção da população ao ditador, o que é relativamente comum nesse tipo de regime político, onde Deus é substituído pelo estado, e Jesus Cristo é substituído pelo ditador. A genuína espiritualidade é suplantada pela estadolatria compulsória. Quem se nega a seguir esse sistema, invariavelmente estará sujeito a sofrer as consequências. Como é o caso dos cristãos, que tornam-se vítimas das arbitrariedades do regime.

+ O caráter insurgente do Boko Haram – Por Wagner Hertzog

+ China — A tirania totalitária determinada a erradicar todas as religiões

As torturas que
os cristãos sofrem aplicadas pelas tirânicas autoridades da ditadura
norte-coreana vão de impensáveis à excruciantes, e lembram até mesmo práticas
que tornaram-se corriqueiras nos primórdios do cristianismo, no Império Romano,
por ordens do imperador Nero. Na ditadura norte-coreana, pode acontecer de
cristãos serem crucificados, depois incinerados e esmagados por rolos
compressores. Torturas mais comuns envolvem abuso sexual, agulhas enfiadas
embaixo das unhas e escravidão compulsória em campos de trabalho forçado. No
entanto, a lista de atrocidades a que cristãos podem ser submetidos é deveras
extensa. 

Uma organização cristã — a Christian Solidarity Worldwide —, já por alguns anos vem realizando um extenso trabalho sobre a perseguição religiosa na Coreia do Norte. Um de seus relatórios mais recentes afirma que “as crenças religiosas são vistas como uma ameaça à lealdade exigida pelo Líder Supremo; portanto, qualquer pessoa que as mantenha é severamente perseguida. Os cristãos sofrem significativamente por causa dos rótulos anti-revolucionários e imperialistas que lhes são atribuídos pela liderança do país.”

Não obstante, é
impressionante ver como — apesar da
hostilidade institucionalizada — a fé cristã não
apenas não se intimida, mas cresce e prolifera com um vigor espantoso. Na
capital da ditadura, Pyongyang, existem cinco igrejas oficiais, e
aproximadamente cinco centenas de congregações domésticas reúnem fiéis no país
inteiro. Os crentes não deixam de praticar a sua fé em hipótese alguma; no
entanto, sabem que correm sérios riscos ao professar a fé em Cristo. Se forem
surpreendidos com uma Bíblia, por exemplo, uma prolongada detenção em um campo
de trabalhos forçados é a punição mais branda e suave que podem esperar.

Como a Coreia do
Norte trabalha por um sistema de culpa por associação, o governo pune também
familiares de cristãos que são detidos pelo regime — até mesmo parentes distantes não são
poupados —, não importa se
praticam ou não o cristianismo. Essa prerrogativa inibe insurgências contra o
sistema, impede ao menos algumas pessoas de fugir do país e potencializa a
pressão psicológica exercida pela intimidação indireta da ditadura; assim, em
função do fato de que inocentes podem ser criminalizados pelas ações de
terceiros, muitas pessoas simplesmente decidem obedecer cegamente às tirânicas
diretrizes do regime, para que outros não sejam punidos por suas ações.  

A Christian Solidarity Worldwide quer que o regime
norte-coreano responda por suas ações no Tribunal Penal Internacional, que já
julgou casos de enorme repercussão, como os crimes contra a humanidade
praticados pelos mandatários genocidas da extinta Iugoslávia. No entanto, em
decorrência das forças globalistas anticristãs que controlam o sistema mundial,
é pouco provável que sua solicitação seja atendida. Hoje, o morticínio e a
perseguição a cristãos ocorre com a conivência e a condescendência da grande
maioria dos governos políticos.

No seu relatório, a organização afirma que
“a ONU e outros membros da comunidade internacional devem garantir que os
direitos humanos sejam centrais em qualquer negociação com a Coréia do
Norte.” Outro equívoco, pois a ONU é uma instituição majoritariamente
comandada por autocracias e ditaduras que violam sistematicamente os direitos
humanos; recentemente, a Venezuela — uma ditadura socialista que mata
ativamente a própria população através de execuções sumárias, assassinatos
extrajudiciais e escassez de alimentos — foi eleita para a Comissão de Direitos
Humanos da ONU. Ou seja, a ONU não está realmente engajada no combate a
injustiças, mas em promover ditaduras autoritárias e criminosas, e fechar os
olhos para todas as atrocidades cometidas por elas.

O relatório ainda diz que “todos os esforços
devem ser feitos para buscar responsabilidade e justiça para o povo
norte-coreano, que sofre violações dos direitos humanos em uma escala sem
paralelo no mundo moderno”; infelizmente, ninguém o fará, visto que — como
está escrito em 1 João 5:19 — “o mundo inteiro jaz no poder do iníquo.” Tudo o
que nós podemos fazer no presente momento é orar e pedir a Deus para que
resguarde e fortaleça com o seu espírito santo os cristãos que enfrentam
tribulações e adversidades por causa da fé. Estão sendo perseguidos e
vilipendiados pela causa da justiça.