Desde dezembro do ano passado, as disputas envolvendo convenções assembleianas têm ganhado destaque na mídia, gerando críticas e questionamentos nas redes sociais, entre elas, está a recente emancipação da CONFRADESPA na região sul do Pará, e por último, a saída de alguns Campos da AD COMADESMA no Sul do Maranhão. As divisões internas, frequentemente chamadas de “rachas”, têm colocado em evidência problemas estruturais e pastorais dentro da maior denominação pentecostal brasileira.
Pastores, teólogos e líderes têm se manifestado sobre o tema. Entre eles, o pastor José Gonçalves, autor de mais de uma dezena de livros e comentarista das Lições Bíblicas da CPAD, trouxe uma análise profunda da situação em um texto sobre as “Estruturas Rachadas”.
Segundo Gonçalves, embora divisões não sejam novidade na história do cristianismo, a frequência e a intensidade com que têm ocorrido entre os pentecostais no Brasil indicam um problema que vai além do comum. Ele admite que as disputas pelo poder em convenções e igrejas assembleianas se tornaram quase corriqueiras.
Para entender as causas, Gonçalves recorre ao pensamento filosófico de Rousseau e o desconstrói à luz de uma perspectiva teológica. Para o teólogo pentecostal, um dos mais admirados dentro da denominação histórica do país, o problema não está apenas no sistema ou na estrutura, mas no ser humano que o alimenta.
“Pastores são o problema”
Citando um veterano pastor, Gonçalves afirma que “o problema das igrejas são os pastores”. Ele aponta que, quando líderes buscam a perpetuação no poder a qualquer custo, eles deixam de ser pastores e se tornam chefes ou, em casos extremos, déspotas.
A falta de rotatividade nas lideranças e o abandono dos princípios dos pioneiros das Assembleias de Deus, como Gunnar Vingren ou de William H. Durham, o gigante pentecostal da Avenida Norte de Chicago, que disse – “Se você quer servir a Deus de forma agradável fique fora das Instituições (institucionalismo)” – são destacados como causas principais para os conflitos.
Crítica ao carreirismo pastoral
José Gonçalves critica a mentalidade de “carreirismo” que tem transformado igrejas em empresas e pastores em executivos. Segundo ele, a busca por status e poder dentro das convenções levou muitos a flertarem com a política e o poder público, resultando em escândalos e divisões.
“Há uma mentalidade de “carreirismo”. Assim, as igrejas passaram a ser vistas como empresas e os pastores como executivos. No universo convencional a coisa segue a mesma linha. Daí a briga para se pastorear uma grande igreja e, a todo custo, se manter no topo – na presidência de uma Convenção.” – Pr. José Gonçalves.
Cursos para a liderança
O pastor sugere que, em vez de estudos bíblicos genéricos, as convenções promovam debates sobre os fundamentos da liderança cristã. Ele cita como exemplo a necessidade de ensinamentos práticos, como “Dez princípios bíblicos fundamentais para quem quer ser pastor ou presidente de Convenção” ou, até mesmo, uma disciplina nos Seminários intitulada: “Como pensavam e viviam os Pioneiros”.
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