Depois de 24 anos à frente da centenária Primeira Igreja Batista de Vitória, o pastor Oliveira de Araújo, uma das maiores lideranças religiosas do Estado, encerra seu ministério pastoral recebendo o título de pastor emérito. No meio evangélico, a honra é excepcional, reconhece o valor do trabalho ministerial e expressa a gratidão da comunidade. Ele diz que a igreja precisa de um líder novo, que tenha novas ideias. “É preciso oxigenar”, brinca.
O pastor encerra a carreira aos 66 anos de idade, enfrentando uma luta contínua com problemas de saúde. Desde 2002, quando soube que estava com fibrose pulmonar idiopática, passando por um transplante de pulmão, em junho de 2008, e também por um processo de rejeição, o pastor vem recebendo cuidados médicos especiais.
Animado, no entanto, o pastor Oliveira garante que hoje passa bem. “Além dos problemas de saúde, estou deixando a liderança porque a igreja precisa de um novo líder com novas ideias”, diz o pastor.
Natural da cidade de Luz, no interior de Minas Gerais, e avô de três netos – Pedro, de dois anos, Ester, de um ano e oito meses, e Lucas, de um ano e cinco meses – Oliveira lembra que resistiu muito ao chamado para ser pastor.
Foto: Arquivo PessoalOliveira em momento de pregação
“Diante das responsabilidades e dos desafios que tem um pastor, eu não acreditava em mim. Pensei até em ser advogado. Mas com o passar dos anos e o envolvimento em eventos ligados aos jovens, não pude mais resistir ao chamado de Deus”, reflete Oliveira.
Após décadas de pastoreado, ele explica que, além do “chamado de Deus”, desprendimento, disponibilidade e vontade de aprender são as principais qualidades de um pastor. Qualidades que levaram ele a assumir a presidência da igreja mais de uma vez. “Para mim, o título de pastor emérito é uma honra, principalmente porque não acho que mereço. Estou muito feliz”, conclui.
Culto especial de gratidão
O culto de gratidão em que o pastor Oliveira de Araújo receberá o título de pastor emérito será realizado no próximo domingo, na Primeira Igreja Batista de Vitória, na avenida Marechal Mascarenhas de Moraes. A cerimônia acontece a partir das 19h30 e toda a comunidade está convidada pela organização.
Para o pastor Marcelo Fraga, o maior legado deixado por Oliveira é terminar bem, sendo reconhecido, honrado e acolhido pela congregação. “O pastor é um homem piedoso, uma referência para todos nós.”
A igreja, onde congregam cerca de dois mil membros, segundo o próprio pastor Oliveira, fica na Esplanada Capixaba, em Vitória.
Planos para o futuro
Foto: Arquivo PessoalOliveira com o arcebispo emérito Dom Silvestre Scandian
Sentindo-se honrado com o título de pastor emérito na Primeira Igreja Batista de Vitória, o pastor Oliveira de Araújo explica que poderá continuar atuando como conselheiro e talvez até como palestrante pelo Brasil.
Como recebeu a notícia do título de pastor emérito?
Para mim, é uma honra porque não me acho merecedor desse título. Estou muito feliz, grato a Deus. As honras são para o nosso Deus, na verdade.
Sentirá falta do ministério?
Sempre amei a igreja. Sem dúvidas, vou sentir falta. Mas minha vida está nas mãos de Deus. Saí por causa da enfermidade, mas, além disso, depois de 24 anos é preciso oxigenar a igreja.
Com o título, o que muda?
Eu deixo a liderança, mas posso continuar atuando como conselheiro, oferecendo apoio à igreja. Mas este é meu ano sabático, ou seja, estou descansando. No ano que vem, vou ver o que poderei fazer. Talvez palestras pelo Brasil.
Ser pastor foi uma escolha?
Na verdade, eu resisti muito à ideia de ser pastor diante dos desafios e das responsabilidades do ministério. No entanto, depois de muito me envolver com a igreja, não pude mais resistir ao chamado de Deus.
Qual o primeiro desafio?
Foi quando assumi, aos 40 anos, a secretaria da Junta de Missões Nacionais da Convenção Batista Brasileira. O órgão coordena todo o trabalho missionário, social e evangelístico no país.
Conheceu muitos lugares?
Sim, rodei o país inteiro evangelizando as pessoas. Trabalhei com tribos indígenas, passei grandes temporadas no Amazonas. Hoje, é impossível mensurar todo o trabalho já realizado.
Quais as qualidades de um bom pastor?
Primeiro, tem que ser chamado por Deus. Em seguida, precisa ter desprendimento para ir onde Deus mandar, disposição e vontade de aprender. Houve um pregador que disse que tem que ter a Bíblia em uma mão e na outra um jornal diário. O pastor nunca pode parar de estudar e se atualizar.
Como está a saúde?
Passei muitas dificuldades sérias no ano passado, mas graças a Deus e aos cuidados médicos, estou bem. Fonte: A Gazeta
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