Neste domingo (2), o silêncio nas salas de oração da igreja O Brasil Para Cristo carregou um peso diferente. Pastor Luiz Carlos Pires, fundador da congregação e voz que ecoou por décadas nos corações de milhares de fiéis, partiu aos 67 anos. A notícia, recebida como um sopro de luto, atravessou grupos de oração, redes sociais e os corredores de comunidades evangélicas em todo o país. “Ele não era apenas um pastor; era um pai espiritual para muitos de nós”, compartilhou um membro da igreja há 30 anos, enquanto enxugava as lágrimas.
Nascido em um tempo onde a fé e a simplicidade caminhavam lado a lado, Luiz Carlos Pires começou seu ministério em um pequeno salão nos anos 1970. Com uma Bíblia nas mãos e um coração aberto, transformou prédios vazios em abrigos para famílias, e discursos em mensagens que tocavam até os mais céticos. “Ele tinha um dom para falar de Deus como se estivesse conversando na mesa de jantar”, lembra o pastor João Mendes, amigo de longa data.
Sua igreja, O Brasil Para Cristo, não cresceu apenas em números. Tornou-se um porto seguro para mães solteiras, jovens em busca de propósito e idosos esquecidos pela sociedade. Todos os sábados, ele mesmo organizava cestas básicas para comunidades carentes. “Uma vez, entregou seu próprio casaco a um morador de rua durante um culto. Disse que ‘Deus o aqueceria duas vezes’”, contou um voluntário, emocionado.
O vazio e a esperança
Nas redes sociais, fotos de batismos, casamentos e abraços apertados inundaram as timelines. “Ele me ensinou que fé não é sobre perfeição, mas sobre persistência”, escreveu um jovem que encontrou na igreja o apoio para superar um vício. Entre líderes religiosos, a dor foi unânime. “Pastor Luiz era um farol em tempos de tempestade. Sua ausência nos desafia a continuar seu trabalho”, declarou o bispo Rafael Torres.
Para além dos púlpitos
Luiz Carlos Pires não será lembrado apenas por sermões eloquentes, mas por gestos que traduziram amor em ação. Deixou projetos de alfabetização para adultos, parcerias com abrigos infantis e uma rede de apoio que sobrevive à sua partida. “Ele costumava dizer que ‘igreja não é um clube, é um hospital para os quebrantados’”, relembra uma diaconisa.