Quase um ano se passou desde que o pastor Teófilo Hayashi, ou simplesmente Téo Hayashi, como muitos o chamam, decidiu quebrar o silêncio. Era novembro de 2024 quando ele postou um vídeo que, até hoje, ecoa como um chamado incômodo — e necessário. Relembrar aquelas palavras agora, em fevereiro de 2025, não é só sobre olhar para trás. É sobre entender por que, mesmo meses depois, o tema ainda queima nas conversas entre fiéis, líderes e até quem está do lado de fora.
Na época, o pastor não usou rodeios. Em um vídeo publicado no TikTok e no YouTube, que rapidamente vazou para o Instagram, ele questionou o que muitos já cochichavam: “Por que só descobrimos os escândalos pelos jornais?”. A fala dele era direta, quase um soco no estômago de quem prefere tapar o sol com a peneira. “Se a gente não falar, quem vai falar é o Estadão, o UOL, a Folha“, disparou, com a voz mista de frustração e urgência.
Não foi um discurso bonito. Foi real. Hayashi lembrou que Jesus já alertara sobre escândalos — “nada disso é novidade” —, mas enfatizou: “O problema não é o erro, é fingir que ele não existe”. A reação? Uma enxurrada de comentários divididos. Alguns apoiaram, dizendo sentir alívio por alguém “falar o que a gente pensa”. Outros cobravam soluções: “E agora, como fazemos diferente?”.
Doze meses depois, a pergunta persiste: O que mudou?
Ao longo de 2024, casos que antes eram abafados começaram a ganhar respostas internas — ainda que tímidas. Uma igreja no interior de São Paulo, por exemplo, divulgou um comunicado aberto após denúncias de desvio de verbas. Em Minas Gerais, um pastor renunciou voluntariamente após admitir falhas éticas, citando publicamente o vídeo de Hayashi como influência. Pequenos passos, mas que sinalizam: o medo de “manchar a imagem” está, aos poucos, perdendo espaço para o risco maior — o de perder credibilidade.
Claro, nem tudo são vitórias. Há relatos de comunidades onde o silêncio ainda prevalece, e o constrangimento continua sendo maior que a coragem. Mas o debate, pelo menos, saiu das redes sociais e invadiu reuniões de liderança. “Não dá mais pra ignorar”, confessou uma pastora de Brasília, sob anonimato, em entrevista recente. “A geração mais jovem exige transparência. Eles querem saber, mesmo que doa.”
Teófilo Hayashi, hoje, evita chamar atenção para si. Em uma live recente, brincou: “Não sou profeta, só levantei a voz no momento certo”. Mas é inegável: sua fala virou um marco. Em fevereiro de 2025, o que fica é a lição de que, na era da informação, as paredes das igrejas já não são grossas o suficiente para esconder a verdade. E talvez, o maior milagre seja justamente esse: deixar a luz entrar, mesmo quando ela revela as rachaduras.