Por pastor João Paulo Arantes
No livro de Lucas capítulo 14 percebemos Jesus tratando de cinco tipos diferentes de pessoas e expondo de maneira clara e objetiva o quão falso havia em vossos corações e em sua forma de pensar: os fariseus com uma falsa piedade, os convidados com um falsa popularidade, o anfitrião com uma falsa hospitalidade, os judeus com uma falsa segurança e as multidões com uma falsa expectativa. Queremos nessa reflexão nos ater especificamente as multidões que alimentavam uma falsa e exacerbada expectativa em relação a Cristo.
No momento que Jesus saiu da casa do fariseu, uma grande multidão passou a seguir Jesus mas isso não foi capaz de impressionar o mestre pois Ele tinha a consciência de que a maioria daquelas pessoas não estavam nem um pouco interessadas em aprender sobre coisas espirituais.
Na realidade estavam interessadas apenas ver milagres, alimentar os famintos, ou que Ele depusesse o governo romano e estabelecesse o reino prometido de Davi. Suas expectativas estavam erradas assim como muitos cristãos hoje estão com a expectativa errada sobre o Reino dos Céus. Sabedor daquela realidade Ele prega um sermão duro com o objetivo de “selecionar” quem poderia ser considerado discípulo dEle.
A palavra discípulo se refere a alguém que acompanha o mestre e está disposto a aprender um ofício ou uma disciplina com seu Senhor. O termo discípulo era a designação mais comum para os seguidores de Jesus Cristo e é usado 257 vezes nos Evangelhos e no Livro de Atos. Jesus parece fazer uma distinção entre salvação e discipulado. A salvação é oferecida a todos os que desejem aceitá-la pela fé, enquanto o discipulado é reservado a cristãos dispostos a pagar um preço. Salvação significa ir até a cruz e crer em Jesus Cristo, enquanto discipulado significa tomar a cruz e seguir a Jesus Cristo.
Jesus deseja salvar o maior número possível de pessoas, mas adverte sobre a necessidade de levar o discipulado a sério e, nessas três parábolas, deixa claro que há um preço a ser pago. Todas essas pessoas, foram e são confrontadas por Jesus no versículo 27 quando ele nos convida a “Levarmos a nossa Cruz”, mas o que significa levarmos a Cruz? Levar a Cruz é identificar-se diariamente com Cristo na vergonha, no sofrimento e na entrega à vontade de Deus.
“Então cuspiram-lhe no rosto e lhe davam punhadas, e outros o esbofeteavam, Dizendo: Profetiza-nos, Cristo, quem é o que te bateu?” Mateus 26:67,68.
Dizer que para levar a cruz de Cristo, a fim de ser considerado um discípulo, precisamos passar diariamente por vergonha, sofrimento e se entregar à vontade Deus parece um tanto quanto contraditório com o que vemos e ouvimos em nossos dias. Jesus foi humilhado, foi envergonhado, cuspiram na sua face com o único objetivo de envergonhar o nosso mestre e mesmo ele permaneceu fiel ao propósito de Deus. Precisamos refletir sobre o quão discípulo estamos dispostos a ser, pois se não estamos prontos para sermos envergonhados e/ou humilhados pelo seu nome não podemos sermos considerados discípulos dEle.
Somente uma autoavaliação sobre a maneira pela qual encaramos as dificuldades pode expressar quem realmente somos diante de Deus. Parece heresia pregar nos dias atuais que os cristãos devam estar preparados para levar a sua cruz, nem que para isso devam passar por situações de humilhação como Jesus passou. Gostamos de músicas e pregações que elevam a nossa estima, que nos ensinam uma falsa ilusão que não podemos sofrer ou padecer estando em Cristo, mas simplesmente dessa maneira estamos abandonando a cruz de Cristo. Levar a Cruz é morrer para si mesmo, para os próprios planos e ambições e estar disposto a lhe servir conforme sua direção.
Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna. Se alguém me serve, siga-me, e onde eu estiver, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, meu Pai o honrará. João 12:25,26.
Morrer para si mesmo é perder a sua vida para este mundo e simplesmente deixar Cristo ser o Senhor de sua própria vida. Todos nós fazemos planos diariamente e criamos expectativas sobre o nosso futuro mas quando nos tornamos verdadeiramente discípulos de Cristo e aceitamos a cruz, os nossos planos são submetidos à vontade e desejo do Deus todo poderoso. Muitos querem ser discípulos de Cristo mas nunca aceitaram se submeter a Ele e estão vivendo um falso evangelho e acreditando em uma vã esperança.
A “cruz” é algo aceito espontaneamente como parte da vontade de Deus para a vida de cada um. O cristão que afirma que seus vizinhos barulhentos são a “cruz” que deva carregar com certeza nunca entendeu o significado de morrer para si mesmo. Se você disser a Jesus que deseja tomar a cruz e segui-lo como seu discípulo, ele vai querer ter certeza de que você sabe onde pisa. Cristo não quer falsas expectativas, ilusões nem barganhas. Ele deseja usar as vidas como pedras para edificar sua Igreja, como soldados para combater seus inimigos e como sal para melhorar o mundo: e está em busca de qualidade. Para alguns, Jesus diz:
“Não podeis ser meus discípulos”. Tais pessoas não estão dispostas a deixar tudo por ele, a suportar vergonha e opróbrio por amor a ele e a se deixar controlar pelo amor dele. Você está disposto a ser discípulo de Jesus e levar a sua cruz?
Mestrando em Teologia com concentração em Leitura e Interpretação da Bíblia pela Faculdade EST, São Leopoldo/RS. Bacharel em Teologia pela Faculdade Teológica Sulamericana (2017). Bacharel em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal do Tocantins (2007). Pastor da Assembleia de Deus Nação Madureira em Palmas/TO. Professor de Teologia IBAD núcleo Palmas/TO. Discípulo de Jesus. Radialista Rádio Paz FM 89,9 Palmas/TO. www.radiopazpalmas.com.br Contato: jpdantasgo@gmail.com
https://jmnoticia.com.br/2016/05/10/o-que-motiva-uma-chamada-ministerial-por-pastor-joao-abrantes/