O que motiva uma chamada ministerial? Por pastor João Abrantes
Nesses 31 anos que aceitei Jesus tenho visto alguns pastores perderem o rumo original e ministério infrutíferos com igrejas fracas e em declínio. Entendo que grande culpa dos problemas destas igrejas deve-se aos auxiliares, evangelistas, pastores, presidentes de convenção e ao próprio pastor. Os pastores estão abandonando seus postos, desviando-se para a direita e para a esquerda, com frequência alarmante. Isto não quer dizer que estejam deixando a igreja e sendo contratados por alguma empresa. As igrejas ainda pagam seus salários, o nome deles ainda constam como convencionais e continuam a subir no púlpito domingo após domingo. O que estão abandonando é o posto, o chamado. Prostituíram após outros deuses. Pastores que se engajam em campanhas políticas (internas e externas) visando a sua própria candidatura e fazem conchavos para o seu próprio benefício não estão aptos para o ministério. Lamento que haja membros de Igreja que apoiam tais obreiros. Estes pastores fazem dos incautos sua massa de manobra. Servem-se deles para os seus interesses e caprichos. Fazem de suas Igrejas feudos. É impressionante o número de obreiros que controlam ferrenhamente comunidades eclesiásticas. Mandam e desmandam. Ameaçam. Usam mecanismos suspeitos. Fazem conchavos em suas próprias igrejas para apoiarem seus sonhos megalomaníacos. Aquilo que fazem e alegam ser ministério pastoral não tem a menor relação com as atitudes dos pastores que fizeram a história nos últimos vinte séculos. Perguntaram ao Pastor Billy Graham: Por que você não se candidata a presidente dos Estados Unidos? Teria grande chance de ser eleito. Ele respondeu: Não posso baixar o meu nível. Já sou embaixador de Jesus Cristo aqui na terra.
A pergunta que nos incomoda levanta a questão sobre as reais motivações de nossos vocacionados para o ministério Pastoral. Talvez nem todos tenham consciência de que errar na vocação trás consequências desagradáveis para si mesmos e também para suas futuras igrejas. Embora uma vaga vocação para o ministério possa levar ao pastorado, não sustentará o pastor através das ásperas realidades da vida na igreja. É preciso avaliar as verdadeiras motivações, antes de ingressar nos seminários.
É sabido que todos nós em alguns momentos tomamos decisões na vida motivadas por algo ou alguma coisa em dado momento de nossa existência e considerando as diversas situações da vida. Falando da motivação que leva um jovem a decidir pelo ministério, entendemos que todo genuíno vocacionado deve ter como ambição ser um instrumento de Deus. Sua única motivação para ser pastor é seu desejo ardente de realizar a obra de Deus e para a glória de Deus.
Dentre as motivações que podemos aparentemente perceber e com o passar dos anos ter a certeza que realmente foi isso que aconteceu, neste contexto temos então 05 pontos a serem analisados:
1. Adquirir estabilidade financeira – o país vive uma recessão sem precedente e caminha para uma incerteza total, os custos de vida são caríssimos e conseguir uma vaga nos concursos públicos ou privados requer um demanda de dedicação aos estudos longa, e incerta. É com temor e tremor que arrisco raciocinar desta maneira, mas temo que alguns jovens em nossas igrejas, passe a compreender o ministério como uma profissão e um meio de ganhar a vida. Penso que todo candidato ao ministério deveria responder a esta pergunta: O motivo que tenho para desejar ser pastor é porque serei pago para isto? Quanto a isto, Spurgeon escreveu: “Se um homem perceber, depois do mais severo exame de si mesmo, qualquer outro motivo que a glória de Deus e o bem das almas em sua busca do pastorado, melhor que se afaste dele de uma vez, pois o Senhor aborrece a entrada de compradores e vendedores em seu templo”.
2. Status social – o desejo por ser alguém e ter sucesso na vida é salutar e vem da própria natureza humana, é do conhecimento de todo mundo que ser pastor é ser um líder, e que é, ou que deveria ser respeitado pela sociedade e autoridades na sua maioria pelo trabalho prestado, postura como homem imparcial nas decisões sociais, políticas e religiosa – ser um tipo de conselheiro na sociedade. O “ser pastor”, mesmo que em nossos dias não é lá muito bem visto, até mesmo pelos escândalos envolvendo alguns líderes cristãos, os títulos de Reverendo, Apóstolos, Pai-Póstolos, Anjo, Arcanjo, Querubim e outras aberrações (se nesse exato momento não tiverem criado outro nome por pura vaidade) que transmitem uma certa dose de autoridade que dignifica o ser humano, e lhe confere status social. Em I Tm 3:1, Paulo escreve : “se alguém deseja o pastorado, excelente obra almeja” O termo “deseja”na língua grega é epithumeo, que tem o significado de “colocar o coração, ambicionar, desejar”.
3. Necessidade de se firmar como pessoa – o sentimento que o ser humano tem de que alguém o veja bem sucedido é louvável e justo, não há nada de errado nisso, o errado é alguém usar o ministério como trampolim para a promoção pessoal e profissional. Usar o ministério para tal proveito é uma atitude mesquinha, pobres de espírito e na verdade nunca foram chamados por Deus para a magnífica missão de ganhar almas e ser pescadores de homens.
4. Um sentimento de obrigação – outros que na família existem pastores, evangelistas, presbíteros e etc… ou mesmo aqueles que fizeram um curso teológico e sentem-se na obrigação de ir para o ministério como se fosse uma recompensa pelo serviço prestado. Um velho pregador deu um sábio conselho a um jovem quando indagado sobre sua opinião quanto a seguir o ministério: “Se você pode ser feliz fora do ministério, fique fora, mas se veio o solene chamado, não fuja”.
5. Por último falta de opção – é possível sim que alguém depois de inúmeras tentativas inglórias de ingressar em concursos, universidades, trabalhos ou outra atividade remuradas, percebeu que a igreja lhe seria útil pois renderia um salário suficiente para viver regaladamente, porque não? Afinal, muitas igreja tem um rendimento apropriado para esses aventureiros e grande partes dos seus membros são pessoas simples, temente a Deus, que jamais tomaria uma atitude mais enérgica para desaprovar tais posturas. Vocação pastoral não pode ser por falta de opções, mas porque foi imposta por Deus. Na qualidade de pastores e tutores eclesiásticos, faz-se necessária nossa orientação aos aspirantes e candidatos ao Ministério de que não há como alguém sobreviver no pastorado, caso sinta que esta foi uma escolha sua e não de Deus.