Tentar falar sobre chamada ministerial é um tanto quanto delicado, como explicar o que se passa na mente do ser humano ou sua convicção ou não do seu chamado. Quando Deus chamou Abraão homem muito rico e que não precisava de aventuras ou de um novo emprego, ele morava na cidade de Ur dos Caldeus na Mesopotâmia. Ur ficava em torno de 240 km de distancia do Golfo Pérsico, e a cerca de 350 km da atual Bagdá. (Gn 12:1). Se deixarmos a historia da chamada desse patriarca da fé Abraaão e, olharmos para outro homem da bíblia sagrada Saulo de Tarso (Paulo) de família abastarda, linhagem familiar respeitada e posição social verão uma idêntica forma que Deus usou para convidá-los ao mais ilustre e honroso, porque não dizer o mais sublime de todos os cargos humano – chamada ministerial. Saulo nasceu em Tarso, grande centro cultural da Cilícia, mas foi criado em Jerusalém, aos pés de Gamaliel (At 22.3; 26.4) e herdou de seu pai a cidadania romana, feito para poucos cidadãos (At 16.37; 21.39; 22.25). Talvez fosse membro do Sinédrio, ou pelo menos da polícia do Sinédrio. Mas afinal onde queremos chegar, e porque usarmos a figuras dos mais ilustres exemplos do antigo e novo testamento para falar sobre o chamado ministerial?
Nesses 31 anos que aceitei Jesus tenho visto alguns pastores perderem o rumo original e ministério infrutíferos com igrejas fracas e em declínio. Entendo que grande culpa dos problemas destas igrejas deve-se aos auxiliares, evangelistas, pastores, presidentes de convenção e ao próprio pastor. Os pastores estão abandonando seus postos, desviando-se para a direita e para a esquerda, com frequência alarmante. Isto não quer dizer que estejam deixando a igreja e sendo contratados por alguma empresa. As igrejas ainda pagam seus salários, o nome deles ainda constam como convencionais e continuam a subir no púlpito domingo após domingo. O que estão abandonando é o posto, o chamado. Prostituíram após outros deuses. Pastores que se engajam em campanhas políticas (internas e externas) visando a sua própria candidatura e fazem conchavos para o seu próprio benefício não estão aptos para o ministério. Lamento que haja membros de Igreja que apoiam tais obreiros. Estes pastores fazem dos incautos sua massa de manobra. Servem-se deles para os seus interesses e caprichos. Fazem de suas Igrejas feudos. É impressionante o número de obreiros que controlam ferrenhamente comunidades eclesiásticas. Mandam e desmandam. Ameaçam. Usam mecanismos suspeitos. Fazem conchavos em suas próprias igrejas para apoiarem seus sonhos megalomaníacos. Aquilo que fazem e alegam ser ministério pastoral não tem a menor relação com as atitudes dos pastores que fizeram a história nos últimos vinte séculos. Perguntaram ao Pastor Billy Graham: Por que você não se candidata a presidente dos Estados Unidos? Teria grande chance de ser eleito. Ele respondeu: Não posso baixar o meu nível. Já sou embaixador de Jesus Cristo aqui na terra.
A pergunta que nos incomoda levanta a questão sobre as reais motivações de nossos vocacionados para o ministério Pastoral. Talvez nem todos tenham consciência de que errar na vocação trás consequências desagradáveis para si mesmos e também para suas futuras igrejas. Embora uma vaga vocação para o ministério possa levar ao pastorado, não sustentará o pastor através das ásperas realidades da vida na igreja. É preciso avaliar as verdadeiras motivações, antes de ingressar nos seminários.
É sabido que todos nós em alguns momentos tomamos decisões na vida motivadas por algo ou alguma coisa em dado momento de nossa existência e considerando as diversas situações da vida. Falando da motivação que leva um jovem a decidir pelo ministério, entendemos que todo genuíno vocacionado deve ter como ambição ser um instrumento de Deus. Sua única motivação para ser pastor é seu desejo ardente de realizar a obra de Deus e para a glória de Deus.
Dentre as motivações que podemos aparentemente perceber e com o passar dos anos ter a certeza que realmente foi isso que aconteceu, neste contexto temos então 05 pontos a serem analisados:
1. Adquirir estabilidade financeira – o país vive uma recessão sem precedente e caminha para uma incerteza total, os custos de vida são caríssimos e conseguir uma vaga nos concursos públicos ou privados requer um demanda de dedicação aos estudos longa, e incerta. É com temor e tremor que arrisco raciocinar desta maneira, mas temo que alguns jovens em nossas igrejas, passe a compreender o ministério como uma profissão e um meio de ganhar a vida. Penso que todo candidato ao ministério deveria responder a esta pergunta: O motivo que tenho para desejar ser pastor é porque serei pago para isto? Quanto a isto, Spurgeon escreveu: “Se um homem perceber, depois do mais severo exame de si mesmo, qualquer outro motivo que a glória de Deus e o bem das almas em sua busca do pastorado, melhor que se afaste dele de uma vez, pois o Senhor aborrece a entrada de compradores e vendedores em seu templo”.
2. Status social – o desejo por ser alguém e ter sucesso na vida é salutar e vem da própria natureza humana, é do conhecimento de todo mundo que ser pastor é ser um líder, e que é, ou que deveria ser respeitado pela sociedade e autoridades na sua maioria pelo trabalho prestado, postura como homem imparcial nas decisões sociais, políticas e religiosa – ser um tipo de conselheiro na sociedade. O “ser pastor”, mesmo que em nossos dias não é lá muito bem visto, até mesmo pelos escândalos envolvendo alguns líderes cristãos, os títulos de Reverendo, Apóstolos, Pai-Póstolos, Anjo, Arcanjo, Querubim e outras aberrações (se nesse exato momento não tiverem criado outro nome por pura vaidade) que transmitem uma certa dose de autoridade que dignifica o ser humano, e lhe confere status social. Em I Tm 3:1, Paulo escreve : “se alguém deseja o pastorado, excelente obra almeja” O termo “deseja”na língua grega é epithumeo, que tem o significado de “colocar o coração, ambicionar, desejar”.
3. Necessidade de se firmar como pessoa – o sentimento que o ser humano tem de que alguém o veja bem sucedido é louvável e justo, não há nada de errado nisso, o errado é alguém usar o ministério como trampolim para a promoção pessoal e profissional. Usar o ministério para tal proveito é uma atitude mesquinha, pobres de espírito e na verdade nunca foram chamados por Deus para a magnífica missão de ganhar almas e ser pescadores de homens.
4. Um sentimento de obrigação – outros que na família existem pastores, evangelistas, presbíteros e etc… ou mesmo aqueles que fizeram um curso teológico e sentem-se na obrigação de ir para o ministério como se fosse uma recompensa pelo serviço prestado. Um velho pregador deu um sábio conselho a um jovem quando indagado sobre sua opinião quanto a seguir o ministério: “Se você pode ser feliz fora do ministério, fique fora, mas se veio o solene chamado, não fuja”.
5. Por último falta de opção – é possível sim que alguém depois de inúmeras tentativas inglórias de ingressar em concursos, universidades, trabalhos ou outra atividade remuradas, percebeu que a igreja lhe seria útil pois renderia um salário suficiente para viver regaladamente, porque não? Afinal, muitas igreja tem um rendimento apropriado para esses aventureiros e grande partes dos seus membros são pessoas simples, temente a Deus, que jamais tomaria uma atitude mais enérgica para desaprovar tais posturas. Vocação pastoral não pode ser por falta de opções, mas porque foi imposta por Deus. Na qualidade de pastores e tutores eclesiásticos, faz-se necessária nossa orientação aos aspirantes e candidatos ao Ministério de que não há como alguém sobreviver no pastorado, caso sinta que esta foi uma escolha sua e não de Deus.