Por Pr Alexandre Fernandes Barbosa
Testemunho Missionário – Quando você pensa na Amazônia, o que vem a sua mente?
A Amazônia brasileira é uma das maiores riquezas da humanidade, dada a sua importância para o equilíbrio de todo o ecossistema do nosso planeta. Por anos, ela foi vista apenas como um lugar de habitação de animais selvagens e povos indígenas. No entanto, tal visão vem sendo mudada, principalmente no mundo cristão, ao se constatar que nela se encontram grupos étnicos não alcançados pelo evangelho e uma grande concentração populacional nos centros urbanos e nas comunidades ribeirinhas. A Junta de Missões Nacionais, através do Projeto Amazônia, vem realizando um belo trabalho alcançando essa diversidade cultural com o evangelho de Cristo Jesus.
Os desafios amazônicos são imensos: povos indígenas sem contato com a civilização; comunidades ribeirinhas que para serem alcançadas exigem 28 dias de navegação; períodos de seca dos rios, inviabilizando a navegação; períodos de severas cheias dos rios, ocasionando a migração de comunidades inteiras para novas regiões etc.
Em minha primeira viagem para as comunidades ribeirinhas, fui impactado com duas experiências preciosas. Uma foi com os “radicais” Manoel e Ronivaldo, que estavam na comunidade de Japiim – AM no médio Solimões. Aquelas vidas estavam ali isoladas, morando em um lugar sem energia, sem telefonia, sem internet. Mas com muito amor a Deus e compaixão pelas vidas perdidas que ali estavam. Após dois anos de trabalho, deixaram uma igreja plantada e influenciaram vários jovens nativos, que hoje fazem parte do Projeto Amazônia, como líderes autóctones. O sorriso no rosto deles quanto chegamos com o barco para visitá-los, foi o mesmo que vimos quando partimos, pois possuíam uma clara convicção de seu chamado e absoluta certeza de que Deus estava com eles, agindo em favor da salvação daquele povo. Na mesma ocasião, visitei outra comunidade onde não havia a presença evangélica e pude testemunhar da falta de esperança daquele povo. Ao proclamar o amor de Cristo pelas pessoas, fui impactado ao ouvir a seguinte frase: “Nunca haviam falado de Jesus para mim. Obrigado por ler a Bíblia e me explicar seus ensinamentos”. Essa frase mexeu comigo mais uma vez e me arremeteu às palavras de Paulo quando diz: “ Decidimos dar-lhes não somente o evangelho de Deus, mas também a nossa própria vida” 1Ts. 2.8. Naquele momento, compreendi o sentimento dos Radicais Manoel e Ronivaldo.
As oportunidades missionárias na Amazônia são diversas. O projeto hoje se desenvolve em quatro estratégias que atuam sinergicamente em prol de um mesmo objetivo, que é multiplicar discípulos.
O Radical Amazônia recruta, prepara e envia jovens, com idade acima de 18 anos, para morarem dentro dessas comunidades por 2 ou 4 anos, vivendo o dia a dia do povo, cultivando um relacionamento discipulador intencional com pessoas a fim de torná-las discípulos de Cristo.
Esses mesmos radicais são inseridos em um Programa de Formação Missionária (PFM), que visa fornecer conhecimento teológico e missiológico, proporcionando uma formação prática (no campo) e teórica simultaneamente.
O barco missionário desenvolve ações de compaixão e graça nas comunidades onde há radicais, encurtando as distâncias entre o campo missionário e as igrejas, promovendo uma experiência missionária transcultural.
A quarta estratégia é o Novo Sorriso da Amazônia, onde os Radicais são treinados para atuarem como agentes de saúde bucal nas comunidades, desenvolvendo um acompanhamento de cada criança e seus familiares, com o objetivo de erradicar a cárie nos pequeninos e facilitar o tratamento odontológico de seus familiares pelos dentistas voluntários, que visitam as comunidades nas viagens do barco.
Estamos presentes em 20 comunidades ribeirinhas, formando 95 líderes, oferecendo acompanhamento odontológico para 400 crianças e plantando 23 novas igrejas.
Porém, podemos e queremos fazer mais. Para isso contamos com as orações de cada irmão, o envio de mais vocacionados e o sustento para viabilizar o avanço do evangelho entre os povos da Amazônia.
Pr Alexandre Fernandes Barbosa |Coordenador do Projeto Amazônia – Regional Norte 2