Nunca é tarde para aprender a ler e a escrever
No Dia Mundial da Alfabetização, comemorado no
próximo Domingo (8), nos deparamos com um dado preocupante: o Brasil ainda tem
11,3 milhões de analfabetos a partir dos 15 anos, o que corresponde a 6,8% da
população brasileira. A informação faz parte do suplemento de educação da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) de 2018. O
impacto desse número traz histórias de pessoas que não tiveram oportunidades,
nem sequer sabem assinar o próprio nome, além de terem dificuldades para
participar na sociedade ao requerer seus direitos. Mas nunca é tarde para
voltar para escola. E foi o que fez Antônio Dias, de 60 anos.
“Meu pai não podia colocar a gente no colégio. Ele dizia
que quem estuda eram os filhos do patrão, a gente tinha que trabalhar. E aí,
quando cheguei para trabalhar de pedreiro, fui tendo dificuldades e dependia
dos outros para ler para mim. Quando comecei a trabalhar na construção, vi a
necessidade de estudar porque preciso ler e entender os projetos”, conta Dias
que trabalha na construção
civil e é estudante da Educação Jovens e Adultos – EJA da turma intermediária de alfabetização.
Antônio já havia tentando estudar antes, mas precisou
parar, começou mais uma vez ano passado e continuou graças ao estímulo das
professoras, as quais ele tem muita gratidão. Uma delas, a Kika Llanos,
educadora do EJA,
conhece e acompanha de perto histórias como a dele e de outros alunos. “Um
fator relevante é o entendimento sobre a situação do aluno trabalhador, pois
este vive o eterno dilema entre escolher estudar ou ter salário. Trata-se de
uma necessidade de sobrevivência e que por isto nem sempre os alunos conseguem
estar na escola todos os dias”, reflete a professora.
A
metodologia do Ensino para Jovens e Adultos – EJA
A professora
Kika explica que a metodologia de ensino para o público adulto precisa ressignificar
o conteúdo formal através da prática, da realidade e da experiência do dia a
dia, para favorecer a acomodação e assimilação desses saberes. Embora o lúdico, em dosagem certa, também
exerça seus encantos sobre os alunos do EJA, considerando que muitos não
viveram plenamente a infância. Pode ser também uma experiência enriquecedora
através da oralidade e das memórias.
A professora do EJA, em seus anos de prática, também
acredita no potencial de cada aluno que passa pela sua sala de aula. Para ela
esse é principal fator que contribui para o sucesso, pois quando o professor
acredita no aluno, este também acredita em si mesmo. “Não é em vão quando eu
digo que espero ser convidada para a graduação de meus alunos, pois trabalho para que o pedreiro, se
desejar, seja um Engenheiro. Ainda acredito na educação como meio de ascensão
social! ”, conclui a educadora, Kika Llanos.
Agência
Educa Mais Brasil