Da redação
Eu me sentia paralisado desde que tudo aconteceu. Não conseguia processar minhas dores e meu luto. Durante o programa, chorei pela primeira vez. Naquela noite eu dormi bem, sem nenhum pesadelo”.
Essas são as palavras de um cristão da Nigéria cuja filha pequena foi morta na sua frente. Na Nigéria, os cristãos têm sido afligidos por militantes fulanis (uma tribo de pastores de gado e cabra e agricultores) e pelos membros do grupo extremista Boko Haram.
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Na cidade de Kajuru, no estado de Kaduna, os fulanis realizaram ataques, que poderiam ser chamados de genocídio, em fevereiro e março deste ano. Para preservar a própria vida, os cristãos tiveram que fugir, deixando suas casas e tudo o mais para trás. Agora vivem como refugiados em seu próprio país, em acampamentos de deslocados internos.
Esse pai que perdeu a filha fazia parte do grupo de 15 sobreviventes dos ataques em Kajuru que foram atendidos no Centro Shalom, mantido pela Portas Abertas. Lá, eles participaram de um período de aconselhamento pós-trauma por vários dias, onde puderam expressar suas angústias, ser ouvidos e apoiados. Como hoje moram em um acampamento para deslocados internos, estar em um lugar com cama e comida já foi de grande alívio. No dia de voltar para o acampamento, eles diziam: “Como nós queríamos ficar aqui mais tempo”.
Para multiplicar o efeito da cura
O Centro Shalom, inaugurado em 1 de março deste ano, é um lugar onde cristãos que enfrentaram vários tipos de traumas podem receber cuidado prolongado e encontrar paz. Um dos períodos de aconselhamento focou em mulheres. Dessa vez, eram 15 cristãs de quatro estados e sete denominações. Muitas disseram que haviam perdido toda a esperança. Quando chegaram, eram quietas e reservadas, mas depois que passaram pelas sessões, tudo mudou. Toda noite, elas cantavam e dançavam por cerca de uma hora antes de dormir.
Em abril, foi realizado um aconselhamento pós-trauma para pastores e líderes de igrejas. O objetivo era conscientizá-los de seus próprios traumas, ser curados e equipados para ajudar outros em suas comunidades. Peter (pseudônimo) é um dos pastores do grupo. No final do curso, ele declarou: “O treinamento é excepcional; não é meramente acadêmico, mas experiencial e se aprofunda na dor interior da alma e do espírito humano, como Deus vê.
Consegui entender como o trauma afetou diferentes áreas da minha vida. De repente, vi as Escrituras sob nova luz, indicando claramente como Deus compreende minha dor e fraqueza. Ele entende e oferece esperança e cura”.
No Centro Shalom, há dez quartos, salas para aconselhamento, cozinha e sala de jantar. Conta com cinco colaboradores: uma cozinheira, três seguranças e um conselheiro. Eles são ajudados por voluntários, que também aconselham e são responsáveis pela manutenção e andamento do centro. Tudo isso para que o centro seja um lugar de cura, onde todos recebam cuidado emocional e todo o necessário para uma estadia agradável.
(Com Portas Abertas)